Com um mês de isolamento, a Áustria começou a reabertura das atividades na metade de abril. A partir de 1º de maio quase tudo passa a ser liberado. Vivendo a 20 km da capital Viena, em Baden bei Wien, Bernardo Carvalho, 28 trabalha e estuda microbiologia e genética na Universidade de Viena.
Bernardo segue trabalhando na universidade, enquanto a mulher está em home office. Os dois dividem o tempo para cuidar do filho, que ainda não pode visitar os avós. Desde 13 de março, comércio e restaurantes foram fechados e houve redução grande de circulação nas ruas. “O isolamento pra mim e minha família não tem sido tão difícil. A gente teve que arrumar nossos horários para enquanto um trabalha o outro pode ficar com nosso filho.
Bernardo relata que o país vinha de quatro meses de muito frio, devido ao inverno, e que uma melhora na temperatura contribuiu para enfrentar as últimas semanas. “Um clima mais quente e um sol mais forte fazem uma enorme diferença. Embora todos os parques estejam fechados, aqui na cidade há vários vinhedos que são cortados por uma rodovia de bicicleta. Com o tempo bom, em março, deu para fazer passeios”. Ele relata que no final de março, o governo chegou a pedir para evitar andar de bicicleta por conta do aumento de acidentes. “Também usamos o tempo em casa pra arrumar algumas coisas em casa que estavam pendentes, uma outra boa consequência boa foi passar mais tempo com meu filho que com universidade e trabalho é um pouco difícil. Acho que a quarentena teve vários aspectos positivos, eu tive mais tempo pra ler, voltei a tocar violão, mias tempo com minha esposa e filho, enfim, acredito que a quarentena pode ser também uma experiência boa, depende de como cada um usa esse tempo”.
Bernardo avalia que culturalmente os austríacos tem um comportamento bastante regrado, fato que reforçou o isolamento no País. “Eu acredito que isso, nesse caso, é um fator contribuinte para que a quarentena tenha dado certo. O governo também foi sempre bem claro em relação as medidas e sempre que possível apresentava planos de como iria se seguir. Acho que isso também deu certa confiança à população”.
A volta à normalidade começou com a reabertura, em 12 de abril, de lojas de construção e pequenos comércios (até 400 m²). Todos são obrigados a usar máscaras e os trabalhadores usam também luvas. “Só é permitido um cliente a cada 20m². As pessoas devem se manter a 1,5m umas das outras. Em 1º de maio, shoppings e grandes centros de compras serão reabertos, provavelmente nos mesmos parâmetros de segurança. No dia 15 de maio as escolas primárias devem ser reabertas”, estima Bernardo.
As viagens para fora do País ainda serão discutidas com os países vizinhos, segundo Bernardo. No entanto a expectativa é que seja possível viajar somente a partir de junho. “O governo também deixou claro que a gente não deve esperar que a rotina volte ao normal. Até agora, na minha percepção, a reabertura está sendo tranquila. As pessoas ainda estão evitando ir às lojas.”