Relatório destaca impactos econômicos e sociais da desconexão e propõe ações globais para enfrentá-la
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a solidão afeta uma em cada seis pessoas no planeta, segundo relatório da Comissão sobre Conexão Social. A condição, que tem efeitos severos sobre a saúde física e mental, está associada a mais de 871 mil mortes por ano — o equivalente a cerca de 100 óbitos por hora. A entidade reforça a importância da conexão social como fator protetor da saúde e do bem-estar, ao passo que o isolamento eleva o risco de doenças graves e morte prematura.
Embora a era digital ofereça inúmeras possibilidades de interação, o sentimento de desconexão só aumenta. “Nesta era em que as possibilidades de conexão são infinitas, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e solitárias”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Ele alerta que o impacto da solidão vai além da esfera individual: se não for enfrentado, também gerará prejuízos bilionários para a saúde pública, a educação e o mercado de trabalho.
Entre os grupos mais vulneráveis estão jovens de 13 a 29 anos, especialmente adolescentes, e pessoas de países de baixa renda, onde os índices de solidão chegam a 24% — mais que o dobro dos registrados em países de alta renda. Refugiados, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, indígenas e minorias étnicas também enfrentam maiores obstáculos à conexão social, muitas vezes por causa da discriminação.
A OMS relaciona a solidão e o isolamento a múltiplos fatores, como problemas de saúde, baixo nível educacional, morar sozinho, falta de infraestrutura comunitária e uso excessivo de telas. Além de prejudicar a saúde mental, a desconexão interfere na educação e no emprego. Jovens solitários têm mais chances de obter notas baixas, e adultos isolados tendem a ter menor renda ao longo da vida.
Como resposta, o relatório propõe um plano global focado em cinco frentes: políticas públicas, pesquisa, intervenções, métricas e engajamento social. A OMS sugere ações simples e cotidianas, como “entrar em contato com um amigo necessitado, deixar o celular de lado para estar totalmente presente na conversa, cumprimentar um vizinho, participar de um grupo local ou se voluntariar”. Em casos mais graves, recomenda buscar apoio profissional e serviços disponíveis.