Se o Pernambuco sofre com a crise nacional, também se beneficia com o reaquecimento econômico que já começa a ser percebido. Neste ano, o PIB pernambucano deverá crescer 2%, de acordo com números da Agência Condepe/Fidem. O desempenho é mais que o dobro do alcançado pelo País. “Pernambuco vai retomar seu desempenho econômico, provavelmente, em patamares maiores que o restante do País”. Essa é a perspectiva do consultor Francisco Cunha, considerando o volume de investimentos acima da média nacional que o Estado recebeu antes da recessão.
A análise é similar à do vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Raul Henry. Ele destacou, no lançamento do Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia (Iperid), o desdobramento de diversos investimentos em segmentos produtivos estratégicos que desembarcaram no Estado na última década e que estavam paralisados durante a recessão. “O Nordeste sofreu mais com a crise do que o restante do País, porque é uma região que depende muito do investimento público e do consumo das famílias, que sofreram muito nos últimos anos. Para completar, tivemos a maior seca da história e a desmobilização do canteiro de obras de Suape. Mas, apesar disso, estamos saindo da maior crise da nossa história de forma mais rápida que o Brasil”, afirma Henry.
O Porto de Suape tende a destravar algumas obras para aumentar o seu desempenho. O vice-governador destacou a expectativa de acontecer em breve a devolução da autonomia do porto, que dará ao Estado mais agilidade e eficiência na gestão dos contratos. A licitação do novo terminal de contêineres (Tecon II), do novo terminal de veículos (que ampliará a capacidade de operar com 250 mil veículos por ano, frente aos 50 mil atuais), o terminal de minérios e a ampliação do terminal de grãos estão entre os investimentos a serem realizados no terminal. “Mesmo em meio à crise, o volume geral de cargas de Suape cresceu em 5% ao ano”, salienta o vice-governador.
A recém-anunciada concessão do Aeroporto Internacional Guararapes/Gilberto Freyre também tende a dinamizar a economia local. “Esse já é o melhor aeroporto do Nordeste, com a concessão receberemos investimentos complementares para torná-lo mais competitivo e consolidá-lo enquanto hub regional”, vislumbra.
O vice-governador destacou ainda boas perspectivas para o futuro dos polos naval, petroquímico, frutivinicultor, de energias renováveis e farmacoquímico, ressaltando investimentos em curso em cada um deles. “A Fábrica da Aché, por exemplo, é o maior investimento privado no Brasil, neste ano, com R$ 500 milhões. A produção de energia eólica e solar é outro setor que Pernambuco está apostando, que já possui um conjunto de empresas que produzem equipamentos para essa cadeia e estamos trabalhando para trazer novas indústrias”, planeja Henry. Ele esteve recentemente na Ásia negociando com empresas chinesas e coreanas para aportarem investimentos no Estado no polo de energias renováveis.
Entre os fatores recentes da economia nacional que tendem a beneficiar o Estado, Ecio Costa, economista da CEDES, destaca a vigência da nova lei trabalhista e a redução da taxa de juros, que pode chegar em 2018 a 6,75% ou até a 6,5%. “Com as novas regras, Pernambuco terá um maior ganho com a formalização do emprego. Nossa estimativa é que o setor de serviços, que representa mais de 70% do PIB pernambucano, seja muito beneficiado com essa reforma. A redução da taxa de juros é outro fator importante, pois estimula o consumidor, com o acesso ao crédito mais barato, e também os investidores. Em geral, o Banco do Nordeste acompanha essas mudanças, o que aumenta o fomento de novos negócios na região”, avalia.
Um ponto que pode interferir na performance do Estado em 2018 são as eleições. “Se não houver um alinhamento entre o Governo do Estado e o Governo Federal, Pernambuco pode ser prejudicado e as perspectivas de alguns setores que dependem mais de decisões nacionais podem ser negativas”, afirma Ecio.
*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)
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