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Intervenção urbana alerta para o desrespeito a faixas de pedestres no Recife

Nesta quarta feira, 06 de junho, ativistas pela mobilidade ativa irão realizar uma intervenção na rua Fernandes Vieira, no centro do Recife, instalando estruturas temporárias para facilitar a travessia de pedestres. O objetivo da ação é chamar a atenção para o desrespeito de motoristas à já escassa infraestrutura de segurança e conforto para o andar a pé na cidade. Os ativistas lembram que o caminhar é modo de deslocamento que precisa ser prioritário, segundo a Política Nacional de Mobilidade Urbana e o Código de Trânsito Brasileiro. Na ação, serão implantadas duas cancelas móveis em faixas de pedestres, além de pequenas placas com os dizeres ‘Pare e respeite’. Tanto as cancelas quanto as placas serão utilizadas por pedestres para demonstrar aos motoristas que estão desrespeitando o direito de travessia segura dos caminhantes. Durante a manhã, o grupo estará presente reafirmando às pessoas quanto à prioridade de pedestres nas travessias de vias. Segundo os organizadores, há no Recife um desrespeito dos motoristas à prioridade de pedestres nas vias, com ou sem a faixa branca, e uma ideia equivocada de que os pedestres precisam garantir sua própria segurança, fazendo com que correr para atravessar as ruas seja uma cena comum na capital pernambucana. “Queremos lembrar às pessoas que os pedestres têm prioridade e é preciso ter seus direitos garantidos. Vemos todos os dias motoristas sequer diminuírem a velocidade ao passar por faixas de pedestres. Estamos devolvendo o status de realeza para quem anda a pé na cidade”, alerta Gaia Lourenço, participante da ação. A PCR gasta 15 milhões por ano em orientadores de trânsito, que têm pouco foco sobre a prioridade de pedestres. Ações de fiscalização para quem descompre a prioridade são necessárias para mudar a realidade da segurança do trânsito na cidade hoje. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os pedestres têm a preferência na travessia em todas as conversões e se não houver faixas de pedestres na via em até 50m do ponto de partida do pedestre. O CTB também atesta que a responsabilidade pela segurança de quem caminha nas vias é dever de todos os motoristas. O quê? Intervenção urbana para chamar atenção para o desrespeito à faixa de pedestres no Recife Onde? Rua Fernandes Vieira, no centro do Recife, próximo à Praça Oswaldo Cruz. Quando? quarta feira, 06 de junho, das 10 às 12h.

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"O Recife precisa ter uma estrutura urbana mais humana", entrevista com Lígia Lima, da Ameciclo

