Seleção francesa vai da decepção à glória

*Por Houldine Nascimento

Em certos casos, uma derrota ajuda a amadurecer. Em 10 de julho de 2016, a França decidiu com Portugal a Eurocopa, em Paris, e era favorita ao título. A atmosfera do Stade de France, com mais de 75 mil torcedores empurrando a seleção bleu-blanc-rouge, conspirava para tal. Um aditivo para a crença francesa no triunfo foi a saída precoce do principal nome português, Cristiano Ronaldo, lesionado aos 23 minutos de jogo.

Naquele duelo, os franceses pressionaram muito, mas o goleiro Rui Patrício estava num dia inspirado. O tempo passava e a tensão aumentava. Portugal se segurava como podia. O cansaço abateu o time que mais atacou e a resistência lusitana foi premiada no segundo tempo da prorrogação, com o gol de Éder, que calou o estádio. O dolorido revés diante da torcida fez a seleção francesa crescer.

Didier Deschamps, campeão mundial pelo país como jogador em 1998 (era o capitão), seguiu no comando técnico. Dos jogadores que atuaram naquela final, seis foram titulares durante a campanha na Copa do Mundo de 2018, conquistada nesse domingo (15): Lloris, Umtiti, Pogba, Matuidi, Griezmann e Giroud. Dois anos atrás não havia Varane, Hernandez, Pavard e Mbappé. O volante Kanté, um dos alicerces do bicampeonato, era reserva.

No processo de ajustes até o Mundial, a Federação Francesa de Futebol deixou Karim Benzema fora da seleção por ter sido implicado em um escândalo, em que chegou a ser preso. O atacante do Real Madrid se envolveu numa chantagem ao jogador Mathieu Valbuena por conta de um suposto vídeo íntimo do colega. Sem Benzema, os franceses foram vice-campeões da Europa e terminaram na liderança do grupo A das Eliminatórias, com 23 pontos, assegurando vaga direta para a Copa.

BICAMPEONATO NA RÚSSIA – Quis o destino que a nova conquista viesse na Rússia, em atrito diplomático com o governo francês. Numa final bastante movimentada, a França bateu a Croácia por 4 a 2, no estádio de Luzhniki, em Moscou. O primeiro gol da disputa nasceu de uma falta inexistente. Pivô do lance, Griezmann foi para a cobrança, aos 17 minutos, e Mandzucic desviou de cabeça para a meta do companheiro Subasic. Sim, o gol que abriu o placar na decisão foi contra.

Os croatas demonstraram a valentia dos demais jogos e rapidamente chegaram ao empate com Perisic, aos 27. O autor do 1 a 1 cometeu pênalti ao interceptar um escanteio com a mão. Após mais de um minuto de paralisação para consultar o VAR, o árbitro argentino Néstor Pitana assinalou a infração. Aos 35 minutos, Griezmann deslocou Subasic e pôs a França de novo na frente.

Apesar do desgaste das partidas anteriores, em que enfrentaram prorrogações, os croatas tinham a maior posse de bola e propunham o jogo. A primeira etapa terminou do jeito que os franceses queriam, com vantagem no marcador. No segundo tempo, a Croácia desmoronou com os gols de Pogba, aos 13, e Mbappé, aos 19 minutos. Virou goleada.

A decisão ganhou contornos emotivos, aos 23, graças à falha do goleiro Lloris, que recebeu uma bola recuada de Varane e tentou driblar Mandzucic. Ligado, o centroavante croata interceptou a bola e deu um toque para o gol. Daí em diante, os franceses não correram riscos e administraram a vitória até o apito final.

A CAMPANHA – Foi uma campanha convincente com seis vitórias e um empate. Na primeira fase, terminou na liderança do grupo C com sete pontos: 2 a 1 sobre a Austrália na estreia, 1 a 0 contra o Peru e empate sem gols contra a Dinamarca. Nas oitavas, eliminou a Argentina ao vencer por 4 a 3. Nas quartas, o adversário foi o Uruguai, mandado de volta para Montevidéu (2 a 0). Após despachar duas seleções bicampeãs mundiais, a França enfrentou a Bélgica e ganhou por 1 a 0. Os franceses se mantiveram focados até o título.

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