Produção, venda e negócios do café crescem em Pernambuco - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Produção, venda e negócios do café crescem em Pernambuco

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Expresso ou coado, com leite ou canela, no início da manhã ou no fim da tarde, não importa como e nem quando, difícil é resistir a um bom cafezinho. A bebida – que cada vez mais atrai admiradores pelo aroma e sabor – tornou-se a matéria prima de um negócio que está conquistando os pernambucanos: as cafeterias. Em contínuo crescimento, esses empreendimentos inovam todos os dias e investem cada vez mais na diferenciação de seus produtos, com os cafés especiais, na produção e torrefação de insumos próprios e até no lançamento de pacotes de café com marca própria para venda.

Amante de café, o advogado Gabriel Guaraná, 32, é um dos que torcem pelo fortalecimento das cafeterias autorais. Para ele, há alguns anos era difícil achar na Região Metropolitana do Recife um lugar para tomar um café especial. Atualmente, a variedade de estabelecimentos tem feito surgir um novo hábito de consumo entre os pernambucanos e turistas que visitam o estado. “Quando aqui não tínhamos tantas opções, matava minha vontade nas viagens, sempre incluindo cafeterias no roteiro. Hoje, frequento diversos cafés aqui mesmo. Gosto dos ambientes dos estabelecimentos e faço questão de visitá-los, às vezes com um bom grupo de amigos”, afirma Guaraná.

Agenda TGI

“Um bom café não depende somente da qualidade do grão, mas também da maneira como a bebida é preparada e servida. Ambientes confortáveis, intimistas e elegantes têm sido a tônica das cafeterias em todo o mundo, bem como na cidade do Recife e no estado de Pernambuco”, afirma Valéria Rocha, analista e gestora do projeto de alimentos e bebidas do Sebrae/PE. Atualmente, o Sebrae conduz formações periódicas para 35 donos de cafeterias do estado, desenvolvendo suas gestões e aperfeiçoando seus produtos, garantindo que possam agradar cada vez mais seus clientes e produzir um ambiente empreendedor cada vez mais competitivo e produtivo.

Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais, o segmento do café representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida. Pernambuco é o segundo maior produtor de café do Nordeste, com cerca de 4,8 mil hectares cultivados, o que gera, anualmente, R$ 8,5 milhões em vendas. Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Jurema, Brejão, Saloá e Paranatama, concentram 80% da produção estadual.

Um forte exemplo do desenvolvimento do setor em Pernambuco é a Kaffe Torrefação e Treinamento, uma das empresas de maior destaque do ramo no estado atualmente. A empresa abriu as portas no começo de 2017, já oferecendo cursos de formação de baristas, além de torrar o café, vender o insumo pronto em embalagens próprias e comercializar a bebida em vários tipos e modelos em um ambiente intimista.

Atenta às oportunidades de negócio, Lidiane Santos, proprietária da Kaffe, passou a oferecer mais um tipo de serviço no empreendimento, o de executar a torrefação do café especial que compra e fornecê-lo sob encomenda para outras cafeterias, restaurantes e empórios, já com embalagens personalizadas de cada estabelecimento, para que possam usar e revender para o consumidor final também.

“Participar do Programa de Desenvolvimento da Gestão do Sebrae foi fundamental para entendermos melhor o nosso negócio. A gente já sabia o que queríamos, mas quando vamos para a prática as coisas não são tão simples. Foi com esse programa que estruturamos nosso plano estratégico e que entendemos nossos pilares de atuação – que hoje são três”, afirma Lidiane Santos.

De acordo com o Sebrae/PE, a maior parte das marcas de cafés comercializadas em 2011 na Região Metropolitana do Recife (RMR) vinha da Região Sudeste, com destaque para os estados de São Paulo e Minas Gerais (55% e 25%, respectivamente, de representação). Em 2018, as empresas Pernambucanas juntas já tinham assumido a liderança do comércio do café no estado. As principais marcas são a Kaffe, a Café do Brejo, Grão Chefe, Cordel Café e a Yaguara.

A marca de Gabriel Althoff, o Café do Brejo, começou a investir na plantação própria em 2017. A primeira colheita deverá ser feita em 2020. Hoje, assim como a Kaffe, a marca já atua com torrefação e cursos profissionalizantes, mas decidiu investir no plantio próprio para poder vender também cafés especiais pernambucanos. Com um sítio de sete hectares em Triunfo, próximo ao ponto mais alto de Pernambuco, o empresário e produtor rural espera fazer 300 sacas de café especial por ano. “Estamos muito positivos com esse projeto que é bastante inovador. Todo o nosso processo de colheita será feito à mão, garantindo a qualidade do nosso produto desde o começo”, conta.

Com o café no gosto do paladar de todo pernambucano, o boom das cafeterias não seria diferente no Sertão. Em Petrolina, um dos principais destaques é o Café do Bule, que já se tornou parada obrigatória para quem aprecia um bom café. A cafeteria conta com boa comida, um ambiente acolhedor, e, claro, cafés especiais. Em 2019, pela primeira vez participará do Recife Coffee, sendo a primeira empresa da região a participar desse evento, que valoriza e incentiva o consumo do café especial.

Geografia das cafeterias
Em pesquisa de 2018, o Observatório Empresarial do Sebrae-PE mapeou geograficamente as principais cafeterias do Recife. O motivo da pesquisa deve-se ao fato da grande quantidade de empresas desse segmento na capital pernambucana, além do consequente crescimento do consumo e da produção de café no estado, sobretudo nos últimos anos. Como resultado do mapeamento, chegou-se a um quantitativo de 109 cafeterias presentes na RMR. A maior concentração de cafeterias foi identificada nos bairros de Boa Viagem (31 empreendimentos), Santo Amaro (11 empreendimentos) e Recife Antigo (08 empreendimentos). Destaca-se a proximidade geográfica entre esses empreendimentos. É possível observar também o movimento de abertura de cafeterias nos bairros de menor renda, como Ipsep, Ibura e Imbiribeira, bem como nas cidades médias do interior do estado de Pernambuco. Estratégias de fidelização de clientes e diferenciais no atendimento e no ambiente destacam-se entre as cafeterias da cidade. Na periferia surgiram novas demandas, a exemplo daquela por mais conectividade nos estabelecimentos – já que o consumidor recifense, refletindo o quadro nacional, está cada vez mais bem informado, conectado às mídias e possui fortes características urbanas e metropolitanas.

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