Renomado roteirista Doc Comparato traz seminário de roteiro ao Recife

“O roteiro é a crisálida, enquanto o filme é a borboleta. É possível fazer de um bom roteiro, um filme ruim, mas é impossível fazer um bom filme com um roteiro ruim”, defende Doc Comparato, renomado roteirista e dramaturgo, que apresenta seu Seminário Da Criação ao Roteiro, em Recife, entre os dias 5 e 9 de setembro, 5 a 9 de setembro, das 9h às 12h, no Recife Office Rooms, em Boa Viagem, sob a batuta da Art & Sonhos Produções.

Com mais de trinta anos dedicados ao audiovisual, Luiz Felipe Loureiro Comparato ou mais comumente Doc Comparato nasceu no Rio de Janeiro. Médico de formação, recebeu uma bolsa de estudos nesta área na Inglaterra, nos anos 70. Já de volta ao Brasil, se dedicou ainda por dez anos tanto ao ofício da saúde, em paralelo à escritura de livros e roteiros, entre os quais materiais para várias séries e minisséries da Globo, Record e Emissoras de Televisão da América Latina e Europa, até que em 1980, após convite do cineasta Bruno Barreto, para escritura do roteiro de ‘’Beijo no Asfalto”, Doc decide mergulhar de vez no cinema, literatura, teatro e televisão.

Entre seus trabalhos estão o best-seller Roteiro, livro didático sobre o assunto, traduzido para países da América Latina e Europa; assim como Da Criação ao Roteiro – considerado clássico da bibliografia sobre roteiros no Brasil, também traduzido para aquelas localidades. No currículo do carioca, se destacam ainda as primeiras séries brasileiras: Plantão de Polícia, Quarta Nobre, Mulher e A Justiceira, bem como minisséries produzidas para TV, como Lampião e Maria Bonita (1982), primeira minissérie latino-americana, e O Tempo e O Vento (1985) – esta última baseada na obra homônima de Érico Veríssimo.

Transeunte entre as artes literárias e cinematográficas/televisivas, Doc – que já trabalhou ao lado de grandes mestres da escrita mundial como os Prêmios Nobel de Literatura, José Saramago e Gabriel Garcia Márquez (com este último na série Me Alugo para Sonhar para a TVE espanhola, também disponível em livro), confessa que nem sempre um bom roteirista saberá escrever um bom livro ou um autor de teatro não será, necessariamente, um bom roteirista. “No roteiro e no teatro a palavra é explícita. Na literatura o uso da palavra é implícito. Cada um tem sua técnica, sua linguagem, seu jeito de atingir o público, por isso tento dominar as técnicas específicas empregadas em cada suporte e retransmiti-las da melhor maneira possível”, pontua.

Doc acrescenta: “A literatura é o princípio de tudo. Basta dizer que o roteiro é escrito, ele não é dito, nem exibido. O roteiro é apresentado no papel, o que faz dele, de certa forma, um gênero literário. O que define um bom roteirista, por sua vez, é a capacidade de contar uma história com clareza, técnica e emoção. E principalmente com a imagética: pensar em imagens. ”

Pela primeira no Recife, Comparato apresenta o seminário Da Criação do Roteiro, dividido em cinco encontros e já ministrado em alguns países da Europa e América Latina, que abordará as etapas que constroem o roteiro. “Falaremos sobre a ideia, conflito, personagens, ação dramática, tempo dramático e unidade dramática. A perspectiva é fazer com que os alunos descubram que o roteirista tem que vencer uma série de obstáculos como: Qual é a minha ideia? Que conflito vou explorar? Quem vai viver essa história? Quando? Onde? Como vou construir essa história? Por que que estou contando isso? Aonde vou chegar?”, detalha. Confira a pequena entrevista cedida pelo roteirista:

Como você avalia o atual cenário de produção cinematográfica/televisiva no Brasil e no mundo?

No atual cenário existe muita opção, já que existem diversas mídias para exibição desses materiais. Mas, tanto hoje como no passado, está valendo a assertiva do cineasta russo Serguei Eisenstein que disse que 70% da produção cinematográfica é ruim, 20% são bons, e apenas 10%
dos filmes produzidos são realmente imperdíveis. (risos)

Como o cinema pernambucano se encaixa nesse cenário?

Atualmente os melhores e mais originais filmes produzidos no Brasil são oriundos do cinema pernambucano. Não por acaso, nas últimas três edições do Festival do Rio, o prêmio de Melhor Filme ficou com produções de Pernambuco, como O Som ao Redor, Sangue Azul e Boi Neon. Acho que o cinema pernambucano está vivendo um grande momento, mas precisa de mais investimento. Acho importante para o Brasil que exista um núcleo de produção cinematográfica fora do eixo Rio-São Paulo. Isso está oxigenando a produção nacional, e principalmente o reconhecimento da profissão de roteirista.

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