Com um dos maiores patrimônios arquitetônicos do País, o Recife assistiu um acelerado processo de degradação da sua história material nas últimas décadas. A temática vem ganhando atenção da população.
Priscila Krause considera que o Bairro do Recife é uma área estratégica da cidade e promete criar uma Agência de Desenvolvimento da Ilha Bairro do Recife. A ideia é atuar na promoção de negócios, na articulação público-privada entre agentes governamentais, no incentivo a projetos de revitalização urbana e, ainda, na prioridade para agilização de licenciamento de atividades econômicas e culturais, com ênfase para a inovação e a tecnologia digital. Ela propõe ainda o programa de Renovação da Ilha dos Santos (bairros de Santo Antônio, São José e Cabanga) para promover o repovoamento, melhoria dos serviços públicos e o fortalecimento das atividades econômicas e de habitação. O outro projeto é voltado para a Ilha da Boa Vista, com um processo de requalificação planejada do Centro Expandido.
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O prefeito Geraldo Julio julga que o Recife voltou a olhar com mais carinho para o seu patrimônio histórico. Ele menciona a aprovação da regulamentação da Zona Especial de Preservação Histórica 8 e a conservação de vários imóveis no bairro da Boa Vista. Além disso, ele comemora o fato de a gestão conseguir classificar 104 edificações na categoria de Imóveis Especiais de Preservação, dobrando o número de construções preservadas na cidade. Ele cita como exemplos a sede do América, em Casa Amarela, e as duas casas modernistas que ficam na Avenida Rosa e Silva.
Daniel Coelho critica o abandono do Centro do Recife e sugere uma política de recuperação e reocupação dos prédios históricos. Para que os bairros históricos voltem a ser ocupados, o tucano defende que é preciso oferecer condições básicas, como segurança e iluminação.
Carlos Augusto afirmou que pretende dar ênfase à preservação propriamente dita dos lugares históricos da cidade, mas sugere um maior empenho na divulgação da rica história recifense para a população. “Estaremos empenhados em divulgar o nosso passado, de modo que, ao conhecê-lo, as pessoas se engajem naturalmente na luta pela preservação”.
Edilson Silva sugere que recuperados e bem utilizados, vários prédios antigos do Centro Histórico podem abrigar moradia, comércio, lazer e roteiros turísticos. Ele defende também o fortalecimento do serviço de fiscalização e proteção do patrimônio histórico no município. “O patrimônio que constitui nossa memória e identidade coletiva tem sido tratado como um obstáculo a um suposto progresso e somente valorizado enquanto mercadoria”. Na avaliação dele, estão em ameaça prédios como o Edifício Caiçara, o sobrado da Padaria Capela na Rosa e Silva, os armazéns parcialmente destruídos no Estelita, a Fabrica da Torre e a Vila Naval.
O ex-prefeito João Paulo afirma ser necessário reaparelhar espaços culturais tanto na região central quanto nas regiões periféricas da cidade. “A revitalização do Centro, passa também pela recuperação e reocupação de imóveis abandonados. Uma alternativa para esse resgate do Centro Histórico do Recife é retomar o programa Morar no Centro, que implantamos em 2001”, relembra. “É importante também resgatar o potencial econômico dessa região”.
Confira a íntegra o posicionamento que cada candidato nos enviou por email sobre o tema História Preservada:
PRISCILA KRAUSE
O Bairro do Recife é uma área estratégica da cidade, por embarcar tecnologia, economia criativa, cultura e turismo num só local, e por isso, merece um olhar diferenciado. Com o objetivo de cuidar e fomentar a cadeia produtiva da área, criaremos a Agência de Desenvolvimento da Ilha Bairro do Recife, vocacionada para atuar na promoção de negócios, na articulação público-privada entre agentes governamentais, no incentivo a projetos de revitalização urbana e, ainda, na prioridade para agilização de licenciamento de atividades econômicas e culturais, com ênfase para a inovação e a tecnologia digital.
-> Ilha dos Santos
Estruturar o Programa de Renovação da Ilha dos Santos – bairros de Santo Antônio, São José e Cabanga – objetivando o repovoamento, o fortalecimento das atividades de habitação, comércio e serviços, a melhoria dos espaços públicos, a organização da circulação de veículos e pessoas, o controle urbano, a ocupação de áreas subutilizadas. Priorizar a requalificação das Avenidas Guararapes e Dantas Barreto como vetores de desenvolvimento deste território.
-> Ilha da Boa Vista
Iniciar o processo de requalificação planejada do Centro Expandido – bairros da Boa Vista, Santo Amaro, Soledade e Ilha do Leite – priorizando a revisão do uso do solo e a circulação, bem como a revitalização do eixo estrutural da Avenida Conde da Boa Vista.
EDILSON SILVA
O patrimônio que constitui nossa memória e identidade coletiva tem sido tratado como um obstáculo a um suposto progresso e somente valorizado enquanto mercadoria. As cicatrizes e as ameaças recentes são muitas: o Edifício Caiçara, o sobrado da Padaria Capela na Rosa e Silva, os armazéns parcialmente destruídos no Estelita para a construção do projeto Novo Recife, a Fabrica da Torre e a Vila Naval, assim como os imóveis abandonados em ruínas ou sob risco de desabamento na Boa Vista.
