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Por que não empreender?

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Você já pensou em dar uma virada na carreira, deixar de ser empregado e montar seu próprio negócio? Essa opção pelo empreendedorismo tem sido cada vez mais comum, principalmente nos períodos de recessão econômica. De acordo com pesquisa recém-divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), dois a cada três jovens brasileiros (dos 25 aos 35 anos) almejam montar sua empresa. Um outro estudo do Sebrae, realizado em 2015, no auge da crise, indicou que um terço da população que perdeu o emprego não deseja voltar ao mercado formal. Sem trabalho, aproveitaram o dinheiro do fundo de garantia e da indenização pela demissão para abrir seu negócio. Apesar dessa recente onda de empreendedorismo, esse é um caminho que exige cuidados e preparação, na análise dos especialistas.

Para a consultora da TGI e ÁgilisRH, Luciana Almeida, o empreendedorismo não é uma opção adequada para todos. “Empreender está na moda, mas não é um mar de rosas e não é para todo mundo. Não se deve montar um negócio como uma única alternativa, porque nem todo mundo tem o perfil necessário para abrir uma empresa”. A especialista avalia que muitos profissionais não conseguem construir empreendimentos duradouros por não terem algumas características para encarar essa missão.

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Antes de tudo, é importante analisar as próprias competências profissionais. Luciana Almeida destaca a necessidade de se ter qualidades, como capacidade de gerenciar pessoas, saber administrar de forma separada as finanças pessoais da gestão financeira da empresa, além da habilidade de gerir com o dinheiro curto. “Nos primeiros meses ou anos, o negócio ainda não tem uma clientela estabelecida. Isso vai exigir do profissional uma capacidade para gerenciar poucos recursos para alavancar seus negócios”.

A autodisciplina com a organização dos seus horários e a disposição para dedicar bastante tempo ao novo desafio profissional devem também estar no DNA do empreendedor. Na pesquisa da Firjan, por exemplo, 60,7% dos entrevistados mostraram interesse em montar seu próprio negócio para não ter mais expediente fixo de trabalho. “Aqueles que acreditam que poderão fazer seu próprio horário e, portanto, trabalhar menos, é melhor desistir antes mesmo de começar. A carga horária de um empreendedor é muito superior à de um empregado”, adverte Luciana.

Identificado esse perfil, o profissional deve planejar ao máximo o início do seu negócio. Estudar bem o mercado, se capacitar, preparar a equipe e investir no planejamento são algumas das peças para o pontapé inicial. “Se o empreendedor começa de forma ordenada e organizada maximiza as suas possibilidades de dar certo, acelerando o resultado dos seus ganhos. Assim, consegue ser mais objetivo”, aponta. A busca por uma consultoria e a assimilação das informações do mercado são bem relevantes para tomar decisões como o posicionamento da marca, público-alvo, local de instalação da empresa. “Começar de maneira acompanhada minimiza os riscos e os erros do início das operações”.

Apesar do momento de crise frear vários investimentos, é nele que emergem novas oportunidades. “Principalmente no mercado dos pequenos negócios surgem muitas novidades. Muitos profissionais que se desempregaram conseguem desenvolver, representar ou comercializar novos produtos ou serviços”. A consultora destaca que várias ideias que começam na informalidade acabam gerando negócios de grande potencial. “Crise pode ser oportunidade para pessoas que enxergam caminhos alternativos e diferentes das trajetórias que vinham fazendo. Desse processo de inovação acabam aproveitando as oportunidades”.

A escolha do tipo de empreendimento em que o profissional vai investir e se dedicar requer vários cuidados. Luciana lembra que entrar em alguns segmentos que estão na moda pode não ser uma boa alternativa. “É importante estudar o mercado e mapear as tendências, mas é preciso cautela. Apesar de certos segmentos serem promissores, a abertura de muitos empreendimentos acabam gerando uma oferta que o mercado não suporta. Recentemente vimos a febre da abertura de esmalterias, por exemplo, mas muitas delas fecharam em pouco tempo porque não cabiam tantas na cidade. Esse é um risco”, alerta.

Além de buscar um mercado com potencial, outra orientação da especialista é escolher um nicho que seja de interesse do empreendedor. “Vários estudos mostram que o mercado de pet shop está em alta. Não é preciso ser veterinário para empreender no segmento, mas é interessante que o profissional goste da área, se identifique. Vale a pena investir naquilo que você gosta”, indica Luciana Almeida.

O cálculo entre o perfil profissional, a oportunidade de negócio e a identificação com o setor não chega a ser uma fórmula. Mas a soma dessas capacidades pessoais – e da disposição de desenvolvê-las − e a percepção das mudanças do cenário econômico ampliam o potencial do sonho de empreender a ponto de se tornar uma realidade com resultados que garantam sustentabilidade à nova empresa.

*por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais

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