A BlaBlaCar, plataforma de caronas de longa distância, está chegando com força no Nordeste. Presente no Brasil desde o final de 2015 e prestes a bater a marca de 3 milhões de usuários no país, a empresa tem registrado crescimento de 500% em 2018 na região mesmo sem nunca ter investido em marketing localmente. Ciente do potencial desse mercado para o seu negócio, a plataforma passa a investir na região com o objetivo de aumentar a fatia do Nordeste dentro das atividades no site.
“O efeito boca-a-boca sempre foi um fenômeno aliado da nossa plataforma ao redor do mundo. Mas especialmente no Nordeste, ficamos muito surpresos com a receptividade da comunidade. Podemos dizer que a cultura da carona pegou entre os nordestinos”, afirma Ricardo Leite, diretor da BlaBlaCar no Brasil. Hoje cerca de 80% dos novos cadastros no Brasil chegam por indicação de amigos ou familiares.
Desde 2016, já foram criadas, organicamente, mais de 500 rotas entre cidades da região. Isso porque a mecânica da BlaBlaCar é conectar condutores com lugares vazios no carro a passageiros indo para o mesmo destino, viabilizando
uma rede de transporte criada pelos próprios usuários. Entre essas rotas estão, por exemplo os trechos Recife – João Pessoa e Salvador – Aracaju — que já figuram como duas das 25 rotas mais utilizadas no Brasil.
A fim de manter o ritmo atual de crescimento, a empresa aposta em aumentar os investimentos de marketing no mercado local, com especial atenção aos estados de Ceará, Pernambuco, Bahia e Paraíba. “Até agora, por focar nas principais cidades do Sul e Sudeste, nossas campanhas atingem apenas 30% da população brasileira. Temos um potencial imenso de crescimento”, reforça Leite.
A investida é oportuna: além de o final do ano já ser naturalmente o período de maior movimento nas estradas, o Nordeste é, de longe, a região mais “queridinha” do turismo nacional. Segundo os últimos levantamentos
do Ministério do Turismo sobre intenção de viagem do brasileiro, a região sempre aparece como destino preferido, com cerca de 50% de indicação. Isso inclui respostas dos próprios nordestinos. Além disso, na última edição do Mapa do Turismo Brasileiro – um outro documento do MTur que destaca municípios que adotam o turismo como estratégia de desenvolvimento -, a região ampliou o número de municípios com potencial para o desenvolvimento do Turismo em quase 30% com perspectiva de ampliação da oferta de atrativos.
Economia e aspecto social impulsionam o uso
Entre as razões que motivam o uso da carona está a economia deste tipo de transporte. É o que conta Marciel dos Santos, 38 anos, natural de Arapiraca (AL). Gerente de vendas, ele viaja por todo o Nordeste por conta de seu trabalho. Conheceu a BlaBlaCar por meio de amigos e, além da economia feita com o uso da plataforma, o usuário usa sempre por conta da companhia das pessoas na estrada. “Faço amizades e conheço pessoas que normalmente acabaria não conhecendo no meu dia a dia”, conta Santos. Em alguns casos, os passageiros não possuem todo o dinheiro da carona, mas o caronista aceita assim mesmo para ajudar ao próximo.
O condutor que compartilha uma viagem com três pessoas no carro consegue reduzir seus custos em até 75%. Já para o passageiro, a economia depende do destino e da alternativa de transporte disponível. Uma viagem de Recife
para Caruaru de carona, por exemplo, acaba sendo 40% mais econômica que um ônibus convencional.
Já o trecho Recife – João pessoa pode sair 50% mais econômico que um ônibus convencional, se feito de carona. Para um motorista que faz esse trecho semanalmente, a economia pode chegar a R$ 100.
Para manter o ambiente de confiança, a plataforma verifica o número de telefone e endereço de e-mail dos usuários, além de moderar as fotos e mini biografias. Estas informações fazem parte do perfil público dos viajantes, junto com as avaliações das pessoas com quem eles compartilharam uma carona. Outra inovação lançada pela empresa para aumentar a confiança do seu serviço é a verificação de documentação. O Brasil foi o segundo país a adotar o recurso, que hoje está presente em outros cinco dos 22 países onde a empresa atua.
