*Por Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (Secretária Regional SBPC-PE) e Maria do Carmo Figueredo Soares (Sócia da SBPC Regional-PE)
Março 2023, iniciamos visibilizando as mulheres eleitas para a Secretária Regional de Pernambuco (SBPC-PE). Foram 4 mulheres em um universo de 21 cientistas que se comprometeram a apoiar e estimular a ciência, defender a liberdade de pensamento e obter recursos para a realização de pesquisas científicas, de eventos e de atividades fomentando o compromisso ético na divulgação científica. Tratam-se de pessoas que têm contribuído, desde 1951 quando da fundação da nossa regional, ou seja, ao longo de 72 anos, no processo de diálogo entre a ciência e a sociedade.
Quatro mulheres que romperam o “teto de vidro” e o “labirinto de cristal”, ao superarem obstáculos e contribuírem para modificar a inclusão subalterna das mulheres nas ciências e sub-representação feminina nas posições de prestígio no campo científico (Lima, 2013)1. Estas cientistas foram: Naíde Regueira Teodósio (Gestão 1971-1973), Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira (Gestão 2011-2015), Maria do Carmo Figueredo Soares (Gestão 2019-2021) e Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (Gestão atual, a partir de 2021).
São 10 anos da liderança feminina para 62 anos de liderança masculina, esta diferença deve-se à socialização e a naturalização da identidade das meninas e mulheres fundamentadas na predominância do espaço privado, em detrimento do público e da divisão desigual do trabalho doméstico, além dos preconceitos existentes em uma sociedade patriarcal.
As conferências das mulheres e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especificamente o ODS, no 5 referem-se a igualdade de gênero, que consiste em empoderar todas as mulheres e meninas, eliminar todas as formas de discriminação e violência as quais estão historicamente submetidas, seja nas esferas públicas e privadas e possibilitar a participação plena e efetiva das mulheres, a partir da igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública. Precisamos celebrar as conquistas, mas termos consciência do caminho e da necessidade de novas conquistas solidárias.
É importante também explicitar as ações afirmativas desenvolvidas no Brasil, para visibilizar as mulheres na ciência, entre elas:
1) O Programa Mulher e Ciência, uma política pública criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq para “estimular a produção científica e a reflexão acerca das relações de gênero, mulheres e feminismos no País; promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas” e,
2) O Prêmio Carolina Bori Ciência e Mulher, criado em 2015, pela SBPC, com os objetivos de fomentar a inclusão das mulheres na ciência e contribuir no aumento da participação das novas gerações de cientistas,
3) o Progama Futuras Cientístas cujo objetivo consiste em ampliar o acesso de meninas e mulheres às áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, incentivando-as a buscarem carreiras nessas áreas. Entre os módulos do programa estão: imersão científica, banca de estudos, mentoria e estágios;
4) o movimento Parent in Science criando guia com ações que podem ser adotadas em instituições de ensino e pesquisa visando auxiliar o processo de mudança sóciocultural. Disponível em: https://bit.ly/guia_pis_apoio_mulheres_ciencia . O guia chama a atenção à necessidade de “um compromisso contínuo e real para proporcionar igualdade de oportunidades para as mulheres na ciência, para que elas possam alcançar seu potencial e contribuir plenamente para a sociedade e a ciência”.