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Rafael Dantas

Sem ressaca da crise, Pitú cresce no Brasil e no exterior

A crise afetou o bolso dos brasileiros, reduziu a venda de cachaça no Brasil por seis anos consecutivos, mas não o consumo da Pitú. A tradicional empresa de Vitória de Santo Antão, mesmo no pior ano da recente recessão brasileira, em 2016, cresceu 5%. A marca atravessou essa tempestade da economia sem uma demissão. Em 2018, quando o cenário do País era ainda de estagnação, a empresa cresceu 18% em faturamento e 5% em volume em comparação a 2017. Desempenho acompanhado por investimentos no parque industrial e por avanços também nas exportações.

A principal estratégia da empresa para seguir crescendo, mesmo com a crise econômica, foi fortalecer a comunicação para ser lembrada pelos consumidores na hora da compra. Com as restrições de inserções em TV e rádio ao produto, o principal canal são as redes sociais e o patrocínio de eventos. “Hoje a maior despesa da Pitú é com propaganda e publicidade”, relata a diretora de exportações e relações institucionais da empresa, Maria das Vitórias Cavalcanti.

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O crescimento recente nas vendas também é fruto da chegada mais forte no Sul e Sudeste do País, além dos Estados do Maranhão, Piauí e Pará, antes atendidos por uma empresa parceira. “Aumentamos o leque de mercado, cujo atendimento passou a ser feito pela fábrica local. Há menos de um ano, houve essa expansão em São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados", informou a empresária.

"Além disso, seguimos nos consolidando no Norte e Nordeste. Hoje nossa participação no mercado nacional é de 13% e no Nordeste, 45%”, informa o diretor Alexandre Férrer. O executivo afirma que a fábrica produz 91 milhões de litros por ano.
O aumento de volume de vendas levou a Pitú a fazer investimentos também no seu parque industrial. Só em 2018 foram aportados R$ 24 milhões na compra de três novos tanques de líquidos e as suas respectivas bacias de contenção e R$ 2,8 milhões na aquisição de uma nova caldeira.

Tanto no mercado estrangeiro como no nacional, a diferença entre os valores e volumes sinaliza que a marca tem conseguido agregar valor ao produto. Enquanto a cachaça é uma bebida de baixo custo no Brasil, a Pitú entra na Europa com preços equivalentes ao uísque Johnnie Walker ou à vodka Smirnoff. “Nos últimos três anos fizemos algumas mudanças na política de preços e tabelas, um reposicionamento”, explica Vitória.

E foi nas vendas ao mercado externo que aconteceu outro salto da empresa. O faturamento com as exportações cresceu 55%, enquanto o volume avançou em 39%. O principal cliente estrangeiro das cachaças Pitú é o mercado alemão, responsável por 90% das exportações. No País conhecido pela cerveja, o produto pernambucano é exportado a granel e é engarrafado na cidade de Wilthen. De lá, circula no mercado do Velho Mundo.

Além da Alemanha, a cachaça é enviada para 15 países, com destaques para os Estados Unidos, México e Canadá. Para os norte-americanos foi criada uma campanha recentemente que destacava os valores da sustentabilidade ambiental aplicados na operação da Pitú.

O uso de garrafas retornáveis, uma prática da empresa desde a década de 60, e o reúso de 80% da água captada do Rio Tapacurá, que acontece desde os anos 90, são alguns dos destaques. Os projetos de sustentabilidade da Pitú receberam em maio deste ano o selo verde da Organização Socioambiental Ecolmeia, na categoria ouro.

Como a sustentabilidade é um valor cada vez mais forte entre os consumidores, a marca tem feito investimentos contínuos para garantir maior preservação ambiental. Maria das Vitórias ressaltou que nos últimos anos a Pitú investiu mais de R$ 3 milhões num plano estratégico de sustentabilidade ancorado em cinco pilares: gerenciamento da água, reciclagem, reflorestamento, educação ambiental e preservação cultural e histórica.

Somente na equalização do tratamento dos efluentes foram investidos R$ 1,6 milhão, com a aquisição de equipamentos que proporcionam mais eficiência na reciclagem de resíduos líquidos e sólidos. Mais recentemente, a empresa passou a apoiar também o Projeto Golfinho Rotador, em Fernando de Noronha. A ilha é considerada, historicamente, o berço da cana-de-açúcar no Brasil.

Para o ano de 2019, a estimativa inicial da empresa era de um crescimento em volume na ordem de 10% e em faturamento de 15%. Mas os indicadores do primeiro quadrimestre do ano já apontaram aumento de 21% no volume e 22% no faturamento. Um sinal de que o desempenho pode superar as expectativas.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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