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Proteja-se da chuva: inverno chuvoso favorece asma, gripes e resfriados

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A chegada do inverno chuvoso, característico da Região Metropolitana do Recife e da Zona da Mata Pernambucana, acende o sinal de alerta para os que sofrem de doenças respiratórias. Além de aumentar o número de casos de gripes e resfriados, a chuva frequente desencadeia crises de rinite e asma – doenças crônicas que provocam irritabilidade na região nasal e dificuldade para respirar. Tudo isso porque o excesso de umidade favorece o surgimento de ácaros, animais da mesma família das aranhas, invisíveis a olho nu, que são agentes desencadeadores dos problemas respiratórios.

“As alergias formam um grande grupo de doenças, que comumente se exacerbam neste período devido ao frio”, justificou Guilherme Costa, pneumologista e broncoscopista do Hospital Jayme da Fonte. No Recife, o ambiente é ainda mais favorável à multiplicação dos ácaros. “A nossa região tem muitos mangues e isso eleva bastante a umidade, principalmente nos dias de chuva”, afirmou.

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As pessoas alérgicas têm uma reação anormal quando seu organismo entra em contato com determinadas substâncias, como o ácaro. Dentro do nariz, ele e seus excrementos entram em contato com um tipo de célula de defesa do nosso organismo que libera uma substância chamada histamina. Tal processo provoca a crise alérgica, caracterizada por uma irritação nas terminações nervosas, que desencadeia a coceira, estimula a produção de catarro e os espirros.

As crises podem surgir pelo contato com partículas de inseto, poeira (onde vivem os ácaros), poluição e fumaça. E, falando em fumaça, o inverno pernambucano também é época de São João, de fogueiras e de fogos. Um verdadeiro martírio para os alérgicos. “É durante as festas juninas que aumenta a exposição à fumaça, desencadeando várias consequências respiratórias e a propensão ao desenvolvimento de doenças infecciosas ou alérgicas”, explica Costa.

Portanto, todo o cuidado é pouco nesta estação, principalmente para evitar o agravamento de doenças respiratórias agudas (uma infecção viral, como uma gripe por exemplo) ou crônicas (alergia). “O processo inflamatório dessas doenças pode provocar a quebra das barreiras da defesa do organismo, o que favorece o surgimento de doenças respiratórias infecciosas e bacterianas, como otites, sinusites e pneumonias, dependendo das condições clínicas do paciente”, explica o pneumologista.
Crianças, idosos, gestantes, diabéticos e fumantes requerem atenção especial, além daqueles que sofrem de comorbidades (existência de duas ou mais doenças) graves. “O cuidado precisa ser redobrado, pois esses pacientes normalmente apresentam alterações imunológicas”, alerta o médico pediatra do Imip e presidente da Sopepe (Sociedade de Pediatria de Pernambuco), Eduardo Jorge da Fonseca.

A dica de ouro é manter o acompanhamento periódico com um especialista. De preferência, que ele seja intensificado nos meses que antecedem a estação. “Muitas situações podem ser devidamente combatidas previamente com medicamentos e cuidados. Basta haver o acompanhamento”, recomenda Costa. Segundo Eduardo Jorge, que também atua como professor da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), existem alguns cuidados que podem contribuir para um inverno tranquilo. “É preciso ter uma boa alimentação, higiene, evitar o tabagismo, inclusive o passivo, e grandes aglomerações”. Outro problema que pode acarretar na piora do quadro da asma e rinite é o refluxo gastroesofágico. “Pacientes asmáticos que têm refluxo podem ter dificuldades para controlar a asma”, destaca Costa.

A professora aposentada Carmem Virgínia, 76 anos, que desde 2013 sofre com asma, desenvolveu a doença quando voltou a morar na capital pernambucana. “Nasci no Recife, mas morei em vários Estados do País, por causa do trabalho do meu marido. Após a aposentadoria, voltamos a morar aqui e foi justamente nesta época do ano que eu desenvolvi a doença. Tive uma crise muito forte”, revelou Carmem, acrescentando que a asma é hereditária na sua família.

Para levar uma vida longe dos sintomas da doença, Carmem necessita tomar certos cuidados para evitar as crises. “Não posso ter contato com fumaça ou ácaro”, afirmou. Existem alguns sinais que a ajudam a se prevenir. “Quando o nariz começa a corizar, eu já sei. É o primeiro sintoma. A moleza e o cansaço são muito fortes”. Ela também não se descuida nas temperaturas frias, nem é relapsa com a alimentação. “Sempre uso roupas mais quentes para me proteger, bebo muita água e como com frequência frutas e verduras. Se eu não tomar esses cuidados, posso até desmaiar”, alerta. A higiene ambiental é outro fator muito importante. “Minha casa está sempre limpa para evitar poeira. E, quando a minha secretária faz a limpeza, eu saio porque os produtos desencadeiam a crise”.

Carmem ainda se dedica à prática da natação. “Sempre gostei muito de nadar e há seis anos, quando descobri a doença, resolvi voltar para melhorar a minha condição física e a saúde do meu pulmão. Quando não nado, devido ao tempo, vou para o pilates”. Na verdade, a atividade física é um importante reforço no combate às chamadas doenças de inverno. No entanto, segundo Guilherme Costa, é preciso cautela. “É necessário que haja um acompanhamento médico, pois alguns pacientes podem apresentar problemas relacionados ao exercício, o que pode aumentar a probabilidade das crises asmáticas”. A partir de uma avaliação especializada, os exercícios podem, sim, contribuir para a qualidade de vida. “É uma medida isolada em saúde de grande impacto na prevenção das doenças”, assegura Eduardo Jorge.

*Por Marcelo Bandeira

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