O senador Humberto Costa, um dos congressistas que não é réu da Operação Lava Jato, moveu uma peça surpreendente no jogo político ao dar entrevista à Veja desta semana. Mais que entrar nas páginas do principal veículo acusado de golpista pelos defensores de Dilma Rousseff, o pernambucano trouxe um discurso que pode sinalizar o novo tom que o partido pretende oferecer: reconhecer os erros e sugerir um olhar para o futuro. Esse com Lula, em 2018.
Lembrando mais a fase de ‘paz e amor’ do PT que elegeu Lula em 2002, o senador declarou que a sigla precisa falar com outros setores da sociedade “inclusive setores que foram para as ruas iludidos, achando que o problema era o PT e que quando tirassem o PT do poder estaria resolvido”. É para esse público que vestiu verde e amarelo pedindo a queda de Dilma que o senador se volta nesse momento.
Para isso, o discurso do golpe tende a ficar de lado. Nos próximos passos do partido, a queda de Dilma deve ser esquecida. O próprio senador reconheceu que “A população nem quer isso que está aí, mas também não queria o que estava lá com Dilma”. Ao abrir mão da defesa do mandato da ex-presidente, que deixou o governo numa elevada rejeição popular, o caminho fica aberto para o novo. Na verdade, o antigo, mas bem avaliado e popular Lula.
Líder nas pesquisas mais recentes de intenções de votos, o nome de Lula deve ser lançado pelo Partido dos Trabalhadores ainda no primeiro semestre desse ano. Mais de um ano antes do pleito de 2018. Se chegar lá sem uma condenação que inviabilize a candidatura, o ex-presidente ainda é um candidato de peso. Mas, precisa conquistar um eleitorado maior que o petista tradicional. Daí o novo posicionamento de Humberto, que, apesar de oposição, não quer um enfrentamento permanente. “Devemos dizer também que queremos voltar ao poder não para repetir os erros, mas para multiplicar os acertos”, diz o petista.
Se a mudança na estratégia vai dar certo, só o tempo dirá.
*Por Rafael Dantas, jornalista da Revista Algomais (rdantas@smftgi.com.br)