Estudo da UniFafire aponta que festas juninas seguem enraizadas na cultura local, com forte valorização de elementos tradicionais. Caruaru, na foto acima, é o principal destino para quem vai viajar
Mesmo diante das transformações sociais e culturais das últimas décadas, o São João continua sendo celebrado por 84% dos moradores da Região Metropolitana do Recife. A informação é de uma pesquisa inédita do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), que entrevistou 851 pessoas em diversas áreas da capital entre 29 de maio e 6 de junho. A maioria dos recifenses, segundo o estudo, opta por comemorar a data com a família, dentro de casa ou em eventos locais.
O levantamento revela que apenas 27,65% dos entrevistados planejam viajar no período junino, reforçando o caráter intimista e comunitário da festa. “O São João é tido como um momento de reunião familiar, de fortalecimentos de laços comunitários e de valorização das tradições regionais”, afirma o coordenador da pesquisa, João Paulo Nogueira. Entre os que pretendem viajar, Caruaru lidera com 27,25% das preferências, seguido por Gravatá (16,04%) e praias (7%). Cidades como Bezerros, Campina Grande e Arcoverde também foram mencionadas, embora com percentuais mais discretos.
Os elementos culturais tradicionais seguem predominando: 42,30% dos entrevistados preferem festas com forró pé de serra, quadrilha e fogueira. Já os grandes shows com artistas nacionais são preferência de apenas 9,75%. As celebrações em família, escolhidas por 20,45%, reforçam o perfil afetivo e seguro da festa. “Os números reforçam que, apesar das transformações sociais e da modernização dos formatos festivos, a essência do São João permanece viva no imaginário popular”, pontua Nogueira.
A culinária típica também mantém seu protagonismo: o milho verde, assado ou cozido, lidera com 24,32% das preferências, seguido por canjica (22,68%) e pamonha (18,45%). Itens como bolo de milho, munguzá e pé de moleque completam a lista, reforçando a ligação afetiva dos sabores com a infância e as memórias familiares. “Esse conjunto de preferências reforça o vínculo emocional das pessoas com sabores que remetem à infância, à casa da avó e às celebrações comunitárias”, acrescenta o coordenador.
O uso de roupas típicas também permanece relevante: 58,66% dos entrevistados afirmaram manter esse costume, sendo que 34,39% usam sempre e 24,27% ocasionalmente. “O uso da roupa típica é mais do que uma escolha estética. É um gesto simbólico que reforça a identidade cultural nordestina e contribui para a valorização das raízes populares”, conclui Nogueira.