Falar de ergonomia no ambiente de trabalho não se trata apenas de conforto, mas de boas condições de trabalho. “Hoje em dia, grandes empresas já entendem que a partir do momento que se promove o bem-estar no ambiente corporativo, se ganha em saúde e produtividade. A qualidade da produção não está só no resultado final do produto, mas como ele é feito. E a saúde do trabalhador faz parte disso”, explica o coordenador de segurança do trabalho do Grupo Trino, Wilson Leite.
A Norma Regulamentadora 17 (NR 17), fala sobre a aplicabilidade da ergonomia no ambiente de trabalho e a importância de manter a saúde ocupacional do empregado. E engana-se quem pensa que a ergonomia se resume ao aspecto físico. O tema também está relacionado ao estudo do ambiente de um modo geral. Luminosidade e mobília são alguns itens que também devem ser pensados em função da melhor relação entre o trabalhador e o equipamento de trabalho.
“As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e as Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho (DORTs) são os principais resultados da ausência de atenção à ergonomia. Doenças da coluna, como lordose, cifose e até hérnia de disco são algumas das principais enfermidades que podem estar relacionadas ao trabalho. No entanto, trabalhar com baixa luminosidade também pode causar stress, fadiga e dor de cabeça”, afirma Wilson Leite.
Já em 2014, o Ministério do Trabalho e Previdência Social registraram 251,5 mil afastamentos devido a casos de DORTs. A dor nas costas foi a causa do afastamento, por no mínimo 15 dias, de 116 mil trabalhadores, só em 2016. Essa é uma das doenças ocupacionais que mais afasta pessoas das funções no Brasil. Em 2016, a Previdência Social apontou que só no primeiro trimestre foram mais de 24 mil afastamentos por DORTs.
De acordo com o especialista em segurança, desde a revolução industrial, as doenças ocupacionais são uma grande realidade. Esforço físico intenso, local de trabalho inadequado, levantamento e transporte manual de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalhos em turno e noturno, jornada prolongada e monotonia e repetividade são as principais causas dos riscos ergonômicos.
Para o empregador, os riscos de não estar atento as questões ocupacionais vão além de perder um funcionário para a licença médica. Ele precisa estar atento às normas regulamentares. “O empresário corre o risco de ser penalizado e multado por um fiscal do Ministério do Trabalho caso não esteja cumprindo as normas previstas na NR 17 ou se verifique que há um grande número de pessoas com doenças ocupacionais na empresa”, conclui Wilson Leite.