A primeira santa pernambucana, reconhecida pelo Vaticano, pode ser Irmã Adélia. O processo de beatificação e canonização já foi aberto na Congregação para a Causa dos Santos da Santa Sé. Três requisitos são necessários para a homologação da candidatura: a fama de santidade, o exercício das virtudes cristãs e a ausência de obstáculos insuperáveis contra a canonização. Para alguém ser reconhecido santo, existe um longo processo e é necessária a comprovação de dois milagres.
Maria da Luz Teixeira de Carvalho nasceu em Pesqueira, no dia 16 de dezembro de 1922 e ficou conhecida ao presenciar as aparições de Nossa Senhora, na Sítio Guarda, em Cimbres, distrito de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco. Recebeu o nome de Irmã Adélia ao entrar para o Instituto das Religiosas da Instrução Cristã (RIC) e virar freira. Ela faleceu há seis anos, no dia 13 de outubro de 2013, com 90 anos de idade.
Antes de seguir para o Vaticano, o processo de beatificação e canonização foi aprovado pelos bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Além de ter presenciado as aparições de Nossa Senhora, Irmã Adélia se destacou por sua missão incansável de ajudar o próximo e rezar pelos sacerdotes. As principais ações dela foram realizadas na Vila de Santa Luzia, na Torre. Foi responsável por fundar a Escola Nossa Senhora das Graças, unidade da Rede Damas Educacional, que oferece educação gratuita para crianças de quatro a seis anos de idade.
A primeira aparição de Nossa Senhora para Irmã Adélia ocorreu em 6 de agosto de 1936, no Sítio Guarda. Ela estava acompanhada da amiga Maria da Conceição e viram, no alto da serra, uma mulher muito bonita com uma criança nos braços. Com a mão desocupada, a moça chamou as meninas para se aproximarem. As duas subiram correndo e permaneceram com Ela por um tempo até voltarem para casa impressionadas, de acordo com relatos da época.
Quando chegaram à residência, contaram a história para os pais de Maria da Luz, Arthur Teixeira de Carvalho e Auta Monteiro de Carvalho. Inicialmente, os dois não acreditaram e Arthur foi com as meninas até o local da aparição, que era de difícil acesso. Chegando lá, as duas viram novamente a mulher. Sem conseguir enxergar e achando que era alucinação das garotas, o pai de Maria da Luz pediu que ela perguntasse para a moça quem era Ela e o que queria. “Eu sou a Graça”, respondeu. “Vim para avisar que hão de vir 3 castigos mandados por Deus. Diga ao povo que reze e faça penitência”, completou. Desde então, as duas não pararam de ver a imagem.
Não demorou muito para a história se espalhar e o local virar lugar de peregrinação e oração, o que ocorre até os dias atuais. Muitos foram os sinais da presença de Nossa Senhora e relatos de milagres. Por conta da perseguição que sofreram, o pai de Irmã Adélia inclusive chegou a ser preso, optaram pelo silêncio.
Só voltaram a falar novamente em 1985, quando Irmã Adélia resolveu reunir as religiosas da congregação para partilhar a experiência que teve com Nossa Senhora. Ela decidiu dar o testemunho porque estava com câncer, com metástase no fígado, e tinha pouco tempo de vida, de acordo com os médicos.
Passadas algumas semanas da revelação, Ir. Adélia foi com um grupo de Religiosas da Instrução Cristã para o local das aparições. Durante as orações, pediu que, se fosse da vontade da Mãe do Céu, que aquelas aparições fossem divulgadas, que Ela lhe desse, então, a cura. Foi o que ocorreu. Os novos exames realizados mostraram que não tinha mais câncer. Incansável em sua humildade e simplicidade, Ir. Adélia dedicou a vida para transmitir o Evangelho, ajudar os pobres e rezar pelos sacerdotes.
"Irmã Adélia é celebrada publicamente neste início de processo a caminho da sua canonização, ela que doou a sua vida pela causa dos desfavorecidos da nossa sociedade, esteve ao lado dos pobres nas realidades onde fez missões, em destaque a Vila Santa luzia, no Recife. Ela possui muitas virtudes semelhantes às da nossa fundadora, Madre Agathe Verhelle", destacou a superiora geral das Religiosas da Instrução Cristã, Irmã Eulália Maria.
MEMORIAL
O Memorial tem objetos, documentos, roupas e a história de Irmã Adélia. Ele ficará aberto de terça a sábado, das 14h às 18h, e domingo, das 8h às 12h. Um espaço também foi feito ao lado da Capela do Colégio Damas, com as relíquias mortais de irmã Adélia, um quadro com a foto dela, a imagem de Nossa Senhora da Graças, um velário e uma urna para orações.
(Do Instituto Religiosas da Instrução Cristã)