Neste mês começam ainda as Paralimpíadas, também em Tóquio, no Japão. O Brasil tem tradição nesses jogos e Pernambuco não fica para trás. A redação da Algomais conversou com duas treinadoras pernambucanas estão no País do sol nascente para representar o País. Poliana Cruz, de 35 anos, e Glébia Cristina, de 41, atuam nas unidades do Motivo em Casa Forte, no Recife, e em Caruaru, no Agreste, e fazem parte respectivamente das comissões técnicas nas modalidades da Bocha Paralímpica e do salto em altura.
Para Poliana Cruz, o esporte paralímpico em nosso estado vem crescendo ao longo dos anos através de diversas competições em nível estadual e nacional. “O Estado tem se destacado com a descoberta de diversos atletas novos e muito talentosos. Para avançarmos ainda mais seria necessário uma maior divulgação e um maior conhecimento dentro das escolas sobre o universo paralímpico. Muitos dos nossos atletas em suas escolas , não fazem nem as aulas de educação física , devido a fatores de acessibilidade ou o profissional não se sente seguro para oferecer esse momento só aluno e isso precisa ser modificado”.
A treinadora da Bocha Olímpica afirma que as Paralimpíadas representam um grande impulso para o incentivo das pessoas com deficiência às práticas esportivas. “É uma verdadeira mudança de paradigma, pois em décadas passadas as pessoas com deficiência eram tratadas como pessoas sem nenhum tipo de perspectiva e hoje quando vemos as políticas de inclusão escolar, as pessoas com deficiência ocupando diversos espaços de trabalho e participando de diversas competições, como as Paralímpiadas, é algo muito importante para uma sociedade mais justa e igualitária. A cada Paralímpiada o Brasil vem aumentando e muito o número de sua delegação e batendo diversos recordes de medalhas e isso é fruto também desse processo da inserção cada vez maior das pessoas com deficiência no esportes paralímpicos e na sociedade como um todo”.
Glebia Galvão considera que nunca foi tão importante a prática de atividades físicas para a socialização e ao mesmo tempo a confraternização das pessoas. “O esporte é a maior ferramenta de inclusão social. Através do esporte conseguimos coisas que nenhum outro instrumento consegue, como a interação, socialização e o trabalho em equipe. A competição existe, mas pode ser saudável. Não competir para derrotar, mas para participar”.
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Para incentivar mais as modalidades paralímpicas, ela defende que haja um investimento maior no esporte escolar. “O esporte paralímpico em Pernambuco sempre aconteceu e foi muito forte. Mas no País, não existe um trabalho na base. O trabalho escolar paralímpico é muito fraco. A criança quando chega aos treinadores já está grande, não teve oportunidades quando era menor. É preciso de mais oportunidades, com a inclusão social, desde a infância. Faltam as políticas públicas investirem na base, na escola, na comunidade, para assim a gente formar não campeoões no esporte, mas na vida”.
Ela avalia que para as pessoas com deficiência, vencer uma paralimpiada é sobrenatural. “As pessoas comuns podem tratar esses vencedores como super heróis. Eles não curtem muito. Eles não gostam, pois não são. Mas ao vencer uma prova, vencem o preconceito de uma sociedade que não os aceita da forma como são. Se o esporte é uma ferramenta de inclusão social, para a pessoa com deficiência é a maior de todas. Quando ela supera aquilo ali, ela sabe que nada poderá pará-la, não tem nada mais poderoso que o esporte na vida de uma pessoa com deficiência”, considera a treinadora do salto em altura.
*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)