*Houldine Nascimento
Principal nome da seleção brasileira de futebol, Neymar tem revelado descontrole emocional em campo. No duelo contra a Costa Rica, na última sexta-feira (22), foi possível observar a tensão que o camisa 10 carregava. Ao discordar de uma marcação da arbitragem, Neymar deu um soco na bola e recebeu cartão amarelo. Além disso, xingou um dos atletas costarriquenhos e foi ríspido com o árbitro holandês Björn Kuipers. "Don't touch me" -- não me toque --, disse o jogador brasileiro. Motivos de sobra para uma expulsão. Ficou barato.
No fim da partida, vencida pelo Brasil nos minutos finais por 2 a 0, Neymar foi ao centro do gramado e chorou. O gesto, sincero para alguns e midiático para outros, sintetiza bem o nervosismo dele. Com 26 anos, Neymar não é mais um garoto, como algumas pessoas o encaram. Ao mesmo tempo, transparece imaturidade nas atitudes dentro e fora de campo.
As pessoas que estão em torno do atleta do PSG também não ajudam para esse crescimento. Após as críticas recebidas pelo comportamento agressivo no jogo, seus "parças" -- como se identificam os amigos de Neymar -- foram prontamente às redes sociais xingar o narrador Galvão Bueno e o comentarista Walter Casagrande, da Rede Globo.
Durante a transmissão, Galvão chegou a dizer que "o gesto artístico [de Neymar] tirou o pênalti do Brasil", num lance em que o árbitro de vídeo foi acionado e o resultado foi a anulação da marcação de um pênalti favorável à seleção brasileira. A rejeição ao nome de Neymar tem crescido entre os brasileiros a ponto de diversos memes sobre suas constantes quedas em campo pipocarem na internet.
Philippe Coutinho -- o melhor jogador brasileiro na Copa do Mundo até o momento -- também levou amarelo, mas isso não foi ressaltado justamente em razão da discrição do meio-campista do Barcelona, diferentemente de seu companheiro de seleção. Coutinho não sofre da "síndrome de Peter Pan", que parece acometer Neymar.
Em contrapartida, é inegável seu talento. Prova disso é que sua qualidade técnica sempre é comparada à de Messi e Cristiano Ronaldo, os dois maiores futebolistas da atualidade. Se Neymar se preocupar apenas em fazer o que o argentino e o português fazem em campo, ou seja, jogar bola, tudo tenderia a dar certo e a torcida brasileira seria grata.
*Houldine Nascimento é jornalista