Pernambucano é quem mais consome refrigerantes e ultraprocessados no NE - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Pernambucano é quem mais consome refrigerantes e ultraprocessados no NE

Rafael Dantas

Os pernambucanos são os maiores consumidores de refrigerantes e alimentos ultraprocessados do Nordeste e mantém uma rotina de  atividades físicas no lazer abaixo da média nacional. Entre as doenças crônicas não-transmissíveis que atingem os habitantes do estado, a mais comum é a hipertensão. Essas são algumas das informações que constam no quarto volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019: Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. O levantamento foi realizado pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, entre 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020.

Em 2019, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), Pernambuco tinha 4 milhões e 191 mil pessoas com 18 anos ou mais de idade e 59% avaliaram a própria saúde como boa ou muito boa, proporção abaixo da média nacional, que foi de 66,1%. Este também foi o oitavo percentual mais baixo do País, mas, ainda assim, o estado está acima da Região Nordeste, com 56,7%.

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Entre os homens, 65,2% classificaram sua saúde como boa ou muito boa, contra 54,1% das mulheres. Além disso, pouco menos da metade (45,8%) das pessoas sem instrução e com o fundamental incompleto avaliaram sua saúde dessa forma, frente a 75,2% dos pernambucanos com ensino superior completo. Das pessoas autodeclaradas negras, 51,9% alegaram ter boas condições de saúde, contra 62,8% dos brancos e 58,3% dos pardos.

Já no Recife, o percentual de pessoas que julgam sua própria saúde como boa ou muito boa foi maior do que a média estadual, chegando a 62,8%. No entanto, este é o quarto pior resultado do Brasil entre as capitais, em empate com Teresina e à frente apenas de São Luís, Maceió e Macapá. A média das capitais foi de 71,1%.

Em Pernambuco, 9,8% das pessoas consumiam ao menos 25 porções de frutas e hortaliças, incluindo sucos, por semana, taxa acima da média nordestina (9%), mas abaixo da média nacional, de 13%. A frequência de mulheres (11,3%) com esse padrão de consumo, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), era maior que a dos homens (8%).

O consumo de frutas aumenta com a idade e com o grau de escolaridade. Enquanto entre as pessoas de 18 a 24 anos de idade 7,7% tinham o consumo recomendado, para as pessoas de 60 anos ou mais de idade, o percentual foi de 13,3%. O maior percentual registrado foi entre as pessoas com ensino superior completo (17,9%), contra 7,7% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto.

O feijão, por outro lado, é mais popular entre os pernambucanos: 72,9% o consomem regularmente, ou seja, cinco ou mais dias por semana. Entre os homens, o percentual era ainda maior: 79,4%, contra 67,6% entre as mulheres. No Recife, a proporção é inferior: 56,7%. Quanto ao consumo de peixes, 58,2% de pernambucanos o fazem ao menos uma vez por semana.

Pernambuco é o estado do Nordeste onde há maior consumo de refrigerantes: 7,3% da população tomavam a bebida cinco ou mais vezes por semana, contra 5,2% da média regional. No Brasil, o índice é ainda mais alto: 9,2%. Já os sucos de caixinha, em lata ou em pó são utilizados por 6,8% da população, mesma média da região.

No Nordeste, os pernambucanos são os que mais comem alimentos ultraprocessados. Esse hábito alimentar não recomendado é adotado por 11,9% da população, contra 8,8% da média regional. O percentual sobre entre os jovens de 18 a 24 anos é de 23%. Além disso, 10,7% dos habitantes de PE relataram consumo excessivo de sal.

Outro hábito de alimentação pesquisado pela PNS e considerado não saudável é o consumo regular de alimentos doces, como bolos, tortas, chocolates, gelatinas, balas, biscoitos ou bolachas recheadas em cinco dias ou mais na semana. No estado, 13,9% dos habitantes se enquadravam nessa situação, acima da média nordestina (11,8%), mas abaixo do Brasil (14,8%).

