A Semifinal do Concurso de Rei e Rainha do Carnaval do Recife 2019 será realizada amanhã (7), no Clube Português, às 20h. A seleção, que começou no último dia 1º, com 13 inscritos para Rei, e 22 inscritas para Rainha, terminará no próximo dia 15 de fevereiro, com a realização da grande final no Pátio de São Pedro. Mas este não vai ser o fim da festa, apenas o começo. É que o Rei e a Rainha do Carnaval do Recife terão uma agenda cheia até o fim da Folia de Momo. O 55º Baile Municipal do Recife e a Abertura do Carnaval da cidade são alguns dos compromissos que já estão na agenda dos soberanos.
Ao longo da seleção, tem gente com muita experiência na competição, mas também vários estreantes. A educadora física Ruanna Karina de Oliveira, 31 anos, é umas das que já estão praticamente especialistas no concurso, com sete participações. Ela foi Rainha do Carnaval em 2015. Na primeira vez que concorreu, em 2007, ficou em segundo lugar, aos 19 anos. Em 2008 e 2009, repetiu a dose por mais duas vezes como Princesa do Carnaval. “Em 2010, eu engravidei e por isso fiquei um tempo sem participar da seleção, mas em 2012 eu voltei e fui princesa, de novo, assim como em 2013. Participei em 2014 e fui Rainha, finalmente, em 2015”, conta ela.
O primeiro contato de Ruanna com a dança foi ainda no ano 2000, no bairro do Ibura, onde nasceu: “a minha professora de história, Cristiana Lopes, teve a ideia de fazer um grupo de danças populares, junto à professora de dança Kelly Santos, para aprendermos não só a dançar mas também para conhecermos a história do Carnaval. Fiquei no grupo Cia Aje até 2007, quando passei em primeiro lugar na seleção do Balé Popular do Recife”. Hoje Ruanna faz parte do grupo de professores do Balé Popular do Recife, é bailarina do Balé Cultural de Pernambuco, ensina danças populares para pessoas com deficiência em associações e, além de tudo isso, oferece oficinas de danças populares para crianças em escolas.
Para a produção do figurino, Ruanna conta com o trabalho do amigo Leandro Barreto, que também é do Ibura, desde 2013. Neste ano, ela também tem o apoio de Otávio Kevin que já tem grande experiência com figurinos de reis e rainhas. “Na final, queremos que o tema do figurino seja os tradicionais bailes de máscaras”, confessa.
Já Milka Albuquerque, 32 anos, também é educadora física, assim como Ruanna, mas está participando pela primeira vez do Concurso de Rainha do Carnaval do Recife. Ela integra o grupo Nosso Espaço de Dança, localizado no Janga, em Paulista. Antes já fez parte do Vassourinhas de Olinda e da Escola de Frevo do Recife. “Quero realizar o sonho de ser Rainha do Carnaval, estou desempregada, mas meu marido tem me ajudado e eu fiz uma vaquinha com amigos para poder participar da seleção. Consegui arrecadar mais do que o esperado, estou no caminho certo”, comenta ela.Para Milka, ser Rainha do Carnaval é fazer parte da cultura pernambucana e ajudar a escrever a história do estado: “quero ajudar a disseminar a nossa identidade cultural que às vezes não é colocada em primeiro lugar até mesmo pelo nosso povo. Quero dar minha contribuição a esse legado lindo”.
Outra concorrente que está otimista é Taciana Ramos, 29 anos, que desde 2008 participa do concurso e só não chegou à final duas vezes. Graduada em licenciatura em dança pela UFPE e estudante de engenharia, a relação dela com o carnaval começou cedo, ainda na barriga da mainha: “nasci no dia 24 de fevereiro. A minha mãe estava assistindo o Concurso de Agremiações na Avenida Dantas Barreto quando começou a sentir as contrações, os bombeiros tiveram que interromper o desfile e retirá-la de lá. A minha família inteira é de carnavalescos, desde o meu bisavô”. De acordo com ela, o Concurso de Rei e de Rainha do Carnaval constitui a legitimação dos agentes das tradições populares do Carnaval: “é uma ação de salvaguarda que agrega várias pessoas na continuidade da brincadeira, brincadeira que é séria”.
Entre os homens, Inaldo Fernando é um dos concorrentes que já tem uma longa trajetória percorrida em relação ao Concurso de Rei do Carnaval do Recife. “Eu já tenho dois títulos como Rei do Carnaval do Recife, um de 2008 e outro de 2016. Desde 2004, participo do concurso, fiquei em segundo lugar muitas vezes. Se não fosse esse concurso, eu não poderia competir em nenhum lugar, por causa do preconceito que existe com quem é gordo, apesar de dançar na Escola de Frevo do Recife”, detalha ele.Ainda segundo Inaldo, a cultura popular o acompanha desde criança: “frequento desde pequeno no Teatro Valdermar de Oliveira, por isso tenho uma ligação forte com as artes. O Carnaval do Recife é o melhor do Brasil, pois aqui ninguém precisa pagar para participar”.
Já o instrutor de trânsito Thiago Duarte, 30 anos, vai tentar pela primeira vez ocupar o trono. Ele faz parte do Balé de Cultura Negra do Recife – Bacnaré – e encontrou no grupo de dançarinos o apoio que precisava para finalmente se inscrever no Concurso. “Sempre quis concorrer, mas por questões de trabalho ficava adiando. A minha família não incentiva esse meu envolvimento com a cultura popular mas os amigos do Bacnaré me deram muita força para tomar essa decisão”, explica. Thiago é bailarino do Bacnaré desde 2009 e já foi Rei do Maracatu do grupo por três anos. “Ser Rei do Carnaval do Recife será um honra, caso eu vença. Quero representar a cultura pernambucana, em especial a cultura negra. Além dos amigos do Bacnaré, o LC ateliê também está me ajudando com a confeccção da roupa”, declara.