A Consulesa Geral da China Li Feiyue, em entrevista a Rafael Dantas, falou sobre o funcionamento da representação consular na capital pernambucana e acerca dos planos para a atuação no Estado.
Como têm sido as relações entre a China e o Brasil?
São dois países em desenvolvimento que têm um relacionamento como parceria estratégica global, boa cooperação e estão em ampliação de cooperação comercial em todos os setores. Nos últimos anos tem ocorrido também a ampliação dos investimentos chineses no País, principalmente nos setores de minas e energia, agricultura e infraestrutura.
Desses investimentos, como é a participação de Pernambuco e do Nordeste?
Pernambuco tem recebido investimentos, mas não sabemos as estatísticas. Entretanto, com certeza esse percentual é muito baixo. Apesar de ser menos desenvolvido, se comparado com outras regiões do Brasil, o Nordeste tem grandes recursos naturais e manteve um forte crescimento antes da crise brasileira. O Nordeste e Pernambuco, em especial, têm uma perspectiva brilhante.
A China tem apenas três consulados no Brasil. Por que Pernambuco foi escolhido?
A primeira razão é por causa da posição geográfica. Na história brasileira, Pernambuco foi uma janela de intercâmbio para o exterior. A outra razão é que há muitos cidadãos chineses aqui, morando e trabalhando. A comunidade chinesa do Nordeste é relativamente concentrada no Recife. A nossa jurisdição de atuação engloba oito Estados. O número da comunidade chinesa no Nordeste é de mais ou menos 10 mil pessoas. Só Pernambuco tem quase a metade.
Como tem sido a dinâmica do consulado atualmente?
Esperamos, através do nosso trabalho, ampliar a cooperação e o intercambio entre cidades e estados do Brasil e da China. Para além disso, esperamos ampliar intercâmbios entre os dois povos e promover o conhecimentos cultural entre os dois países. O consulado geral servirá como ponte para essa cooperação. O segundo ponto é que queremos fazer um trabalho para promover Pernambuco e atrair as empresas chinesas para investirem no Estado, com apresentação das oportunidades locais, aproveitando a política do governo de procurar melhorar o ambiente de atração dos investimentos.
A atuação de vocês já têm resultado na vinda de empresários para conhecer o Recife e o Estado?
Algumas empresas já prospectaram em Pernambuco. Por exemplo, nos últimos dias recebemos uma empresa chinesa de imóveis para explorar negócios perto de Caruaru. Eles têm interesse e estão em fase de negociação.
Que setores vocês identificam com potencial de investimentos para Pernambuco?
Em 2015, o primeiro ministro chinês Li Keqiang visitou o Brasil e assinou um acordo de cooperação em infraestrutura e em capacidades produtivas. Essa é nossa prioridade agora. Sabemos que o Brasil precisa de infraestrutura e temos empresas que podem oferecer sua experiência no desenvolvimento de projetos portuários, ferrovias, rodovias, entre outros.
Alguma ação cultural planejada para promoção da cultura chinesa aqui?
Também temos essa ideia de promoção cultural. O Instituto Confúcio, por exemplo, é uma plataforma para intercambio cultural entre os dois países. No futuro gostaríamos de promover intercâmbio entre universidades daqui e da China. Outro projeto é organizar uma exposição de imagens, de fotografias chinesas.