UPE concede título de Doutor honoris causa a Manoelzinho Salustiano

O Conselho Superior da Universidade de Pernambuco aprovou a outorga do título de Doutor Honoris Causa ao artista popular Manoelzinho Salustiano, na última sexta-feira (18). Mestre da cultura popular, ele representa o Maracatu de Baque Solto, do bordado das golas dos caboclos de lança e de diversas outras expressões da cultura.

Os trâmites para o título iniciaram com a proposta dos professores Carlos André Silva de Moura, Mário Ribeiro dos Santos e Sandra Simone Moraes de Araújo, do Curso de História, que apresentaram um dossiê sobre a vida, atividades culturais e contribuições do artista para Pernambuco e o Brasil. Com apoio dos diretores do Campus Mata Norte, professores Maria Auxiliadora Leal e João Allyson, o pedido foi encaminhado ao Conselho de Gestão Administrativa da unidade e aprovada por unanimidade. Cumprindo os trâmites burocrático, a Prof. Maria Auxiliadora apresentou o pedido ao CONSUN, que foi colocado em discussão pelo Reitor Prof. Pedro Falcão, com defesa dos professores Carlos André Silva de Moura, Mário Ribeiro dos Santos e Sandra Simone Moraes de Araújo.

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Reunião do Consun aprovou em unanimidade a concessão do título para Manoelzinho Salustiano.

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“Manoelzinho Salustiano representa a cultura com pés no chão, que muitas vezes foram silenciadas e esquecida por um processo educacional conservador. Com a concessão do título de Doutor Honoris Causa, a Universidade de Pernambuco faz história ao reconhecer as diversidades de saberes”, afirmou o hitoriador e professor Carlos Moura.

Para os docentes proponentes, Manoelzinho Salustiano tem atuado de forma excepcional para a formação cultural no Estado, do Litoral ao Sertão, com contribuições singulares para discentes e docentes de diferentes instituições de ensino, especialmente, da Universidade de Pernambuco. Com a UPE, tem contribuído com pesquisas, realização de oficinas e palestras fundamentais para a comunidade acadêmica. “Este título representa a potência das manifestações culturais da Zona da Mata, representa o povo negro, indígena, toda a comunidade de resistência e existência. Em meio ao caos, este título trouxe um alento com gosto de azougue”, considera o Mário Ribeiro dos Santos.

Para Profa. Sandra Simone, “o título de Doutor Honoris Causa concedido a Manoelzinho Salustiano se constitui no reconhecimento da sua trajetória de vida que é dedicada a aprender, ensinar e preservar as expressões da cultura popular de Pernambuco”.

O dossiê produzido pelos docentes será publicado em livro no primeiro semestre de 2021, em uma versão bilingue (português e inglês), com as narrativas, imagens e depoimentos coletados em quase um ano de trabalho. Será um obra de sentidos e significados sobre um dos principais representantes da cultura de Pernambuco, que oferecerá subsídios para novas pesquisas e os usos em sala de aula.

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Documento da concessão de título de Doutor Honoris Causa

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PERFIL
Manoelzinho Salustiano é nome artístico de Manoel Salustiano Soares Filho, mestre da cultura popular de Pernambuco, com atuação em diferentes segmentos artísticos, de formação e gestão cultural. O seu trabalho está fundamentado em uma extensa atuação nacional e internacional, com representação do Estado e do Brasil em diferentes cidades e países.

Nascido em 1969, na cidade de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife, desde cedo esteve envolvido com os grupos culturais. Em 1977 acompanhou o Mestre Salu, seu pai, na criação do Maracatu Piaba de Ouro, o qual conduziu como secretário, tesoureiro e presidente por diversos anos.

Com influência dos Mestres João Calumby e Rubens Martins iniciou o aprendizado da arte de bordar golas de caboclo de lança e estandartes de agremiação carnavalescas, ofício que desenvolve atualmente. Contribuiu com a organização das manifestações culturais na Zona da Mata Norte de Pernambuco, com participação na fundação da Associação dos Maracatus de Baque Solto, na qual ocupou diversos cargos de gestor, inclusive presidente. Com o trabalho junto aos mestres e folgazões, colaborou com o processo de pacificação das manifestações populares das cidades da Mata Norte. Tal procedimento contribuiu com a organização dos encontros de Maracatus em Nazaré da Mata, Aliança e Olinda, com movimentação da economia e do turismo nas localidades.

Foi docente na Casa da Criança de Olinda, projeto que tinha como objetivo retirar crianças e adolescestes das condições de vulnerabilidade social. Na instituição, organizou diferentes grupos artísticos, como ciranda, mamulengo e maracatu, contribuindo com o processo de formação de diferentes produtores culturais que estão em atuação. Com o seu trabalho, credenciou-se para atuar a frente de diferentes instituições culturais em Pernambuco.
A partir de 2002 passou a coordenar o palco de cultura popular do Festival de Inverno de Garanhuns – FIG, com ações para os grupos das manifestações populares. Foi representante de Pernambuco em diferentes cidades do país, com atividades de formação cultural e acadêmica. Também representou o Brasil em quase todos os continentes, com atividades em países como Argentina, Venezuela, Estados Unidos, Cuba, Cabo Verde, França, dentre outros.
Em 2011 realizou a exposição do estandarte “Diversidade Cultural”, peça afixada no Largo da Lapa – Rio de Janeiro, com medidas de 10 m x 5,80 m, considerado o maior estandarte confeccionado à mão no mundo. Em 2012 a sua obra deu origem a exposição “Arte de Manoelzinho Salustiano Pede Passagem”, exibida no Centro Cultural dos Correios do Recife.

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