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A quarta força do futebol nordestino

Claudia Santos

*Por Houldine Nascimento

Pernambuco corre grande risco de virar a quarta força de um claudicante futebol nordestino. Isso porque o Sport, que disputa o Brasileirão, está seriamente ameaçado de cair. Com os rebaixamentos de Náutico e Santa Cruz para a Série C, o estado só teria um representante na Segunda Divisão.

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Caso o descenso rubro-negro seja confirmado, Bahia, Ceará e Alagoas passariam à frente dos pernambucanos: os baianos por terem Bahia e Vitória na Série A; os cearenses pelo Fortaleza na Série B e o Ceará na elite nacional em 2018; e os alagoanos pela dupla CRB e CSA na Segundona.

Não há perspectiva de melhora para a prática futebolística por estas bandas. Além das gestões ruinosas que vêm afundando as principais equipes locais há anos, a Federação Pernambucana de Futebol nada faz para mudar esse quadro. Subservientes, os próprios clubes se curvam aos desmandos de FPF e CBF, resignados com as migalhas que recebem de cotas de TV. Pior do que isso: ajudam quem os maltrata a manter-se no poder. As Federações só existem em razão dos clubes, e não o contrário.

E, se o trio de ferro do Recife passa por apuros, o que dizer do futebol do interior? O Central, que tem tradição e costuma dificultar a vida dos times da capital, não é sombra pálida do que já foi. O estádio Luiz Lacerda, onde manda seus jogos em Caruaru, sofre com a deterioração. Sem falar nas dificuldades financeiras por que passa a Patativa.

Apenas o Salgueiro se apresenta firme, mais por méritos de seus gestores do que qualquer outra coisa. Não há uma política para fortalecer o futebol pernambucano, seja no Recife, Agreste, Zona da Mata, Litoral ou Sertão.

Pernambuco já brilhou no cenário nacional muitas vezes. Em 1966, o Náutico passou por cima do Santos de Pelé em São Paulo. No ano seguinte, o Timbu foi vice-campeão da Taça Brasil, capitaneado por jogadores memoráveis, como Bita, Lala, Gena, Salomão e Ivan Brondi.

O Santa Cruz também viveu momentos de glória, como em 1975, quando chegou às semifinais do Campeonato Brasileiro e teve Ramon como artilheiro dois anos antes. O Tricolor pernambucano também foi o primeiro e dos raros times do Brasil a derrotar nossa Seleção, além de projetar vários craques para o mundo, como Rivaldo, Givanildo, Nunes e tantos outros.

No Brasileirão de 1986, o aguerrido Central não tomou conhecimento do Flamengo e venceu o time carioca por 2 a 1 em Caruaru. No Rubro-negro, havia Jorginho, Bebeto e Zinho em campo sob o comando de Lazaroni.

E o Sport conquistou a Copa do Brasil de 2008 atropelando grandes adversários, foi vice-campeão da Copa dos Campeões após derrubar o São Paulo de Raí e fez campanhas marcantes no Brasileirão, chegando ao topo em 1987.

Que os nossos clubes não fiquem presos ao passado glorioso, mas que se espelhem no que fizeram de bom noutros tempos. O povo pernambucano, tão apaixonado por futebol, não merece vivenciar tanto vexame.

*Houldine Nascimento é jornalista e passa a escrever nas segundas-feiras para a Algomais sobre futebol

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