Às vésperas de completar um mês da interdição do prédio Holiday, localizado em Boa Viagem, a Comissão Suprapartidária para acompanhar o Edifício Holiday, da Câmara Municipal do Recife, realizou reunião com representantes da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), empresa distribuidora que cortou o fornecimento de energia elétrica do prédio sob a alegação de risco de incêndio. O encontro ocorreu na sexta-feira (5), na Sala das Comissões, e os dirigentes da companhia foram objetivos: a religação só será feita se o condomínio apresentar um projeto elétrico detalhado, dizendo o que fazer com a subestação que alimenta as instalações internas e com cada uma ligações das 476 unidades de moradia do prédio. A interdição ocorreu no dia 11 de março.
Esse projeto, segundo os os dirigentes da Celpe, são uma exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Anael), para os casos de edificações que oferecem alto risco de incêndio. O gestor de Relacionamentos com o Poder Público da Celpe, Rafael Mota; e o gestor de Operações, Alison Ferreira, não souberam precisar quanto custa a realização de um projeto elétrico para um edifício do porte do Holiday, pois inclui não só a requalificação da subestação e de toda instalação do prédio, como também a compra de materiais e os encaminhamentos. “O prédio tem um prazo de 36 meses para fazer o projeto. Não fazemos um projeto desse tipo, pois a Celpe não realiza projetos privados. Mas, nós daremos a prioridade necessária para análise do documento quando ele for elaborado”, disse Rafael Mota.
Participaram da reunião os vereadores Aerto Luna (PRP), presidente da Comissão Suprapartidária para acompanhar o Edifício Holiday; Chico Kiko (PP); Aderaldo Pinto (PSB) e Hélio Guabiraba (PRTB). Após a reunião, Aerto Luna ressaltou que foi mais uma reunião do colegiado e desta vez ouviu o que a Celpe fez em relação ao edifício. “Tivemos uma reunião propositiva e queremos entender as razões de cada uma das partes envolvidas. Os dirigentes nos orientaram sobre o projeto elétrico, que é o início da solução do problema. A partir da execução do projeto, a gente vê quais são as ações e o tamanho do problema. Sentimos uma abertura boa com relação às palavras dos representantes da Celpe e que a Companhia está disposta a ajudar aqueles moradores que não tem condições de arcar com suas responsabilidades. E achar uma solução para que a gente consiga viabilizar a recuperação do Holiday para que a cidade ganhe mais um prédio recuperado e mais um prédio habitado na cidade, que não seja mais um esqueleto”, disse. O Holiday tem 62 anos de existência, 17 andares, 476 apartamentos e cerca de 3 mil moradores.
No início da reunião, Aerto Luna disse a Comissão Suprapartidária para acompanhar o Edifício Holiday está trabalhando em sintonia com a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, que também busca ajudar a resolver o drama dos moradores. “O prédio é um ícone do Recife, um símbolo de nossa arquitetura. Tem que ser preservado. É um prédio com responsabilidade privada, mas que tem caráter de interesse social. Ali residem muitas pessoas de baixa renda, que só têm aquele espaço onde morar e fornecem mão-de-obra no entorno. O problema é de todos nós. Se, nós não fizermos nada, estaremos indo de encontro à política de habitação”, afirmou. O vereador disse, ainda, que a interdição foi uma iniciativa da Prefeitura do Recife visando salvar vidas, tirando os moradores do risco de incêndio e que agora todas as entidades precisam se unir para “ajudar os moradores a voltarem para o lar”.
Os dirigentes da Celpe apresentaram à Comissão uma “linha do tempo” das ações que realizou. Rafael Mota disse que no início deste ano o secretário de Mobilidade Urbana, João Braga, procurou a Celpe para compor um grupo que visava buscar alternativas para o prédio. Em 11 de janeiro, segundo ele, foi feita uma avaliação técnica que gerou um laudo. “Constatamos que havia um risco alto de curto circuito e informamos aos bombeiros e à Prefeitura. Pela Resolução 414, artigo 170, da Anatel, a distribuidora tem a obrigação de cortar o fornecimento de energia num caso desses”, disse. Em fevereiro foi feita uma nova reunião do grupo quando, de acordo com Rafael, a Celpe pediu um projeto elétrico, um novo quadro de medição e instalação de outra subestação. Mas, não houve retorno.
Um segunda reunião foi feita, ainda de acordo com Rafael Mota. Nessa ocasião, ele disse, a Celpe deu um passo adiante, fazendo um diagnóstico. “Fizemos uma termografia para identificar os pontos quentes da subestação e havia quatro. Também coletamos óleo do transformador e havia gases”. Esses dois detalhes indicam o altíssimo risco de incêndio. A Celpe entrou com processo judicial para suspender o fornecimento e ele foi autorizado dia seis de março. Mesmo assim, o corte não foi bem sucedido. No dia 11, a Prefeitura do Recife conseguiu uma liminar para desocupação do edifício e o corte foi realizado.
(Do site da Câmara dos Vereadores do Recife)