O setor sucroenergético é um dos gigantes do campo pernambucano. Histórico e distribuído princialmente na zona da mata, as empresas que produzem açúcar, etanol, energia da biomassa e outros produtos derivados da cana-de-açúcar tiveram um ano de 2020 positivo, apesar da pandemia. As exportações e o aumento de consumo impulsionado pelo isolamento social foram alguns dos motores do desempenho deste ano. Conversamos com o presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha, para fazer um balanço deste ano e apontar as novidades que fortaleceram o mercado. Ele foi um dos entrevistados da edição de capa desta semana da Revista Algomais.
Apesar do abalo na economia brasileira em 2020, o setor agrário de modo geral teve indicadores positivos. Como você avalia o desempenho do setor sucroenergético em 2020? Quais as razões que impulsionaram o setor?
O setor passou por altos e baixos, com muitas retrações de consumo no início da pandemia, notadamente no período “março, abril e maio”. Contudo, por integrar a economia denominada de “essencial”, o fluxo de vendas do açúcar voltou a dar sinais de vida, mesmo com o isolamento social,quando as pessoas passaram a consumir mais alimentos, carboidratos, sobremesas, sorvetes, refrigerantes, iogurtes, doces, bolos, etc.
No entanto esse fenomeno só veio a ocorrer de forma mais intensa a partir de agosto e setembro, quando, também, a taxa do dólar subiu de R$ 5 reais para cerca de R$ 5,40, o que recuperou ainda as exportações de açúcar, situação associada ao fato da commodity nas bolsas ter se elevado de US$ 270 por ton para níveis próximos de US$ 300, balanceando os fluxos das empresas que sofreram e sofrem com as contrações no consumo do etanol.
O câmbio reduzido contribuiu para os segmentos da economia com experiência em exportação. Como foi a exportação das empresas sucroenergéticas neste ano?
Na safra atual 20/21, deveremos exportar cerca de 45% da produção de açúcar, ou, em torno das 440.000 tons .O contingente é superior ao volume 330.000 tons da safra passada -19/20. As exportações nesse atual ciclo serão de 300 mil tons de açúcar refinado ensacado, destinadas, sobretudo, ao norte da África (Argélia e Tunísia), Turquia e Oriente Médio, assim como; 140.000 tons do açúcar VHP-Very High Polarisation com destino às cotas preferenciais que, anualmente, enviamos para os EUA e Europa.
Quais são as perspectivas para 2021? É de novo crescimento?
Esperávamos superar as 13 milhões de tons de cana a serem esmagadas nessa safra 20/21, mas deveremos repetir os mesmos patamares da safra 19/20, com 12,5 milhões de tons, ou,um pouco mais,posto que os meses de outubro e novembro deixaram a desejar para uma adequada sustentação hídrica nos canaviais. Ainda é cedo para as projeções da safra 21/22, posto que ainda estamos no curso da colheita da safra atual, não tendo os cronogramas de colheita atingindo a 60% da safra prevista.
Houve algum avanço tecnológico no setor em 2020 que você avalia como relevante para a competitividade das empresas sucroenergéticas pernambucanas?
As empresas têm focado em irrigação, assim como, com vistas a avanços em pesquisas e práticas de plantio em “Agricultura Biológica e Sustentável”, objetivando técnicas de plantio com melhor produtividade em fertilidade e microbiologia do sólo. São as práticas 4.0 em inovação de uma Agricultura Multifuncional, transdisciplinar e com pesquisas de base Biológica.