Quais as razões para o novo pico da Covid-19 no Brasil? – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Quais as razões para o novo pico da Covid-19 no Brasil?

O Brasil vive o pior momento da pandemia do novo coronavírus. Nesta semana o País ultrapassou o marco de 2 mil mortes em um dia, superando os Estados Unidos, por exemplo, que observam a queda dos números da Covid-19. Em um cenário de vacinação que não se acelera e com um índice de isolamento social muito abaixo do praticado no ano passado, conversamos com o infectologista Raphael dos Anjos, que apontou 5 motivos para a nova alta da pandemia.

– Relaxamento das medidas de proteção (máscaras, álcool nas mãos) pela população

“Nsse aumento no número de casos o que chama atenção, em especial, é o aumento da população jovem acometida pelo coronavírus e isso se refere ao afrouxamento das medidas preventivas. Muita gente acredita que a gente passou pela pandemia. Mas, muito pelo contrário, a gente está vivendo uma nova onda depois de um ano, com uma alta de casos graves e um aumento no número de novos casos. Essa não é a hora de relaxar, é a hora de intensificar o que a gente aprendeu ano passado. E não é só porque surgiram as vacinas que a gente pode afrouxar essas medidas preventivas”.

– Retorno das aglomerações em eventos e atividades econômicas, impulsionadas pelo fim do auxílio emergencial

“Com o fim do auxílio emergencial muitas pessoas voltaram às ruas por necessidade e com isso foi favorecido o reaparecimento das aglomerações. Essa é outra medida preventiva que foi retirada das práticas diárias. Então, associado a isso, a gente observa esse aumento de casos. Estamos passando novamente por um novo período de restrição de diversas atividades que não são consideradas essenciais para não termos um colapso que já é real no sistema de saúde. Tanto público, como privado”.

– Falsa expectativa de que o início da vacinação é o fim da pandemia (e demora no avanço da vacinação)

“Muitos acham que a vacinação é a cura da pandemia. Ela ajuda bastante, é uma ferramenta importantíssima, mas a gente tem alguns pontos para colocar. Primeiro, a população por completo não é vacinada de maneira imediata. São passos curtos que estamos dando para vacinar as diversas faixas etárias da população. Estamos ainda nos pacientes  acima de 70 anos. Daqui que a gente consiga abranger toda a população isso vai demorar muito. Mas diversos diversos segmentos da população, diversas comunidades, entendem que com a chegada da vacina a gente não precisa mais se preocupar. Ela é apenas uma ferramenta adicional, a gente precisa manter aquelas medidas preventivas.

– Chegada de novas variantes

“Uma coisa que a gente observa em pandemias é a tendência do vírus se transformar, sofrer mutações. Então, com o passar tempo, a gente pode ter uma população de vírus nova. Por isso, a gente está observando descobertas de novas variantes de coronavírus, que a gente não tem a certeza ainda se a vacina é efetiva. A gente precisa ainda observar. E a vacina vai sofrendo modificações também. Talvez a gente precise até retomar uma nova administração delas, isso a gente não sabe ainda. Para evitar novas variantes, a gente tem que pensar na saúde da comunidade. Então, a minha saúde é importante para o próximo, porque eu posso transmitir esse tipo de doença e comprometer inclusive as pessoas que tentam se proteger”.

– Descolamento entre as medidas do poder público e das orientações científicas

“Observamos a divulgação de terapias e de medidas preventivas diferentes do que é comprovado cientificamente em relação à Covid-19. A gente lembra o seguinte, diversos estudos são lançados diariamente e a gente não constatou ainda, não só no Brasil, mas no mundo, nenhuma medida preventiva, fora a higienização das mãos, do distanciamento social e da utilização das máscaras. Então, não existe nenhuma medicação, não existe nenhum tratamento que seja específico para o novo coronavírus. Por isso, a gente alerta a população em relação a disseminação das fake news e do posicionamento errado de diversas figuras públicas que não são da área de saúde”.

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