Taxa de 15% ao ano trava crédito, inviabiliza investimentos e amplia desigualdade com grandes empresas
Na semana em que o Copom define a nova taxa básica de juros, o mercado aposta na manutenção da Selic em torno de 15% ao ano. A sinalização de que cortes só devem ocorrer a partir de 2026 preocupa diretamente as micro e pequenas indústrias brasileiras, que enfrentam dificuldades crescentes para financiar capital de giro, adquirir equipamentos e manter competitividade. Para o governo, a taxa elevada representa estabilidade no controle da inflação; para os pequenos negócios, significa travar investimentos e reduzir capacidade de sobrevivência.
Segundo Joseph Couri, presidente do Simpi Nacional, o cenário é insustentável para empreendedores de menor porte. “Qualquer centavo é muito dinheiro para quem precisa manter sua empresa funcionando. O acesso existe, mas os juros inviabilizam a tomada de crédito, sobretudo para os pequenos empreendedores”, afirma. Ele ressalta que mesmo linhas oferecidas por bancos públicos e estaduais acabam se tornando proibitivas diante do custo final.
Nesse ambiente de crédito restrito, alternativas como consórcios têm ganhado espaço como opção menos onerosa. O Simpi firmou parceria com a Unifisa para oferecer taxas de administração reduzidas a associados, viabilizando a aquisição de máquinas e serviços a custos mais acessíveis que os dos empréstimos tradicionais. Ainda assim, Couri frisa que medidas paliativas não substituem a necessidade de uma política monetária mais equilibrada, que devolva fôlego ao setor.
“O Brasil precisa de crédito mais acessível para estimular inovação e produtividade. Manter a Selic nesse patamar por um período prolongado sufoca o pequeno empresário, trava o crescimento e gera efeitos colaterais que vão além do setor produtivo, atingindo o emprego e a própria arrecadação do Estado”, conclui o presidente do Simpi.