Lígia Lima é uma das coordenadoras da Ameciclo, que é a Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife. Nesta entrevista concedida ao jornalista Rafael Dantas, ela avalia a implementação do  Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana e fala da relevância do incentivo ao modal para tornar a capital pernambucana numa cidade mais humana. Qual a sua avaliação sobre os avanços da implantação do Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC)? LÍGIA - Avançou bem pouco. Tem uma parte da sua malha que é para o Estado fazer e tem uma parte que é para as cidades executarem, cada uma das 14 cidades. Sendo que a maior parte dessa malha está dentro do Recife. A ideia do plano é interligar as várias zonas da região metropolitana para onde tem mais empregos, que é o Recife. O plano foi bem construído e bem pensado, mas está sendo negligenciado até hoje. A PCR não executou esse plano. O projeto que eles têm de infraestrutura cicloviária é o das 12 rotas, que é a parte do PDC. Destaco que o plano partiu de pesquisas de contagem de ciclistas, de destinação, motivos de cidade e da avaliação das zonas de maior perigo. Tem toda justificativa para a malha correr naquelas vias que o PDC indica. O Governo do Estado começou a trabalhar esse plano recentemente. O plano tem metas de curto, médio e longo prazos. O Estado lançou nesse ano o primeiro trecho, de cinco quilômetros. Ele vai da Av. Rio Branco até a Fábrica do Tacaruna. Em 2016 o Estado tinha construído um projeto para ciclofaixa na Avenida Caxangá. Mas o projeto ficou atrelado ao corredor do BRT. Pelo que nos informaram, a ciclofaixa da Caxangá só sairia depois que o corredor do BRT estiver completamente terminado. Nossa luta hoje é para descasar esse projeto do BRT para ver se ele sai antes. Recentemente a questão da ciclomobilidade foi para secretaria de turismo. Está a passos lentos, mas ao menos o Governo do Estado está trabalhando para o plano se concretizar. Como o estímulo ao uso das bicicletas na cidade contribui para o desenvolvimento do urbanismo sustentável? A gente conversa muito sobre a importância de fazer o Recife ser uma cidade mais humana. Ter uma estrutura urbana mais humana. Quando toda sua malha viária é construída para o automóvel, você tira a cidade das pessoas e as ruas viram apenas canal de passagem e não de vivência. Quando diminui a velocidade na cidade é possível fazer que as pessoas não só passem pelas vias, mas vivam a cidade. E uma das formas de reduzir essa velocidade é diversificando o modo como as pessoas fazem seus percursos no dia a dia, estimulando principalmente o andar a pé e o andar de bicicleta, que são os percursos de menor distância. Quando as pessoas vivem a cidade, elas conseguem enxergar tanto as potencialidades que ela tem quanto as suas mazelas. E aí, enxergando as mazelas, a população passa a se preocupar com o seu bem estar, como se preocupa com a sua casa. Isso faz com que as pessoas comecem a querer cuidar mais do espaço público. Isso gera um sentimento de cidadania e um empoderamento coletivo, de responsabilidade coletiva maior. Isso é muito a visão que a gente tem de quem começa a andar de bike. Os novos ciclistas passam a ter esse outro olhar da cidade. Deixam de ver as ruas apenas como ponto de passagem e começam a enxergar a cidade inteira como sua casa. E começam a se engajar e exercer a sua cidadania. Do ponto de vista ambiental, qual o impacto na inversão dessa lógica de deslocamento? A Secretaria de Meio Ambiente do Recife conseguiu fazer em 2014 o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, a partir dos dados de 2012. A partir desse cenário a gente vê que 69% das emissões de gases de efeito estufa têm especificamente origem no transporte. E Recife é uma das cidades listada pelo IPCC como uma das que mais vai sofrer com as mudanças climáticas no mundo. Literalmente vai ficar metade do seu território embaixo d'água. Precisamos começar a construir ações de mitigação por causa desses efeitos. Ano passado a prefeitura lançou um Plano de Baixo Carbono que abraça o PDC como um dos eixos prioritários de ação, que é justamente diminuir as emissões. Quando se consegue tirar as pessoas que estão no carro para usar o transporte coletivo e usar as bicicletas, andar um pouco mais a pé, vamos fazer cair drasticamente as emissões de gases no Recife. É gritante que mais da metade dessa poluição seja do transporte. Nesse ponto é importante a gente dizer que não negamos a necessidade do carro, mas ele não pode ser o principal modal de transporte do dia a dia. Isso é insustentável em qualquer cidade do mundo. Todas as principais cidades que estão conseguindo resolver os problemas do trânsito estão fazendo a partir dos eixos do que fala a Política Nacional de Mobilidade do Brasil, que é primeiro mobilidade a pé, segundo os meios ativos, que é onde está a bicicleta. E o terceiro o transporte público. O uso do carro é direcionado para viagens, compras, emergências ou alguns tipos de profissionais que realmente precisam, mas não é uma opção para todo mundo. Vocês têm ideia de qual a participação das bicicletas na mobilidade do Recife? A gente não tem um número certo. A última pesquisa de Origem-Destino aqui foi feita em 1997. Tem uma nova do Instituto Pelópidas Silveira (IPS), mas não dá para comparar porque a metodologia é diferente. Essa nova, do IPS, aponta que a mobilidade de bicicletas está entre 10% e 14%. A pesquisa antiga indicava em torno de 7%. Não conseguimos dizer se aumentou, porque as metodologias são diferentes. Mas como o estudo promovido pelo IPS será realizado a cada ano, poderemos comparar se aumentou ou não. O que poderíamos dizer, a partir da nossa observação nas ruas, é que aumentou a quantidade de ciclistas desde o

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