(Do Complexo de Suape)
A operação foi realizada pela Interco, uma trading company que atende o segmento de derivados de petróleo com foco em GLP, em parceria com a companhia argentina Transportadora Gas del Sur
O Porto de Suape registrou uma das maiores operações por agente privado de importação de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP, o gás de cozinha) para o Nordeste brasileiro. Uma parceria entre a Interco (startup do setor de commodities) com a companhia argentina Transportadora Gas del Sur permitiu ao atracadouro pernambucano receber 12,5 mil toneladas de GLP. O produto foi adquirido por distribuidoras que atuam no complexo industrial portuário para atender ao consumo na região.
A Interco mantém contratos com a Nacional Gás Butano, Copa Energia, Supergasbras, Ultragaz e Consigaz. Novas operações do tipo estão em estudo, tanto em Suape, quanto em portos de outras regiões do País. A operação foi realizada, recentemente, e a Interco informa que a mercadoria foi transportada pelo navio Eco Arctic, proveniente do Porto de Bahia Blanca, localizado no sul da província de Buenos Aires.
“O objetivo é oferecer para as distribuidoras uma garantia de suprimento, permitindo que elas mantenham suas operações de forma contínua. As distribuidoras têm interesse em fazer esse processo de forma consistente, melhorando o fluxo de suprimento primário”, comenta o diretor de Commodities e Trading da startup, Marcos Paulo Ferraz.
De acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as vendas de GLP no Brasil ficaram em 6,74 milhões de toneladas, entre janeiro e novembro de 2022. Desse volume, 25,7% foram supridos por importações. Atualmente, as refinarias nacionais não conseguem atender a toda a demanda pelo gás de cozinha e o abastecimento do mercado nacional passou também a depender de aquisições no mercado internacional.
QUEBRA DO MONOPÓLIO
Antes desse registro em Suape, as maiores importações de GLP para o Nordeste estavam sob responsabilidade da Petrobras e a operação no porto, localizado em Ipojuca, no Grande Recife, foi viabilizada depois da decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de que a Petrobras precisa manter navio-cisterna BW Princess em operação para armazenamento do produto, mesmo se a companhia deixar de atuar nesse segmento.
Com isso, diz Marcos Paulo Ferraz, a estatal nacional abriu espaço para que empresas privadas pudessem usar a capacidade do navio-cisterna, que opera no porto externo de Suape, onde ficam localizados os quatro píeres de granéis líquidos da estatal pernambucana. A quebra do monopólio desse tipo de atividade pela Petrobras ocorreu em março de 2021, quando novas regras passaram a valer para o segmento em todo o país.
Segundo o diretor executivo da Interco, Nicholas Taylor, a atração de novos projetos de infraestrutura para o escoamento de combustíveis no país pode ajudar a fomentar a competição no mercado e a reduzir preços para os consumidores finais. O diretor de Gestão Portuária de Suape, Nilson Monteiro, compartilha do raciocínio de Nicholas. “É uma excelente notícia para Pernambuco e o Nordeste. E para o porto, que terá aumento significativo na movimentação deste tipo de carga”, enfatiza.