“Nesses tempos em que o sol/ Parece fogo, crepita/ Só nos salva o Guaraná/ Feito na Fratelli Vita// A própria insolação/ Já com a gente o acredita/ Se toma o Guaraná/ Somente o Fratelli…evita…”. Este poema de Zé Prosa publicado na página quatro do Jornal do Recife, em 4 de setembro de 1927 é o texto de abertura do livro No tempo da Fratelli Vita, do pernambucano Gustavo Arruda, que o Centro de Estudos da História Municipal (CEHM), acaba de editar como volume 35 da Coleção Tempo Municipal.
O CEHM é uma gerência da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – Condepe/Fidem, e tem como objetivo promover o resgate da memória municipal, estimulando os historiadores a preservarem a memória local, a conservarem o rico acervo documental dos municípios e a registrarem fatos e informações acerca da história das cidades pernambucanas. A Coleção Tempo Municipal contém livros que contam aspectos, episódios, história de personalidades de determinado município ou região de Pernambuco.
O presidente da Agência Condepe/Fidem, Maurílio Lima, comenta que a memória é um dos alicerces que dá sentido à vida e que preservar a memória, através do apoio aos historiadores, é uma ação que visa manter a história pernambucana viva. “Para isto, é preciso conservar fotos, documentos, objetos e organizar o registro dos fatos. Os erros e acertos do passado ajudam a entender o presente e planejar as ações futuras”, afirmou.
VOLUME – O autor, que é administrador de empresas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nasceu em 1966 e é colecionador de fotos antigas de Recife, já tendo lançado diversos livros. O volume No tempo da Fratelli Vita surgiu após quatro anos de pesquisas, com inúmeras consultas a documentos e pessoas contemporâneos da fábrica, trabalhos acadêmicos e trocas de emails com descendentes da família Vita na Bahia e em Pernambuco.
O livro tem 180 páginas e conta a trajetória da indústria do refrigerante Fratelli Vita, desde o começo do funcionamento da fábrica de bebidas em Salvador, na Bahia, em 1892, até o fechamento do estabelecimento nos anos 70 em Recife, com todos os personagens e curiosidades. O sumário divide o livro em cinco capítulos com os títulos apresentando passagens de tempo: No tempo de Salvador, No tempo da Imperatriz, No tempo da Soledade, No tempo da Propaganda e No tempo da Concorrência.
O trabalho é ilustrado com dezenas de imagens raras. A arte, programação visual e diagramação recebe a assinatura de Fernando Alves da Silva, com destaque para a capa que é a fachada do prédio da fábrica no bairro da Soledade (Recife) – em detalhe de óleo sobre tela de Villares (Recife 1973). Também chamam a atenção o separador de capítulos que traz a logomarca do rótulo do guaraná (acervo do Chef Francisco Vita) e a última capa tem um painel gigante no Elevador Lacerda (Salvador) em postal colorizado (de Joaquim Ribeiro & cia).