O Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) divulgou hoje (29/06) resultados preocupantes de uma pesquisa que mapeou a presença de microplásticos nas praias do litoral pernambucano. Sob a coordenação do biólogo Múcio Banja e da pesquisadora Jéssica Mendes, o estudo revelou uma contaminação significativa que exige ações urgentes para mitigar seus impactos ambientais.
Iniciada em 2019, a pesquisa focou inicialmente em naufrágios na costa pernambucana. A partir de 2022, as coletas de sedimentos se expandiram para diversas praias, incluindo Paiva, Suape, Porto de Galinhas e Tamandaré. Os resultados indicam uma média alarmante de mais de 300 fragmentos de microplásticos por amostra de 200 ml de sedimento, destacando uma contaminação disseminada. Surpreendentemente, a praia do Paiva, uma área pouco habitada, apresentou a maior quantidade de microplásticos, com 695 fragmentos, superando até mesmo praias com intensa atividade turística como Porto de Galinhas.
Além de analisar sedimentos, o estudo também investiga a presença de microplásticos em organismos marinhos, como esponjas filtradoras. Os dados preliminares mostram uma quantidade preocupante desses resíduos acumulados nesses animais, indicando sérios riscos para a fauna marinha e, consequentemente, para a saúde humana. “A quantidade de microplásticos encontrados em nossas amostras é extremamente preocupante,” afirmou Jéssica Mendes. “Essa contaminação representa um sério risco para o ecossistema marinho e para a saúde humana.”
Impacto dos Microplásticos e Necessidade de Ação Imediata
Os pesquisadores do IATI destacam que o impacto dos microplásticos no meio ambiente é frequentemente subestimado. “Esses pequenos fragmentos representam uma ameaça real à vida marinha e ao equilíbrio dos ecossistemas costeiros,” alertou Múcio Banja. Os resultados atuais são apenas o início de um estudo mais abrangente, mas já apontam para a necessidade de ações imediatas para mitigar os efeitos negativos dos microplásticos no litoral pernambucano.
O estudo utilizou técnicas avançadas, como a coleta de sedimentos por mergulho autônomo e análise granulométrica, para identificar e classificar os microplásticos presentes. Das 1.406 partículas encontradas, o nylon azul representou 63% do total, com todas as praias estudadas mostrando registros significativos desses poluentes. A pesquisa também identificou uma correlação direta entre a presença de microplásticos e a dinâmica costeira, com a praia do Paiva se destacando como uma área particularmente sensível aos impactos antrópicos.
O IATI está desenvolvendo tecnologias inovadoras para separar microplásticos dos organismos marinhos, utilizando métodos que incluem vibrações e produção de microbolhas ultrassônicas para otimizar os resultados. Esses avanços tecnológicos são essenciais para aprofundar a compreensão sobre a extensão da contaminação e desenvolver estratégias eficazes de mitigação.