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Rali a pé: corrida de orientação contribui para cuidado com o corpo

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Uma área ampla verde, mantimentos, bússola, mapa e disposição. Esses são os equipamentos necessários para praticar a corrida de orientação, modalidade esportiva que nos últimos anos vem conquistando os apaixonados pela natureza e por desafios. Ela é considerada por quem pratica como uma espécie de rali a pé, já que assim como acontece na competição automobilística, o praticante passa por vários obstáculos numa trilha distante da vida urbana, percorrendo pontos de marcação, com o intuito de chegar ao fim da prova e ser o vencedor.

A origem da corrida remonta às atividades militares, de origem europeia, cuja função era entreter a tropa no dia a dia. Ao longo do tempo começou a ser utilizada com o objetivo de aliar exercícios físicos e educação ambiental. Hoje a prática da corrida oferece ainda os mesmos benefícios. “Possibilita exercitar-se por meio das caminhadas, contato com a natureza e ar puro. Permite também uma relação social ampla e saudável porque as corridas de orientação no Estado possuem um número considerável de participantes que dependendo das provas, pode chegar a quase 150 competidores”, afirma Sérgio Bandeira, diretor da Odisseia, empresa que realiza atividades esportivas e campeonatos dentro e fora de Pernambuco.

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“Além do bem-estar, a corrida propicia uma percepção espacial diferenciada de quem não lida com mapas, e ainda permite posicionar-se tendo como referência a posição do sol e da sombra”, acrescenta Bandeira. “Outros tipos de conhecimentos também são desenvolvidos, como o matemático, por trabalhar com graus e ângulos na utilização da bússola, fornecendo a quem pratica autonomia e segurança”, garante.

De acordo com as regras da corrida, o participante deve percorrer uma área desconhecida por ele, tendo o tempo e as adversidades do lugar como inimigos. “Não basta ter apenas os equipamentos, é preciso também saber utilizá-los para que se encontrem os pontos de controle marcados no território em menor tempo”, explica Sérgio Bandeira. Ganha quem encontrar a melhor rota, achar todos os pontos marcados no território e chegar mais rápido. As categorias são montadas de acordo com o sexo, idade e grau de dificuldade.

Apesar de não ser uma modalidade muito fácil de praticar, Sérgio Bandeira, explica que não existe contraindicação para quem deseja praticar a corrida, salvo restrição médica. “Os cuidados são os mesmos com pessoas que desejam realizar uma atividade física. Apenas em casos em que o praticante tenha impossibilidades do ponto de vista médico ou físico como doença cardiovascular”, orienta.

Na Europa já existem pistas de orientação adaptadas para deficientes visuais e cadeirantes. “Em Pernambuco, em algumas competições já tivemos praticante cego e ele contou com a ajuda de um auxiliador durante toda prova. A corrida de orientação pode ser também praticada por crianças a partir dos 5 anos de idade, porque alguns campeonatos estaduais oferecem a categoria infantil acompanhada, que propicia aos pais levarem os filhos dentro de uma pista mais curta, com menos desafios. Entre os tipos de modalidades que podem ser encontradas na orientação estão: pedestre, mountain bike, precisão (para pacientes com necessidades especiais) e esqui (praticado em países onde há neve). Mas elas não são praticadas simultaneamente.

No entanto, existe um outro tipo de esporte chamado corrida de aventura, que também é realizado num ambiente natural, com seus adeptos praticando um conjunto de modalidades: trekking (trilha a pé), canoagem, mountain bike além da corrida e geralmente é praticada em duplas ou equipes. O tempo de duração de uma corrida de aventura também é mais demorado, pois envolve o percurso de 50 km a 600 km, podendo durar 15 dias de prova.

Atualmente existe mais de 15 mil praticantes filiados à CBO (Confederação Brasileira de Orientação) e 28 equipes praticando o treck fit, modalidade que tem como base a corrida de orientação. No Recife, Tiago Siqueira, da equipe Coordenadas, que conta com 15 pessoas, começou a praticar a corrida em 2016, de forma despretensiosa, participando de circuitos, na categoria “Curtição”.

No ano passado, eles decidiram se aventurar na categoria “Competição” e alcançaram o segundo lugar em uma das provas (visto que são várias etapas) e no ranking geral, ficaram na terceira colocação, dentre as 31 equipes participantes. “É preciso deixar claro que isso não é uma profissão, então não tem porque ser levado tão a sério. É importante ter espírito competitivo, mesmo que perca. Os benefícios que a corrida proporciona, como condicionamento físico e orientação, já valem à pena”, justifica Siqueira, que trabalha como consultor em gestão.

A professora de Educação Física, Tatiane Felix, 37, conta que há quatro anos pratica corrida de orientação. “Sempre fui atleta na época da escola. Pratiquei atletismo, basquete e futsal”, conta. Nascida em Caruaru, foi para a Paraíba prestar vestibular há 20 anos. Lá ela foi apresentada pela cunhada à corrida. “Logo de cara me apaixonei pelo esporte, pois transmite a sensação de liberdade, de correr em lugares desconhecidos, sem ter ideia de como meus adversários estão se saindo na prova. Com isso, você tem que fazer o seu melhor e, assim, poderá ser o campeão”, relata.

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