Medicina e dramaturgia sempre atuaram juntas na trajetória de Reinaldo de Oliveira, 87 anos, o mais novo biografado da coleção Memórias, da Cepe Editora. Reinaldo de Oliveira - do bisturi ao palco, não poderia ter tido melhor autor: Antonio Edson Cadengue, pesquisador de teatro e psicólogo. Para eles e para o pai de Reinaldo, Valdemar de Oliveira, não existia vida sem arte, sobretudo a arte teatral.
O livro de 260 páginas, que será lançado no dia 23 de março, às 19h, na Academia Pernambucana de Letras, é movido pela admiração de Cadengue por Reinaldo, “esse homem que foi tão bom no palco e tão comprometido como médico”, diz o autor.
A obra traz um recheio rico de fotografias históricas de personalidades e fatos públicos e privados de meados do século 20 que permeiam o caminho de uma das mais importantes figuras do teatro pernambucano e grande defensor do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). O legado aprendido desde a infância de Reinaldo com seu pai, Valdemar. Como diz Cadengue, “há alguma poesia nessa prosa”.
Sem pretensões de analisar a obra de Reinaldo, Cadengue busca reter, através de longas entrevistas, pesquisas em livros, artigos de jornal e blogs, e fotografias reunidas pela enteada do teatrólogo, a fotógrafa Yêda Bezerra de Mello, o máximo possível dos ‘causos’, da personalidade, do sentimento de Reinaldo, gerando uma narrativa que parece escrita em primeira pessoa. “Usei muito do olhar e da experiência dele para escrever o livro; Reinaldo tem uma memória prodigiosa””, revela Cadengue, que pesquisou o TAP de 1941 a 1991, e assim conheceu o teatrólogo.
A dedicação de Reinaldo ao TAP em uma época em que muitos enxergavam como “uma pálida cópia do teatro profissional” é, portanto, um dos destaques da publicação. “O TAP foi um dos fundadores da cena moderna no País”, defende Cadengue, que admira Reinaldo principalmente como ator e lamenta que essa faceta tenha sido escanteada em nome da função de braço direito do pai. Muitas vezes, Reinaldo precisou ocupar funções como a de iluminador, por exemplo. Mas tal como Valdemar, trazia a arte como rumo de vida, e também transitou pela música e literatura. Diz ele: “Bisturi que se reveza com a pena, não sabendo eu, hoje, se o bisturi escreve ou se a pena corta”.
SERVIÇO
Reinaldo de Oliveira - do bisturi ao palco (Cepe Editora)
Autor: Antônio Edson Cadengue
Lançamento: 23 de março (sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Academia Pernambucana de Letras (Av. Rui Barbosa, 1596 - Graças)