Cultura bem temperada

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Raul Lody

Pitomba: uma fruta tão pernambucana

Embora o caju seja uma fruta nativa que está em todo o litoral do Nordeste, e tenha um valor heráldico, também reconhecido como um verdadeiro símbolo do território; ainda temos a pitanga, o araçá e a pitomba, entre tantas outras frutas que fazem parte da construção da identidade, da biodiversidade e dos nossos hábitos alimentares.
A pitomba é uma fruta telúrica que representa a região, e marca um ciclo de festas, que além de trazer as opções de cardápios, faz parte da nossa soberania alimentar.
A pitomba – Tulisia esculenta – abrange todo o nosso país, e alguns países sul-americanos. A pitomba está na Caatinga, no Cerrado e na Mata Atlântica. São extensas áreas de ocorrência, e de uso pelas populações locais.
Aqui, é fruta da rua, das carroças, dos carrinhos de mão; e das praias, onde haviam os vendedores com os seus cestos forrados com folhas e as frutas da época, entre elas as pitombas.
Estas vendas de rua mostram e anunciam também a sazonalidade das frutas, manga, jaca, caju, pinha, e a pitomba. Estas ofertas de frutas no comércio das ruas, também pontuam a paisagem urbana do Recife, é isso traz uma certa poesia, humaniza as relações entre quem vende e quem compra.
A pitomba é fruta do gosto muito popular. É adquirida em cachos que formam um tipo um buquê de pitombas. É uma fruta que tem que se comer muitas. Consumida normalmente in natura, quase sem polpa, a pitomba também pode ser usada para batidas, com cachaça, ou então molhos, usos mais recentes nesta tendência de gourmetização
Bem, eu adoraria que houvesse sorvete de pitomba, se possível?
No caso Pernambucano, esta fruta tem sua época de colheita e consumo, dias após a Páscoa, geralmente no mês de abril.

E por motivos diversos, associa-se a pitomba ao grande evento comemorativo da Batalha dos Guararapes, que no imaginário popular é também chamada da “Batalha das Pitombas”.
Isto porque se atribui que pitombas foram jogadas no chão para que os cavalos dos holandeses tombassem, foi uma verdadeira arma de guerra ecológica. Este imaginário integra um sentimento nativo, onde uma fruta da região é argumento para a liberdade, de luta contra os batavos.
Ainda, a pitomba é celebrada, e muito consumida, na festa de nossa Senhora dos Prazeres, há mais de três séculos, no monte dos Guararapes, grande Recife. Lugar onde ocorreu a Batalha dos Guararapes.
E a partir da grande intimidade da fruta com a população, a pitomba foi eleita como tema e símbolo da agremiação carnavalesca Pitombeira dos Quatro Cantos, de Olinda. Destaque para o estandarte desta agremiação, onde estão bordados cachos de pitombas, verdadeiro símbolo do grupo e das tradições do nosso Carnaval.

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