Conversamos na entrevista de hoje da Coluna Gente & Negócios com Edmilton Ribeiro. Ele é despachante aduaneiro federal e consultor internacional com formação em Comércio Exterior. Atualmente Edmilton é o CEO da Ribeiro Aduaneiro e Consultoria Internacional e atua também como diretor executivo da Mundial Serviços Aduaneiros, além de ser também delegado e diretor de comunicação da Associação dos Despachantes Aduaneiros do Brasil. Ele fala nesta entrevista sobre a experiência de sua empresa na pandemia e sobre o potencial pernambucano no segmento de comércio exterior.
Como a sua família entrou nesse segmento de mercado que é tão especializado?
A minha família entrou no ramo de despacho aduaneiro através do meu avô, Sr. Humberto Nicolino. Ele foi despachante lá no Porto de Salvador, na Bahia. E naquela época, o despachante da bandeira era nomeado pelo Presidente da República, ao qual o meu avô foi submetido, teve, inclusive, essa honra. E depois disso, na minha família, a minha tia, Ana Nascimento, se tornou despachante através do meu avô. Em seguida foi minha mãe, Ângela Maria Nascimento. Alguns primos também já trabalharam no segmento. E eu segui a sequência da minha mãe. Comecei a trabalhar com isso no ano 2000 e logo me apaixonei pelo comércio exterior e venho operando como despachante aduaneiro, da forma mais completa de poder operar dentro das aduanas.
Como a pandemia afetou a sua empresa em 2020?
A pandemia veio exatamente em um momento que a gente estava numa crescente. A Ribeira Aduaneiro começou em 2018 e passamos por um ano muito difícil, como todo negócio para começa. Em 2019, a gente já tava com um crescimento consolidado. Chegou 2020, estávamos cheios de de expectativas de crescimento, alugamos uma nova sala, bem organizada, a equipe estava crescendo e em fevereiro veio a notícia da pandemia. Começamos a trabalhar no regime de home office. Como a minha empresa já era bem moderna, habituada a trabalhar nas plataformas digitais, em compartilhamento de arquivos e acompanhamento de processos, então a gente não sentiu muito para migrar para o trabalho de home office. Em 2018, na verdade, eu comecei trabalhando de home office. Então, foi muito tranquila essa transição. Como a gente já vinha de uma crescente, mesmo com a pandemia, como eu aproveitei esse momento para estudar mais sobre marketing digital e investir em divulgação e marketing. Dessa forma, aconteceu que a empresa continuou crescendo bastante mesmo em 2020.
Hoje temos ainda uma quantidade pequena de empresas em Pernambuco que exportam. Qual a razão disso?
Hoje em dia Pernambuco é um hub portuário e aeroportuário de importação. Tradicionalmente, ele tem esse perfil muito mais importador do que exportador. Ao que se justifica isso? Primeiro pela própria dinâmica do estado de empreendedorismo e comercialização. Muitos empresários daqui costumam ir comprar para revender. E a indústria importa bastante insumos também, inclusive na parte de granéis líquidos. E também pelo alto custo de se exportar aqui pelo Porto de Suape, é um dos portos mais caros que existe. Então as demandas de exportação de frutas, da produção do agronegócio, por exemplo, acabam indo parar no Porto de Salvador ou no Porto de Pecém. Tanto pela questão do custo de operação, como também pelas rotas. Os armadores preferem concentrar em alguns locais para ter uma rota direta, principalmente esses produtos que o Brasil exporta mais, que são da agricultura e precisam de prazos bem curtos.
Esse momento de crise econômica é mais desafiador para novas empresas buscarem o mercado internacional? Ou essa é a hora de apostar nisso?
Depende. O comércio exterior pode ser até uma solução a depender de qual o motivo daquela crise. Se, de repente, o mercado interno não tem demanda, o idela seria investir no mercado externo. E se tiver uma taxa de câmbio favorável, que é um outro fator importante, melhoram ainda as oportunidades para se exportar. E já no caso da importação, se tiver com a a taxa de câmbio muito baixa, aí já compensa realmente estar importando. As vezes pode acontecer no momento de crise que esteja faltando ofertas de produtos no mercado interno. Aí a solução é realmente importar para suprir essa demanda.
Que segmentos da economia pernambucana ainda não explorados pelo mercado internacional tem maior potencial na sua opinião?
O estado de Pernambuco tem um grande potencial na produção da indústria têxtil, ou seja, vestuário. Então, é uma área que eu acho que poderia ser muito mais explorada. Aqui se consegue fabricar os produtos da linha da indústria têxtil, de vestuário em geral, com custo baixo. Como são vários pequenos produtores, de repente se formasse uma cooperativa conseguiria fazer uma grande indústria, com grande potencial para exportação, porque tem qualidade e tem preço.
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*Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente
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