Há dias a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (denominado SARS-CoV-2), é uma pandemia. O momento da epidemia pelo coronavírus no Brasil é de muita prudência e atenção. O novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, tem assustado o mundo. A nova doença que ele provoca, a COVID-19, vem despertando preocupação à população e comunidade científica.
Apesar de ter um comportamento semelhante ao de uma gripe comum, sua disseminação é muito rápida e, em alguns casos, principalmente nos idosos, pode se manifestar de forma grave e até mesmo fatal. A epidemia é dinâmica e hoje já temos a infecção comunitária em alguns Estados brasileiros. Este vírus tem a capacidade de contágio, ou seja, número médio de pessoas contaminadas a partir de uma pessoa doente de 2,74. Em outras infecções, como o Influenza (H1N1), em 2009, a taxa foi de 1,5.
O Brasil é um país continental, portanto, diferentes cidades e Estados podem apresentar fases distintas da epidemia. Entende-se que a primeira fase epidemiológica da COVID-19 é de “casos importados”, em que há poucas pessoas acometidas e todas regressaram de países onde há epidemia. A segunda fase epidemiológica é de transmissão local, quando pessoas que não viajaram para o exterior ficam doentes, ou seja, há transmissão autóctone, mas ainda é possível identificar o paciente que transmitiu o vírus. Finalmente, pode ocorrer a terceira fase epidemiológica ou de transmissão comunitária, quando o número de casos aumenta exponencialmente e perdemos a capacidade de identificar a fonte ou pessoa transmissora.
O período de incubação, ou seja, o tempo entre o dia do contato com o paciente doente e o início dos sintomas é, em média, de 5 dias. Em raros casos, o período de incubação chegou a 14 dias. Neste período pode acontecer a transmissão do vírus de forma silenciosa. Sabemos que aproximadamente 80% a 85% dos casos são leves, geralmente em jovens e crianças, e não necessitam hospitalização, devendo permanecer em isolamento respiratório domiciliar. No entanto, 15% necessitam de internação, dentre estes, a maioria idosos.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), através da Comissão de Imunização, aconselha que os idosos, idade acima de 60 anos, especialmente portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, doenças do coração, pulmão e rins, doenças neurológicas, em tratamento para câncer, portadores de imunossupressão entre outras, e aqueles com mais de 80 anos e portadores de síndrome de fragilidade, adotem medidas de restrição de contato social. Assim, devem evitar aglomerações ou viagens, o contato com pessoas que retornaram recentemente de viagens internacionais e contatos íntimos com crianças. O atendimento às pessoas idosas deve ser preferencialmente em domicílio evitando-se a exposição coletiva em serviços de saúde.
Idosos frequentemente são assistidos por cuidadores e profissionais de saúde. Tais profissionais, se apresentarem sintomas de gripe, devem evitar contato com seus pacientes e se houver qualquer dúvida sobre o contágio devem poupar os atendimentos.
Atenção – Idosos que vivem em instituições de longa permanência (ILPIs) representam grupo de alto risco para complicações pelo vírus, uma vez que tendem a ser mais frágeis. Para estes, deve-se evitar visitas para reduzir o risco de transmissão, evitar sair da instituição, evitar atividades em grupo e redobrar os cuidados com a higiene. Os profissionais de saúde que atendem a este publico devem ter excesso de cuidado nas medidas de higiene.
Devemos ainda alertar e reforçar toda a população de que as medidas preventivas mais eficazes para reduzir a capacidade de contágio do coronavírus são: “etiqueta respiratória”; higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%; identificação e isolamento respiratório dos acometidos pelo vírus e uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) pelos profissionais de saúde.
Assim, deve-se adotar rotineiramente as seguintes medidas de prevenção:
Higienizar as mãos frequentemente com água e sabão (ou com álcool em gel a 70%).
Evitar aglomerações.
Evitar contato com pessoas com sintomas de gripe (tosse, espirros, falta de ar).
Evitar tocar os olhos, o nariz e a boca com as mãos sem lavá-las.
Evitar apertos de mão, abraços e beijos ao cumprimentar as pessoas.
Ao espirrar e tossir, cubra o nariz e a boca com o cotovelo flexionado ou com lenço (em seguida, jogar fora o lenço e higienizar as mãos).
É preciso procurar ajuda médica caso surjam os seguintes sintomas:
Febre.
Tosse.
Falta de ar.
Alteração da sensação de cansaço para os esforços de rotina.
Confusão mental (especial para idosos).
Nossa recomendação é de não colher swab nasal para pesquisa do SARS-CoV-2 de pessoas sem sintomas respiratórios (pessoas assintomáticas), exceto em pesquisa clínica. A detecção viral de RNA por reação em cadeia da polimerase (PCR) em secreção respiratória, método usado para o seu diagnóstico, pode não representar necessariamente infecção com potencial de transmissão e, provavelmente, tem pouca importância epidemiológica de transmissão.
Possivelmente os primeiros 3 a 5 dias de início dos sintomas são os de maior transmissibilidade. Por isso, casos suspeitos devem ficar em isolamento respiratório, desde o primeiro dia de sintomas, até serem descartados. É de suma importância obedecer ao isolamento.
Os profissionais de saúde devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) para precaução de gotículas em atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados de infecção pelo coronavírus.
Ainda não há comprovação científica de benefício do uso de medicações retrovirais, cloroquina, interferon, vitamina C, entre outras, usadas para tratamento de pacientes com o coronavírus. Estas medidas não são indicadas. O uso de corticoide e ibuprofeno deve ser evitado. O uso das medicações anti-hipertensivas IECA e BRA, de acordo com a posição da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), não deve ser suspenso em casos de pacientes infectados pelo coronavírus.
Neste momento precisa haver uma ação coletiva e consciente da população em prol de medidas racionais para conter a transmissão do coronavírus.
Carlos André Uehara – Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)
Ivete Berkenbrock – 1ª Vice-presidente da SBGG
Vania Beatriz M. Herédia – 2ª Vice-Presidente Presidente do Dep. de Gerontologia da SBGG
Renato Bandeira – Diretor científico da SBGG
Maisa Kairalla – Presidente da Comissão de Imunização da SBGG
Daniel Albuquerque Gomes – Membro da Comissão de Imunização da SBGG
Jarbaz de Sá Roriz Filho – Membro da Comissão de Imunização da SBGG