Pesquisa da Fecomércio Pernambuco revela que a maioria dos alunos começou a treinar após 2020 e que cresce a presença de mulheres e pessoas acima dos 50 anos
O mercado de academias em Pernambuco vive um momento de expansão e diversificação, impulsionado pela crescente valorização da saúde, do bem-estar e da estética corporal. É o que mostra a pesquisa especial realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) em parceria com o Sebrae-PE, com apoio do Cref-PE, do Sincad-PE e da Acad Brasil. O estudo ouviu mil pessoas no estado, entre usuários e não usuários de academias, e reuniu também as percepções de empresários e gestores do segmento, apontando mudanças significativas no comportamento dos consumidores e nos modelos de negócio do setor.

De acordo com o levantamento, dois terços dos atuais frequentadores começaram a praticar atividades em academias entre 2020 e 2025, com destaque para o aumento de novos alunos nos últimos dois anos. O movimento reflete a consolidação de hábitos adquiridos no pós-pandemia, a ampliação da oferta de academias com modelos acessíveis e a popularização de programas corporativos voltados ao bem-estar dos colaboradores. A pesquisa demonstra ainda um aumento de mulheres e pessoas com mais de 50 anos nesse universo. Entre os usuários 50+, 15,2% iniciaram recentemente as atividades, enquanto outros 38,6% frequentam academias desde antes de 2020, um público que valoriza especialmente a manutenção da mobilidade e a prevenção de doenças crônicas. Já entre os jovens de 18 a 29 anos, 75% começaram a frequentar academias nos últimos cinco anos, configurando uma geração que busca modalidades variadas e experiências de treino mais digitais e interativas.
Motivações

As principais motivações para a prática incluem fortalecimento ou definição muscular (70,3%), emagrecimento (46,1%) e bem-estar mental (31%), sinalizando uma mudança na percepção do setor, que passa a ser visto não apenas como espaço de performance física, mas também de cuidado integral com a saúde. Outro dado relevante é que 44,9% dos usuários estão há até um ano na mesma academia, apontando para desafios de fidelização. A qualidade da estrutura física, a organização do espaço e o acolhimento dos profissionais aparecem como fatores mais valorizados pelos frequentadores, à frente até mesmo ao preço. A faixa de mensalidade considerada justa pela maioria dos entrevistados (58,1%) varia entre R$101 e R$200, reforçando que o diferencial competitivo está menos no valor cobrado e mais na experiência oferecida.
Redes sociais e suplementação

O estudo também revelou uma forte conexão entre o treino e o consumo de suplementos alimentares: 73,5% dos praticantes afirmam consumir produtos como creatina e whey protein, com um terço deles gastando mais de R$200 por mês. Além disso, metade dos usuários busca informações sobre saúde e atividade física nas redes sociais, evidenciando o papel estratégico das plataformas digitais na atração e retenção de clientes. Entre os não usuários, metade já frequentou academias anteriormente, sendo que 50% interromperam as atividades em 2024 ou 2025, indicando potencial de reengajamento. O levantamento evidencia também que 59,3% dos não usuários praticaram algum tipo de atividade física no último ano, especialmente caminhadas e corridas. Entre os inativos, 25% manifestam interesse em iniciar uma rotina em academias, mas o preço e a localização seguem como os principais fatores de decisão.
Setor em transformação

Do ponto de vista empresarial, o estudo destaca que o setor de academias em Pernambuco vem passando por transformações. Para os gestores ouvidos, houve um avanço na conscientização sobre os benefícios da atividade física e aumento da procura por modalidades como treinamento funcional, pilates, yoga, lutas e programas voltados ao público 50+. No entanto, o custo médio das mensalidades, que representa cerca de 10% do salário-mínimo, e a alta carga tributária ainda limitam o crescimento do setor. A expansão de grandes redes de academias de baixo custo também tem acirrado a concorrência, exigindo que os pequenos empreendedores busquem diferenciação por meio de nichos, atendimento personalizado e serviços integrados de saúde e bem-estar.
Tecnologia e inovação
O levantamento aponta ainda que as tendências tecnológicas devem transformar o segmento nos próximos anos. Ferramentas de inteligência artificial, aplicativos de treino, plataformas digitais e realidade aumentada são vistas pelos empresários como oportunidades de aprimorar a experiência dos clientes e ampliar o valor percebido pelos serviços. Para os especialistas, a integração entre tecnologia, personalização e acolhimento será determinante para fidelizar um público cada vez mais exigente e conectado.

“O estudo evidencia que o mercado de academias vive um processo de transformação profunda, impulsionado por novos perfis de consumidores e por tendências que unem tecnologia, bem-estar e saúde. O grande desafio dos empresários pernambucanos é acompanhar esse movimento e ajustar seus modelos de negócio a uma realidade mais inovadora e competitiva. Trata-se de um setor com enorme potencial de crescimento, capaz de gerar empregos, movimentar a economia e contribuir para uma sociedade mais saudável”, destaca Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio.