Pernambuco Firma Convênio Inédito Contra O Racismo Ambiental Na COP30 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
Pernambuco firma convênio inédito contra o racismo ambiental na COP30

Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), Pernambuco protagonizou um marco nacional ao assinar um convênio inédito de enfrentamento ao racismo ambiental. O acordo foi firmado entre o Governo do Estado, a Universidade de Pernambuco (UPE), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Rede de Governança para o Enfrentamento ao Racismo Ambiental (GERA), com o objetivo de institucionalizar o PerifaClima, iniciativa que une poder público, academia e movimentos sociais na promoção de adaptação justa e inovação tecnológica nas periferias.

PerifaClima: modelo pioneiro de governança climática de base

Com investimento superior a R$ 2 milhões, o convênio prevê ações de monitoramento climático participativo e de fortalecimento da inovação socioambiental nas comunidades da Região Metropolitana do Recife. Trata-se do primeiro acordo estadual brasileiro voltado ao enfrentamento do racismo ambiental com base comunitária, integrando tecnologia social, pesquisa e políticas públicas. O modelo, apoiado pela Open Society Foundations, surge a partir das experiências exitosas da Rede GERA em mutirões de escuta comunitária, hortas e cozinhas solidárias e mapeamentos participativos de áreas de risco.

Dados do IBGE e do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indicam que 47% dos domicílios do Recife estão em áreas de risco, e as chuvas de 2022 deixaram mais de 120 mortos. Esses números reforçam a urgência de políticas climáticas inclusivas e de base, como as propostas pelo PerifaClima. “O projeto consolida Pernambuco como um epicentro de inovação popular em justiça climática”, destacou a coordenação da Rede GERA.

Periferias no centro da justiça climática

“A justiça climática só existe quando o investimento chega à base e o conhecimento das comunidades é reconhecido como tecnologia.”

A afirmação de Joice Paixão, presidente do Gris Solidário e coordenadora territorial da Rede GERA, resume o espírito do convênio. A delegação pernambucana levou à COP30 exemplos concretos de adaptação climática, como a startup Ih, Alagou, criada por jovens periféricos, que desenvolveu sensores de monitoramento de alagamentos e deslizamentos implantados em Olinda. Também foram apresentadas tecnologias da UFPE premiadas pelo programa Periferia Viva do Ministério das Cidades, integrando mapeamento de risco e prevenção de desastres com mobilização comunitária.

“Um projeto que é transformador e que não nasce no nada. Temos uma secretaria voltada à periferia, projeto habitacional e investimentos urbanísticos. Sabemos que a periferia sempre sofreu mais, precisa ser mais ouvida, precisa de mais investimento e é isso que quero poder garantir.”

As palavras da governadora Raquel Lyra reforçam o compromisso de Pernambuco em colocar a periferia no centro das políticas públicas de adaptação e resiliência urbana. A presença da Open Society Foundations no evento sinaliza ainda o papel crescente da cooperação internacional na ampliação de soluções lideradas pela base social. “Investir nas periferias é investir na democracia climática”, ressaltou Sylvia Siqueira, gerente de programas da instituição.

Impacto e perspectivas

Desde 2023, a Rede GERA vem capacitando mulheres e jovens periféricos em letramento climático popular, aliando ciência, saberes ancestrais e política do cuidado. Com o convênio PerifaClima, o estado dá um passo decisivo rumo à construção de uma governança climática participativa, reconhecendo as comunidades como protagonistas da transformação ambiental e social. A iniciativa deve inspirar novas políticas públicas no Nordeste e fortalecer o protagonismo das periferias na agenda global de justiça climática.

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