O patrimônio histórico-cultural precisa ser compreendido como um bem comum urbano, um bem coletivo. Ele expressa a identidade da cidade, seus bairros e ruas. Recuperado e bem utilizado, pode abrigar moradia, comércio, lazer e roteiros turísticos, como se vê de alguma forma no bairro do Recife. Para além dos instrumentos de que o Estatuto da Cidade dispõe para a preservação, queremos fortalecer o serviço de fiscalização e proteção do patrimônio histórico no município.
CARLOS AUGUSTO COSTA
A história do Recife é rica e diversa. No tempo dos holandeses, chegamos a constituir o centro econômico de maior dinamismo em toda a América. A contribuição das mais diversas etnias em Pernambuco é reconhecida por todos. O istmo portuário e os bairros da antiga Ilha de Antonio Vaz compõem um acervo histórico de inestimável valor, assim como os antigas nucleações da Boa Vista, Coelhos, Afogados e Santo Amaro. Mesmo em bairros mais afastados, há verdadeiro tesouros em termos arqueológicos e afetivos, como na Madalena, Torre, Casa Forte, Apipucos, Poço da Panela, Várzea etc. A população do Recife ainda conhece pouco da própria história. Portanto, além da ênfase que pretendemos dar à questão da preservação propriamente dita, estaremos empenhados em divulgar este nosso passado, de modo que , ao conhecê-lo, as pessoas se engajem naturalmente na luta pela preservação.
GERALDO JULIO
O Recife depois de muito tempo também voltou a olhar com mais carinho para o seu patrimônio histórico. Nós aprovamos a Lei que regulamentou a chamada Zona Especial de Preservação Histórica 8, que corresponde aquela área do bairro da Boa Vista. Além da preservação de uma série de imóveis históricos no Bairro, garantimos parâmetros para novas intervenções no bairro que tenham um maior diálogo com o espaço urbano e também o patrimônio histórico já existente. A Lei da ZEPH 8, junto a uma série de outros imóveis que fomos preservando ao longo da gestão, garantiu a classificação de 104 imóveis na categoria de Imóveis Especiais de Preservação (IEP). Ótimos exemplos são a sede do América Futebol Clube, em Casa Amarela, e as duas casas modernistas que ficam na Avenida Rosa e Silva. Para se ter uma ideia, esse número de 104 imóveis corresponde a mais da metade dos 206 IEPS que o Recife possui. Ou seja, com muito cuidado com o nosso patrimônio conseguimos dobrar o número de imóveis preservados.
JOÃO PAULO
Precisamos criar, restaurar e reaparelhar espaços culturais tanto na região central quanto nas regiões periféricas da cidade e isso vale para o patrimônio histórico. A revitalização do Centro, passa também pela recuperação e reocupação de imóveis abandonados. Uma alternativa para o resgate do Centro Histórico do Recife é retomar o programa Morar no Centro, que implantamos em 2001.
Com recursos do Programa de Arrendamento Residencial, da Caixa Econômica Federal, entregamos, em 2005, o Edifício São José, no Bairro de São José, um prédio com sete andares e 56 unidades residenciais. A reforma custou R$ 1,9 milhão e as famílias beneficiadas, após 15 anos, se tornarão proprietárias dos imóveis. O programa Morar no Centro mapeou, ao todo, 60 imóveis para reforma pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR) da Caixa Econômica Federal, que podem ser resgatados e ampliados, incluindo áreas do centro ampliado.
É importante também resgatar o potencial econômico do Centro Histórico do Recife. No Bairro do Recife, o Porto Digital se consolidou, gerando atualmente cerca de 6 mil empregos diretos, mas ainda há outras atividades a serem exploradas, como o turismo e o entretenimento. Uma alternativa a ser avaliada é o resgate da discussão do planejamento integrado como fizemos na elaboração do Complexo Turístico e Cultural Recife-Olinda, que previa 1,5 milhão de metros quadrados de novas construções em áreas remanescentes da União. Cerca de 10% dessa área deveriam ser destinados à habitação, comércio e serviço.
DANIEL COELHO
Já há vários anos que o Centro do Recife como um todo está abandonado. São vários imóveis históricos que estão caindo aos pedaços, completamente esquecidos juntamente com a história da nossa cidade. É preciso que haja uma política de recuperação e reocupação dos prédios históricos e, com isso, fazer o Centro da cidade voltar a ter vida. A política que preservação histórica e reocupação está diretamente ligada ao incentivo para que as pessoas voltem a viver no Centro. E é necessário dar as condições para isso. É preciso iluminar, dar segurança. O Recife tem o privilégio de ter o maior parque tecnológico do país, o Porto Digital, existindo dentro da sua região mais histórica. É possível, então, aliar modernidade e tecnologia sem abandonar nossa história. E é o que faremos.