Vivenciar a cultura negra por meio de roteiros turísticos, hospedagens e experiências culturais é a proposta da Diaspora.Black. Em Salvador, o viajante pode conhecer locais históricos e memoriais do Candomblé. Na Chapada Diamantina, conhecer o polo do garimpo baiano, onde se extraíam diamantes no Período Colonial. Em Paraty, no Rio de Janeiro, conhecer os sabores e ritmos vindos da África no Quilombo do Campinho. Essas são algumas das experiências oferecidas pela plataforma brasileira que reúne anfitriões e viajantes interessados no turismo de impacto social – que promove cultura e lazer ao mesmo tempo em que gera impacto econômico positivo.
No mês dedicado à memória e à cultura negra, a startup Diaspora.Black promove em quatro Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia)) roteiros e experiências turísticas exclusivas de valorização da cultura afro-brasileira. Uma curadoria criteriosa escolheu algumas das principais atrações em cidades como Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo – algumas das opções foram desenhadas especialmente para o período, com venda exclusiva pela startup de impacto social. Com operadores locais e ampla experiência em roteiros diversificados, a plataforma propõe aos usuários uma vivência imersiva e afetuosa em diferentes segmentos da cultura negra – as matrizes religiosas, as comunidades tradicionais quilombolas, roteiros guiados pela cidade e festivais de culturas populares. Com roteiros selecionados com foco no turismo de base comunitária e impacto social, a startup promove mais de 10 circuitos de imersão cultural. A proposta a visibilidade das manifestações tradicionais, associada à geração de renda que permita a preservação do legado dessas comunidades.
“Viver a cultura negra é a melhor forma de manter vivo o legado das manifestações culturais! Em novembro, celebramos o mês da Consciência Negra com um amplo leque de experiências para serem vividas por todos os que buscam valorizar a matriz afro-brasileira da nossa cultura!”, afirma Carlos Humberto da Silva Filho, sócio-fundador da Diaspora.Black. Além das experiências culturais, a startup conta também com uma rede consolidada de hospedagens, sejam na casa dos anfitriões cadastrados ou na rede comercial certificada para atendimento sem preconceito. “Os integrantes atuam como pontes para referências culturais em suas cidades. E na plataforma, eles encontram serviços e benefícios reunidos com o propósito comum de valorização da cultura negra”, explica André Ribeiro, co-fundador da startup residente na Estação Hack, em São Paulo - o primeiro centro de inovação do Facebook no mundo.
Turismo como catalizador econômico para a comunidade negra
A Diaspora.Black acredita que o fomento ao turismo é um grande catalisador da circulação econômica na comunidade negra. A startup reúne em uma única plataforma iniciativas e serviços focados na cultura negra em diferentes cidades para aproximá-las de viajantes. A rede está presente em mais de 100 cidades e 18 países, como Argentina, Estados Unidos, Portugal, Itália, França, Guiné Bissau, Cabo Verde, Moçambique e Angola.Nessas cidades, a rede promove a oferta de acomodações compartilhadas e experiências turísticas imersivas, como roteiros e vivências guiados em quilombos e diversos locais de memória e cultura negra. Cerca de 4 mil integrantes estão conectadas na rede, que é aberta a todas as pessoas interessadas em conhecer a riqueza da cultura negra.
“Os anfitriões atuam como pontes para referências culturais em suas cidades. E na plataforma, os integrantes encontram serviços e benefícios reunidos com o propósito comum de valorização da cultura negra”, explica André Ribeiro, cofundador da startup.A rede interativa permite que viajantes e anfitriões conversem, encontrem interesses comuns e ainda avaliem ou sugiram espaços e ofertas disponíveis na rede.
Com um modelo de negócio voltado para o impacto social positivo, a Diaspora.Black proporciona a ativação econômica na comunidade negra. A negociação de hospedagem domiciliar e a oferta de serviços turísticos promove a geração de renda para os afroempreendedores, especialmente as mulheres negras. Entre os anfitriões, 74% são mulheres negras, de 25 anos a 44 anos, que têm um aumento de até 30% na geração de renda com a oferta de acomodações compartilhadas. Entre os clientes, 16% são estrangeiros vindos de países como Itália, França e Estados Unidos. As hospedagens compartilhadas têm tíquete médio de R$ 80, mas podem chegar a R$ 350, no caso de uma ilha exclusiva em Angra dos Reis, por exemplo.
