Estudo da ABIPLA e ABRALIMP revela que setor clandestino movimenta bilhões e traz riscos à saúde pública e à economia
A informalidade segue sendo um dos principais desafios do mercado de limpeza no Brasil. De acordo com a 3ª edição da Pesquisa Nacional sobre a Informalidade em Produtos de Limpeza, divulgada pela ABIPLA e pela ABRALIMP, 14% dos produtos de limpeza domésticos e 20% dos utilizados em empresas são adquiridos em canais informais. O levantamento mostra que o consumo clandestino representa perdas bilionárias, precariza o setor e amplia riscos para a saúde da população.
No uso doméstico, a pesquisa estima que mais de R$ 5 bilhões sejam gastos anualmente em saneantes irregulares. A série histórica indica oscilações preocupantes: após cair de 22% em 2021 para 11% em 2024, a informalidade voltou a crescer em 2025, alcançando 14%. “Os produtos falsificados trazem ineficácia e uma falsa sensação de economia para a população. Além do risco direto à saúde, a informalidade gera concorrência desleal, precariza o mercado e impede a arrecadação de impostos que deveriam retornar às políticas públicas”, alerta Juliana Marra, presidente da ABIPLA.
Entre as empresas, o cenário é ainda mais delicado: 20% delas recorrem parcial ou exclusivamente a canais irregulares, sobretudo no Nordeste, onde a compra em caminhões de rua e feiras chega a 23%. A prática é mais comum em segmentos que lidam com sujidades difíceis, como resíduos industriais e desinfecção hospitalar. “Produtos ou serviços fora de conformidade aumentam riscos sanitários, comprometem contratos, prejudicam a concorrência leal e, sobretudo, colocam em risco a saúde e a segurança da população”, afirma Nathalia Tiemi Ueno, presidente da ABRALIMP.
O estudo também acendeu um alerta para o uso de misturas caseiras e produtos clandestinos em ambientes corporativos, responsáveis por intoxicações entre trabalhadores. Para especialistas e autoridades presentes no lançamento, combater a informalidade passa por três pilares: educação do consumidor, fiscalização inteligente e valorização da conformidade. A convergência entre órgãos reguladores, indústria e sociedade civil foi destacada como essencial para enfrentar um problema que vai além da ilegalidade: trata-se de uma questão de saúde pública.