Quanto mais jovem a faixa de idade, maior a compra de guloseimas: 24,5% dos pernambucanos de 18 a 24 anos comiam frequentemente ao menos um desses produtos, contra 9,6% dos idosos. O Recife, por sua vez, é a terceira capital brasileira com os maiores índices (18,8%), atrás apenas de Porto Alegre e São Paulo.

 

Pernambuco é um dos estados cujos habitantes praticam menos atividade física no lazer

A prática do nível recomendado de atividade física no lazer foi informada por 27,5% dos adultos pernambucanos, sendo 31,1% dos homens e 24,5% das mulheres. É o segundo pior índice do Nordeste e o sexto mais baixo do país. Esse indicador tende a crescer com o nível de instrução e a diminuir para as idades mais elevadas. Já a proporção de pessoas insuficientemente ativas, que não praticaram atividade física ou se exercitaram por menos de 150 minutos por semana, chegou a quase metade da população (46,3%) e foi a quarta maior média do país.
Indivíduos fisicamente ativos no trabalho são aqueles que andam a pé, fazem faxina pesada, carregam peso ou fazem esforço físico intenso, durante 150 minutos ou mais na semana. No estado, 38,2% dos adultos estavam nessa condição, sexta menor porcentagem do Brasil.

Por outro lado, Pernambuco fica em 8º lugar no país quando se considera a atividade física no deslocamento para atividades habituais, como trabalho, escola ou curso. Segundo a pesquisa, 31,8% dos habitantes do estado chegam até esses lugares de bicicleta ou caminhando, por pelo menos 30 minutos diários. O percentual é praticamente o mesmo entre homens e mulheres.

Quando se trata da realização específica de esforço físico nas atividades domésticas, 15,1% dos pernambucanos são fisicamente ativos, a nona maior proporção do país, mas a porcentagem muda de acordo com o gênero, com maior predominância de mulheres (19,7%) do que homens (9,3%).

19,1% dos pernambucanos ingerem bebidas alcóolicas ao menos uma vez por semana

Na população pernambucana com 18 anos ou mais de idade, 22,2% costumam consumir bebida alcóolica ao menos uma vez por mês e 19,1%, no mínimo uma vez por semana, abaixo da média nacional, de 26,4%. No Recife, esses percentuais crescem para 34,2% e 28,5%, respectivamente. O consumo abusivo de álcool no mês anterior ficou em 15,5% da população, mas foi maior entre homens (24,8%) do que entre mulheres (7,9%).

A pesquisa também investigou se as pessoas com 18 anos ou mais de idade que conduziram carro ou motocicleta ingeriram bebidas alcoólicas logo antes de dirigir em ao menos uma 19,1% dos pernambucanos ingerem bebidas alcóolicas ao menos uma vez por semana

Na população pernambucana com 18 anos ou mais de idade, 22,2% costumam consumir bebida alcóolica ao menos uma vez por mês e 19,1%, no mínimo uma vez por semana, abaixo da média nacional, de 26,4%. No Recife, esses percentuais crescem para 34,2% e 28,5%, respectivamente. O consumo abusivo de álcool no mês anterior ficou em 15,5% da população, mas foi maior entre homens (24,8%) do que entre mulheres (7,9%).

A pesquisa também investigou se as pessoas com 18 anos ou mais de idade que conduziram carro ou motocicleta ingeriram bebidas alcoólicas logo antes de dirigir em ao menos uma
ocasião no período de referência. Entre os pernambucanos, 14,6% consumiram bebida alcóolica e dirigiram em seguida, o quinto menor percentual do país e o menor do Nordeste.

 

Recife é a capital do Norte e Nordeste com maior proporção de pessoas que fumam todos os dias

A PNS 2019 estimou que 11,3% da população pernambucana, ou 800 mil pessoas, consumiam algum produto derivado do tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou ocasional. O levantamento detectou também que 715 mil pernambucanos com mais de 18 anos, ou 10,1% do total, fumavam diariamente, sendo 13,2% homens e 7,5%, mulheres. A média de consumo é de 11,2 cigarros por dia. Além disso, de acordo com a pesquisa, 9,5% dos adultos pernambucanos e 12,9% dos recifenses com mais de 18 anos fumavam cigarros industrializados, o maior percentual do Norte e Nordeste em ambos os casos.

