O Encontro Anual da ASCO, maior congresso do mundo sobre oncologia, revelou ontem (03/06) um resultado inédito que pode mudar a forma de abordagem em relação ao tratamento de pacientes com Câncer de Mama. O estudo clínico TAILORx, fase III, mostrou que para determinados tipos de tumores em estágio inicial não será necessário que a pessoa passe por quimioterapia após a cirurgia. A indicação dos médicos é que mulheres, a partir de um exame genético, poderão ser tratadas com terapia hormonal, mais amena e com menos efeitos colaterais.
A novidade foi apresentada na Sessão Plenária da ASCO, que aborda quatro estudos considerados como tendo o maior potencial para impactar o atendimento ao paciente. De acordo com os autores, metade de todos os cânceres de mama são positivos para HR, negativos para HER2 e negativos para linfonodos axilares. O ensaio mostrou que a quimioterapia pode ser evitada em cerca de 70% dessas mulheres quando seu uso é guiado por uma análise de 21 genes do tumor (Oncotype DX® Breast Recurrence Score).
De acordo com o Dr. Daniel Gimenes, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas em São Paulo, esse resultado é extremamente animador. “Já participei de inúmeras edições do Congresso da ASCO. Esta, porém, está sendo uma das mais relevantes dos últimos anos. O anúncio do TAILORx traz muitos subsídios para os oncologistas e aumenta o poder de decisão do médico para indicar o melhor tratamento para cada tipo individualizado de paciente”, afirma o especialista.
Como já se sabe, os efeitos colaterais de curto prazo que ocorrem durante a quimioterapia têm impacto direto no bem-estar dos pacientes. Entre eles estão náuseas, vômitos, perda de cabelo, fadiga e infecção, e, em mulheres mais jovens, menopausa precoce ou infertilidade. A neuropatia é outro efeito colateral comum, com sintomas que incluem dormência, formigamento ou dor nas mãos e nos pés, que às vezes podem ser permanentes.
Segundo o Dr. Daniel, a indicação da quimioterapia para o câncer de mama sempre ocorreu por falta de outros recursos. Esse cenário, agora, mudou. “As descobertas terão um impacto imediato na prática clínica, poupando milhares de mulheres dos efeitos colaterais da quimioterapia. O suporte do teste genético, que analisa 21 genes do tumor, fornece uma informação mais precisa a respeito da real necessidade do tratamento pós operatório. Hoje, mais do que nunca, a medicina de precisão é uma grande aliada das pessoas em tratamento”, comenta.
O oncologista explica que, com base em evidências de vários estudos anteriores, o Oncotype DX já é amplamente utilizado para fornecer dados prognósticos sobre o risco de recorrência do câncer de mama e prever quais pacientes são mais propensas a obter um grande benefício da quimioterapia.
“O teste é realizado em uma amostra de tecido tumoral. Dependendo da pontuação do exame genético, a indicação de quimioterapia pode ser abolida, sendo substituída pela hormonioterapia”, afirma o Dr. Daniel.
Sobre a ASCO
ASCO é a abreviatura para American Society of Clinical Oncology – ou Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em tradução para o português. A entidade foi fundada em 1964 por sete oncologistas que tinham a finalidade de melhorar o atendimento dos pacientes com câncer. Na época, o câncer era visto como uma doença incurável, com poucas terapias – difíceis de tolerar e quase sempre ineficazes. O estigma e o silêncio deixaram muitos pacientes com pouco apoio ou informação.
Ao longo de cinco décadas, a ASCO e seus membros estabeleceram e avançaram no campo da oncologia clínica moderna. De muitas maneiras, a história da ASCO é a história do progresso contra o câncer. Dos sete membros originais, hoje são mais de 40 mil. Nesse período, o número de medicamentos disponíveis para tratar o câncer aumentou significativamente. E, o mais importante, os pacientes estão vivendo mais e muito melhor.
Para mais informações, acesse https://am.asco.org/