São os sentidos de pertencimento, valorização identitária e promoção da igualdade que norteiam a relação entre a Diaspora.Black e seus integrantes. “A plataforma também articula roteiros históricos, vivências em quilombos e centros culturais para divulgar o turismo de experiências autênticas”, afirma Antonio Pita, um dos empreendedores. “Nós damos visibilidade às iniciativas e facilitamos o acesso de turistas que buscam conhecer, valorizar e preservar essa memória”, detalha.
Diáspora negra fortalecida pelo turismo
Em 2018, a startup também passou a qualificar profissionais e certificar empresas do setor de turismo para o atendimento de excelência à população negra. Com metodologia exclusiva e alinhada às diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU), o Selo Diaspora.Black realiza treinamento profissional e planejamento de boas práticas de diversidade para redes hoteleiras, companhias aéreas, agências e empresas do setor.
“É comum nos hotéis sermos vistos com desconfiança e sofrermos algum tipo de discriminação. A certificação é uma forma de qualificar as empresas para atuar de forma ativa e socialmente responsável frente às situações recorrentes e construir um plano de ação pró-diversidade”, avalia Carlos Humberto da Silva Filho, empreendedor da startup. De acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade de Harvard, os negros têm 16% menos chances de serem aceitos ou receberem hóspedes via plataformas de turismo. Os levantamentos indicam que os algoritmos restringem a visibilidade de anunciantes negros, mesmo em bairros e cidades de maioria negra - o que favorece a concentração de renda e a exclusão econômica em plataformas colaborativas.
Uma experiência negativa foi justamente o que impulsionou Carlos Humberto a criar a Diaspora.Black. Morador do bairro de Santa Teresa – um dos mais procurados pelos turistas que visitam o Rio de Janeiro – o empreendedor viu nos sites de acomodação compartilhada uma oportunidade de incrementar a renda, mas a experiência não foi como esperava. “Uma das situações mais incisivas foi a de um casal estrangeiro que chegou, me conheceu e não quis ficar. Eles foram embora enquanto eu comprava frutas típicas para eles”, conta Carlos, acrescentando que os turistas deixaram um bilhete, explicando que não era bem o que esperavam. “Na verdade, eles não esperavam ser recebidos por um anfitrião negro”, salienta.
SERVIÇO
Todos os roteiros estão disponíveis no site https://diaspora.black/experiencias/
Vivência Quilombola | Belo Horizonte
Imersão cultural e histórica nas tradições quilombolas advindas da troca de saberes, degustação da culinária típica, acesso à produção artesanal e conhecimento das manifestações socioculturais.
Saída de Belo Horizonte no dia 10 de novembro.
Bike Tour La Frida | Salvador
Um roteiro guiado pelo Centro Histórico de Salvador, passando pelo Santo Antônio além do Carmo, Pelourinho e Campo Grande. Com guia credenciado, equipamentos de bicicleta e segurança.
Saídas por encomenda.
Herança Afro | Rio de Janeiro
Uma explosão sensorial, na qual a história, música e gastronomia se encontram no resgate da culinária e música afro-brasileira e iorubá. Visita ao Sítio Histórico do Cais de Valongo; Degustação gastronômica e workshop de percussão Na Pedra do Sal; sessões semanais de samba ao ar livre.
Saídas semanais, com participação mínima de duas pessoas.
Caminhos de Oxalá | Salvador
Turismo afro-religioso pelas principais casas de axé de Salvador - Casa Branca, Ilê Axé Oxumaré e Gantois – com visita a museus, memoriais e projetos sociais para vivenciar a fé de origem africana.
Saídas semanais.
Encontro de Cultura Negra | Quilombo do Campinho, Paraty
Encontro de Cultura Negra realizado no Quilombo Campinho da Independência. O Encontro ocorre desde 1998 e promove o resgate dos valores tradicionais da cultura negra e local, com uma programação que inclui manifestações culturais, shows musicais, cirandas, oficinas, teatros, palestras, artesanato, entre outras atividades.
Saída dia 17 de novembro, por São Paulo.