A proporção de pessoas que fumam todos os dias é ainda maior no Recife, com 11,6%, a maior proporção das capitais do Norte/Nordeste e o quinto maior montante das capitais brasileiras. A média é de 14,2 cigarros por dia, atrás apenas do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Pernambuco tem, ainda, 23,8% de adultos ex-fumantes e 48,2% de fumantes que tentaram abandonar o cigarro nos 12 meses anteriores à pesquisa. Entre os que tentaram parar de fumar, 16,2% procuraram o aconselhamento de um profissional de saúde.

Nos domicílios, 10,1% dos não-fumantes pernambucanos estavam expostos à fumaça de tabaco. As mulheres não-fumantes estavam mais expostas (10,8%) do que os homens (9,1%). Já entre os não-fumantes que trabalhavam em ambientes fechados, 8,8% estavam expostos ao fumo passivo, os homens (9,9%) mais do que as mulheres (7,8%).

Pernambuco e Recife têm mais pessoas com sintomas de angina que a média nacional

A prevalência de pessoas com angina foi outro tema investigado pela PNS 2019. A angina pode ocorrer no grau 1 (dor ou desconforto no peito ao subir ladeiras, um lance de escadas ou ao caminhar rápido no plano) ou no grau 2 (dor ou desconforto no peito ao caminhar em lugar plano em velocidade normal).

Em Pernambuco, a incidência de angina no grau 1 foi de 11,3%, o quinto percentual mais baixo do país. A situação muda quando se considera o grau 2: o resultado do estado foi de 5%, o oitavo mais alto do país, empatado com Santa Catarina, e acima da média nacional, de 4,5%. O Recife registrou 11,2% da população maior de 18 anos com angina no grau 1; no grau 2, alcançou, com 4,9% o maior percentual entre as capitais nordestinas e o sexto maior índice do país.

Hipertensão e problemas de coluna são as doenças crônicas não-transmissíveis mais comuns em Pernambuco

Segundo a PNS, a doença crônica não-transmissível mais comum é a hipertensão arterial, que atinge 23,4% dos habitantes do estado, o que equivale a 1,6 milhão de pessoas. Mais mulheres (27,5%) sofrem com esse mal do que os homens (18,4%). Essa prevalência cresce com a idade, indo de 2,7% no grupo de 18 a 29 anos até 59,8% no grupo com 75 anos ou mais. No Recife, 25,7% dos adultos têm pressão alta.

Do total de hipertensos, 71% afirmaram ter recebido assistência médica nos 12 meses anteriores ao período de referência da pesquisa, com maior proporção entre as mulheres (73,5%) em comparação aos homens (66,3%). Das pessoas diagnosticadas com hipertensão em Pernambuco, 15,4% foram internadas por conta da hipertensão ou por alguma complicação decorrente da doença.
As doenças cardiovasculares são as que mais matam no Brasil e, em Pernambuco, 4,1% da população foi diagnosticada com alguma enfermidade no coração. O diagnóstico de AVC, por sua vez, foi recebido por 2% dos pernambucanos, mesmo número da média nacional. Já o colesterol alto foi detectado em 906 mil pernambucanos de 18 anos ou mais. A proporção entre as mulheres (16,6%) foi quase o dobro da registrada entre os homens (8,6%) e também foi mais alta nas faixas de maior idade: 31% das pessoas de 60 a 64 anos de idade e 29,7% entre as pessoas de 75 anos ou mais.

Cerca de 1,2 milhão dos pernambucanos de 18 anos ou mais de idade, o que equivale a 17,2% da população do estado, tinham problema crônico de coluna em Pernambuco, o segundo maior índice entre as doenças persistentes, atrás apenas da hipertensão arterial. Entre outros problemas nos ossos, ligamentos, nervos e articulações pesquisados pela PNS, 5,9% dos pernambucanos sofriam de artrite e 1,4% eram acometidos de Distúrbio Osteomolecular Relacionado ao Trabalho (DORT).

