IPERID

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Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia

Um ano de pandemia: impactos e perspectivas?

*Por Rafael Ramos

Os transtornos causados pela epidemia da covid-19 na saúde e na economia de todo o país contribuem para adiar a recuperação ao qual o setor produtivo pernambucano e em especial o setor do comércio, serviços e turismo vem passando. O momento pede atenção do setor público e privado, visto que os impactos sentidos por outros países que já passaram pelo momento da segunda onda das infecções são significativos. Grandes players do comércio internacional ainda apresentam recuperação lenta da economia devido ao foco de contenção da doença, como China, Estados Unidos, Alemanha e Japão, o que também traz desdobramentos negativos para o nosso comércio externo visto que reduz o nível de demanda desses países por parte dos nossos produtos, além de criar restrições para a produção nacional que necessita de componentes importados, como a falta de insumos para a produção das vacinas.

Para conter a velocidade da epidemia e assim evitar um colapso no sistema público de saúde, os governos estaduais voltaram a adotar medidas de restrição em 2021 que mais uma vez se desdobrarão em impactos negativos que inevitavelmente vão atingir de maneira mais forte o desempenho do comércio e dos serviços. Fechando os shoppings, praias, bares e todo o varejo não essencial, permitindo apenas o funcionamento de estabelecimentos que vendem alimentos, medicamentos, material de higiene e itens ligados a segurança da população em relação a saúde, como os armazéns de construção que vendem equipamentos de proteção individual.

O resultado do comércio em 2020 foi de -0,4%, dos serviços -12,2% e do turismo -39,2%. As atividades que mais sofreram foram “Livros, jornais, revistas e papelaria” (-46,1%), “Tecidos, vestuários calçados” (-17,6%) e “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação” (-12,9%). Todas muito ligadas as restrições, que proibiram eventos sociais, desincentivando a renovação de roupas, além do funcionamento de escolas e escritórios, com a redução do uso de seus respectivos materiais.

Em Pernambuco, no difícil ano da pandemia foram encerradas 31.752 empresas, o saldo de empregos formais foi negativo em aproximadamente -5 mil e a taxa de desocupação atingiu os 19% no último trimestre de 2020. O mercado de trabalho mostra-se deteriorado desde a crise de 2015/2016, um indicador importante da economia do Estado que entrou em um movimento de piora desde o início da pandemia e do início das medidas restritivas. A crise atual contribuiu para uma variação de 27,7% no número de desocupados, alcançando 749 mil pessoas em Pernambuco.

Vale destacar que no ano passado tivemos dois programas importante criados pelo governo federal que contribuíram de maneira efetiva para a redução dos impactos, o Auxílio Emergencial, que entre abril e dezembro de 2020 realizou uma injeção R$ 16 bilhões no estado e de quase R$ 300 bilhões a nível nacional e o Benefício Emergencial possibilitando a suspensão e redução de carga horária de quase 381 mil empregos formais. Em 2021, teremos um auxílio com bem menos força, o que limitará o benefício nas vendas do comércio e até o presente momento não foi confirmada a possibilidade do retorno da suspensão de contrato, o que cria mais dificuldades para as contas das empresas. Estamos comparativamente em um cenário bem mais crítico. Este ano a vacinação é um dos principais alentos para as expectativas de recuperação. O ritmo ainda é lento, mas ao menos a imunização foi iniciada e os esforços para a sua aceleração vem sendo destaque na classe política.

As incertezas são muitas, elevam o comportamento conservador de famílias e empresários, reduzindo consumo e o investimento. Mas é importante lembrar que são momentos de crise que criam a oportunidades de grandes mudanças. O período de inovação foi intenso e necessário, permitindo uma aceleração da transformação digital dos negócios, deixando uma herança positiva de um avanço digital significativo no período de pandemia.

Por fim, lembrar que as crises nascem e morrem, e o passado prova isso, visto que nosso país vem passando por crises recorrentes, sejam econômicas, sanitárias, ambientais ou políticas, mas sempre nos reinventamos e voltamos mais fortes. Temos o espírito empreendedor em nossas veias, nos adequamos as dificuldades, resistimos, inovamos e avançamos. Sejamos fortes, pois o dia vai clarear.

*Rafael Ramos da Conceição Moura é Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com MBA em Gestão Empresarial pelo Cedepe Business School; Economista com experiência na área de Desenvolvimento Regional e Urbano, com ênfase em: Análises conjunturais e Economia de Pernambuco e é conselheiro efetivo do Conselho Regional de Economia (CORECON) em Pernambuco.

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