Recife e São Paulo entram na rede internacional Fab City – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Recife e São Paulo entram na rede internacional Fab City

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O Recife e São Paulo entram, em 2019, na Rede Fab City. A rede reúne cidades em torno do compromisso de evitar o colapso dos centros urbanos até 2054, quando 70% dos moradores do mundo estarão vivendo em cidades, não mais no interior. No Brasil, outras três cidades estão na rede: Sorocaba e Belo Horizonte, desde 2018, e Curitiba, desde 2017. No mundo são, atualmente, 28 cidades, incluindo Paris, Santiago, Boston e Chicago. Ao final do evento desta semana o número será atualizado – entram também na rede Nova York, Dubai, Nairóbi, Lima e Beirute, por exemplo. A iniciativa global foi criada em 2014 pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), a Fab Foundation e o Institute for Advanced Architecture of Catalonia (IAAC).

Uma Fab City precisa reunir três players: a prefeitura da cidade, um Fab Lab e um representante da sociedade civil – no caso do Recife, é a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) quem assume esse papel. Também podem fazer parte a comunidade criativa, cidadãos ativos e empreendedores que vão atuar no desenvolvimento e compartilhamento de projetos. “É um grande Think Tank Global para reimaginar as cidades para o futuro”, afirma Cris Lacerda, do Fab Lab Recife. Nesta terça-feira (18) ela segue para Amsterdã junto com um de seus sócios, Edgar Andrade, e também Rogério Morais, diretor executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife.

No Fab City Summit na cidade holandesa, após exibição de um vídeo do prefeito do Recife, Geraldo Julio, e da leitura da carta de compromisso assinada por ele, Recife será homologada como integrante da rede. Os representantes das cidades também participam, ao longo da semana, de uma série de atividades e da construção coletiva de um manual de boas práticas.

Manifesto

A cada ano, no encontro, alguma construção coletiva é feita. Como o manifesto Fab City, composto por dez itens. Ecologia
é o primeiro: as cidades engajadas na iniciativa devem buscar um futuro com zero emissão de poluentes e respeito aos recursos naturais. O texto também defende políticas públicas inclusivas, compartilhamento de saberes, crescimento econômico, emprego e participação dos cidadãos nas tomadas de decisões. Ainda de acordo com o texto, para transformar as cidades em ecossistemas vivos e resilientes é preciso dar prioridade às pessoas e à cultura.

A filosofia do código aberto é encorajada, bem como a experimentação e inovação.
Leia o manifesto na íntegra: https://fab.city/uploads/Manifesto.pdf

Uma das ideias para este ano é desenhar projetos e tornar as cidades 50% mais autossustentáveis até 2054. Para saber como isso é na prática, basta lembrar da greve dos caminhoneiros, em 2018, quando faltou até alimentos nos supermercados e cidades inteiras quase pararam. “Ali a gente viu o quanto uma cidade depende de outras para o seu abastecimento, precisando deslocar mercadorias com uma grande emissão de gases e impacto no meio ambiente”, cita Cris Lacerda, uma das sócias do Fab Lab Recife. Ela explica que hoje a economia adota um modelo linear, com a sociedade baseada no consumo desenfreado e no paradigma industrial PITO, Product-In/Trash-Out. Ou seja: produtos chegam na cidade e geram lixo.

Localmente produtiva, globalmente conectada

Na era digital, a economia não é linear, mas em espiral, e o modelo PITO perde o sentido. “Se tenho uma fábrica local de cadeiras, vou precisar da produção de grandes lotes, caminhões e contêineres para enviá-las a outras cidades e países. Por que não comercializar o arquivo do projeto da cadeira? E o que se desloca de um lugar para outro é digital. Através de Fab Labs e sistemas locais de produção você mesmo fabrica com o material e a quantidade exata que quer”, explica Cris. Passa a valer o modelo urbano
DIDO – Data-In/Data-Out, ou seja, dados saindo e entrando nas cidades. “Com a fabricação digital somada à produção local forte e às conexões globais, é preciso criar programas para fortalecer esse modelo”, explica Cris.

A ideia vale para vários temas: produção de energia, agricultura urbana, criptomoedas e educação para o futuro, por exemplo. O site da rede Fab City tem uma série de projetos para repensar as cidades, com inúmeros exemplos de ações de cidadania ativa e participativa.

A programação em Amsterdã vai da hoje (18) até a sexta (22) e começa com um tour pela cidade junto com os representantes das outras Fab Cities brasileiras para conhecer projetos com essa temática e o empreendedorismo local. Durante a semana está acontecendo na cidade o festival We Make The City e, dentro dele, uma trilha de conteúdos que ligam Cidades e Educação. Link: https://wemakethe.city/en/

Uma das propostas para a estratégia Fab City Recife é expandir o sistema territorial de inovação da cidade, atualmente centrado no Bairro do Recife, fortalecendo a diversidade social. E o Fab Lab Recife já tem projetos com essa proposta, o programa Jornada Maker, que leva junto com a Prefeitura do Recife a experiência dos laboratórios de fabricação digital e da educação maker a escolas públicas da rede municipal, transformando-as em locais para a resolução de problemas pela própria comunidade através do uso de novas tecnologias.

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