Em 2019, 500 mil pessoas com 18 anos ou mais, ou 7,1% dos adultos, receberam diagnóstico de diabetes, e a maior incidência era entre as mulheres, com 8,1% contra 5,7% dos homens. Nos grupos de idade, o percentual variou de 0,2% para aqueles de 18 a 29 anos até 22,3% para o grupo com 65 a 74 anos, no qual houve a maior proporção da doença. Entre os diabéticos, 76,7% receberam assistência médica para controlar esse problema de saúde.

A incidência de depressão e outras doenças mentais entre os pernambucanos também foi investigada pela PNS. Segundo a pesquisa, 6,8% dos habitantes adultos do estado foram diagnosticados com depressão, cuja prevalência foi mais de quatro vezes maior entre mulheres (10,2%) do que entre os homens (2,5%). A faixa etária de 60 a 64 anos é a mais atingida pelo mal, com índices que chegam a 9,9%. A doença também acomete 10,2% dos recifenses acima de 18 anos.

Entre as pessoas cuja depressão foi identificada por um profissional de saúde, 55,5% receberam assistência médica, 54,9% usavam medicamentos e 17,8% faziam psicoterapia. Por sua vez, 5,5% da população do estado foi diagnosticada com outra doença mental, como esquizofrenia, transtorno bipolar, psicose ou TOC.

Ainda de acordo com a PNS 2019, 333 mil pessoas, ou 4,7% da população de 18 anos ou mais de idade em Pernambuco, foram diagnosticadas com asma ou bronquite asmática. Do total de pessoas com esse diagnóstico, 42,8% tiveram alguma crise da doença nos 12 meses anteriores à pesquisa.

De acordo com a PNS, 1,6% dos pernambucanos, ou 111 mil pessoas, já teve algum diagnóstico médico de câncer na vida, com maior incidência entre as pessoas de 70 anos ou mais (9,1%) e quem tinha superior completo (2,9%). A porcentagem de pernambucanos com insuficiência renal crônica era a mesma da observada entre quem teve câncer (1,6%).

Saúde bucal: quase 10% dos pernambucanos adultos perderam todos os dentes

Em 2013, 65% das pessoas com 18 anos ou mais de idade, ou 4,6 milhões de pernambucanos, avaliaram a sua saúde bucal como boa ou muito boa. O percentual é quase idêntico ao do Recife: 65,9%. Em Pernambuco, das 3,1 milhão de pessoas que procuraram por atendimento dentário ao longo de 2019, aproximadamente 2 milhões, ou 64,4%, frequentou consultório particular, clínica privada, hospital ou ambulatório privado. As Unidades Básicas de Saúde foram responsáveis por 26,4% dos atendimentos.

Entre os pernambucanos adultos, 9,5% haviam perdido todos os dentes, o que corresponde a 678 mil pessoas, sendo esse percentual maior entre as mulheres (11,4%) do que entre os homens (7,3%). A situação atinge um terço (33,4%) dos idosos do estado e 19,1% das pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto com mais de 18 anos. No Recife, a porcentagem de pessoas que perderam todos os dentes foi inferior, chegando a 4,5% da população, abaixo da média brasileira, de 8,9%. O uso de prótese dentária foi registrado por 27,7% da população masculina com 18 anos ou mais de idade, e por 38,8% das mulheres. Considerados os dois sexos, a média pernambucana é de 33,9%.

O quarto volume da PNS também pesquisou os hábitos de higiene bucal dos pernambucanos, dos quais 91,7% escovam os dentes ao menos duas vezes ao dia. O percentual sobre para 94,3% no Recife. No entanto, a proporção de habitantes do estado que trocam de escova de dentes em até três meses, período recomendado pelos dentistas, cai a 49,9%. A taxa de pessoas que usavam, além da escova de dente, pasta de dente e fio dental é menor ainda: 47,5%.

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