Salgueiro implanta serviço inédito no Norte-Nordeste para diagnóstico de Hipertensão Arterial

No Brasil, de acordo com dados de 2018 da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a prevalência de hipertensão arterial (HA) na população adulta varia de acordo com o grupo estudado e o método de avaliação, mas oscila entre 31% a 35,8% dos indivíduos. Muitas vezes, entretanto, a aferição feita em consultório pode não corresponder à real oscilação dos valores da pressão arterial do paciente durante sua rotina, o que resulta em diagnósticos equivocados. Visando tratamentos mais assertivos e dados mais precisos sobre a incidência desta doença na população, o município de Salgueiro, localizado a 513 km do Recife, acaba de implementar um serviço inédito no Norte-Nordeste para diagnóstico da hipertensão arterial nas suas 20 unidades básicas de saúde: a MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial), método diagnóstico largamente utilizado nas clínicas privadas de todo o país, mas só disponibilizado no SUS em estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Trata-se de um exame destinado a fazer os registros da pressão arterial por longo período de tempo, fora do ambiente do consultório. As medidas são realizadas por indivíduo treinado para tal (o paciente ou qualquer outra pessoa), com equipamento validado, calibrado e provido de memória. A MRPA é realizada com aparelhos automáticos, digitais e com armazenamento dos dados no equipamento para emissão dos laudos. Esses monitores possuem certificado de validação internacional corroborado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). As medições são realizadas no paciente durante o período de cinco dias, em ambiente domiciliar, em horários estabelecidos pelo protocolo do exame. Ao final deste prazo, o paciente devolve o aparelho na Unidade Básica de Saúde (UBS), e os dados são transferidos por tecnologia Bluetooth para a plataforma TeleMRPA (https://www.telemrpa.com/). Estas informações são processadas e, posteriormente, analisadas pelo cardiologista responsável pela emissão dos laudos, disponibilizando ao paciente para apresentação ao médico na UBS.

De acordo com o presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o pernambucano Audes Feitosa, atualmente, este serviço só está disponível via rede pública nas cidades de Campos do Jordão (São Paulo), Lucas de Rio Verde (Mato Grosso) e Coxilha (Rio Grande do Sul). Algo que, ainda segundo ele, contribui para um diagnóstico mais realista e, consequentemente, para o uso racional dos medicamentos. “Mais de um terço dos pacientes apresentam pressão arterial com valores diversos, para mais (a chamada hipertensão do avental branco) ou menos (a hipertensão mascarada), no consultório. Então, devido a esta variabilidade, é preciso fazer mais medidas ao logo de determinado período para se ter certeza do valor”, afirma complementando que no caso dos hipertensos em estágio 1 que vão ao consultório, apenas metade possuem o diagnóstico confirmado enquanto 20% dos pré-hipertensos apresentam hipertensão mascarada. “Os efeitos do uso indevido do remédio podem ser hipotensão, tontura, mal-estar, além de outros específicos do remédio. Por outro lado, a falta da medicação para quem precisa pode trazer ainda consequências piores, como a mortalidade”, explica.

O cardiologista Elder Gil, responsável pelos laudos dos exames de MRPA no município de Salgueiro, explica que outro benefício da implementação do exame é ter um diagnóstico local mais preciso do problema. “Nos próximos dois anos, teremos um panorama da prevalência de Hipertensão Arterial, bem como dos seus fenótipos (Hipertensão do Avental Branco, Hipertensão Mascarada e Normotensão) no município. O uso da MRPA na rotina do médico da família melhorará a adesão medicamentosa e aumentará as taxas de controle da pressão arterial, além de possibilitar uma melhor verificação da eficácia do tratamento anti-hipertensivo”, acredita, salientando que sente orgulho, como sertanejo, de ver o município de Salgueiro despontando como pioneiro na implantação de um método diagnóstico para hipertensão arterial no SUS, acessível a todos. “Isto é de extrema importância, visto que se trata da doença de maior prevalência na população adulta brasileira e de maior impacto na saúde cardiovascular por aumentar riscos de infarto do miocárdio, AVC, insuficiência renal, dentre outras patologias”, relata.

A secretária de saúde do município de Salgueiro, Adja Barros, afirma que os aparelhos estão sendo disponibilizados às unidades de saúde seguindo uma programação que teve início na semana passada. “Será um para cada unidade neste primeiro mês de adaptação, aumentando progressivamente conforme a demanda gerada. Cada UBS atende, individualmente, entre 1200 a 3000 pacientes, muitos deles portadores ou com suspeita de hipertensão. Vamos disponibilizar o exame para muitos usuários neste início, e a cada semana avançaremos no diagnóstico preciso da hipertensão. Dentro de dois a três meses, este número deve dobrar. Com este diagnóstico local, faremos um mapeamento mais adequado dos casos de hipertensão no município que nos ajudará a planejar as ações de diagnóstico e controle dos portadores da doença que compreendem um terço da população adulta aproximadamente” considera.

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