(Da Abrasel)
Cresceu o número de estabelecimentos operando com prejuízo em Pernambuco. É o que revela a mais recente pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). De acordo com o levantamento sobre a situação econômica do setor de alimentação fora do lar, realizado com empresários pernambucanos entre os dias 16 e 27 de fevereiro, 23% das empresas registraram prejuízo em janeiro de 2023. Em dezembro do ano passado, o número era de 16%. No último mês, além dos estabelecimentos que notaram prejuízo, 37% trabalharam com estabilidade e 50% tiveram lucro. Para a Abrasel Nacional, a combinação de dívidas caras e o baixo retorno está colocando o setor de alimentação fora do domicílio em uma trajetória “explosiva”.
Acontece que 56% dos bares e restaurantes ouvidos revelam que não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação, que foi de 5,77% no período. 37% dos estabelecimentos fizeram reajustes abaixo do índice e 19% não conseguiram fazer reajuste algum. Outros 33% aumentaram os preços conforme a média e apenas 11% aumentaram os valores do cardápio acima do índice citado. “Quer dizer que mais da metade do setor está operando sem lucro”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel Nacional.
Chama atenção também o fato de que 66% das empresas têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 12% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 10% entre os que aderiram ao Pronampe, número acima da média nacional do programa, que é de 5,2%.
A pesquisa revela ainda que, em média, 8% do faturamento dos estabelecimentos que têm empréstimos está empenhado no pagamento das parcelas. Com isso, 25% dessas empresas têm entre 11% e 20% do faturamento empenhados. O que é um ponto de alerta.
“66% do nosso setor está com endividamento a saldar ainda da época da pandemia. As parcelas ficaram de 30% a 40% mais caras e correspondem, em média, a 8% do faturamento. Como um setor que tem uma previsão de lucro de aproximadamente 12% pode arcar com um compromisso assim? A situação é dificílima e já leva 23% a operar no prejuízo”, diz Tony Sousa, presidente da Abrasel em Pernambuco.
A pesquisa constatou que 24% dos bares e restaurantes registraram prejuízo em janeiro, o que representa um avanço de 4 pontos percentuais em relação ao resultado de dezembro. Outros 34% não tiveram lucro nem prejuízo e 43% tiveram lucro, queda de 4 pontos em relação à pesquisa anterior. Quando o assunto é emprego, 20% dos bares e restaurantes ouvidos revelam que aumentaram o quadro de funcionários em janeiro, na comparação com dezembro. Outros 16% dizem ter reduzido as equipes, enquanto 64% mantiveram o mesmo número de funcionários.
22% dos entrevistados dizem que esperam ter de aumentar o quadro de contratados ao longo de 2023.
Combate à violência contra a mulher
87% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres. Em detalhes: desse número, 14% já implantaram e 73% pretendem implantar em breve.
Outras medidas que têm ampla adesão são: o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio e/ou violência (91% implantaram ou pretendem implantar) e protocolos para acionamento imediato de autoridades (85% implantaram ou pretendem implantar).
Entre as medidas consideradas menos viáveis estão vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (48% acreditam não ser viável para o estabelecimento) e espaço físico reservado para o acolhimento da vítima (59% não vêem viabilidade na implantação da medida em seus estabelecimentos).
“Quanto ao combate à violência contra a mulher, o setor apoia maciçamente. Quase 90% dos estabelecimentos já estão implantando ou implantaram medidas, que estão sendo intensificadas com ações da Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife e com a lei municipal publicada ano passado”, explica Tony.