Voluntários preparam caminho para passeio de trem na Serra das Russas – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Voluntários preparam caminho para passeio de trem na Serra das Russas

*Por Rafael Dantas

A ONG Amigos do Trem – Regional Pernambuco está realizando uma série de ações para a reativação no transporte ferroviário no Agreste do Estado. Desde 2017, os voluntários criaram o Projeto Serra das Russas, com o objetivo de promover a revitalização, preservação e operação do trecho da antiga Linha Centro de Pernambuco (que seguia do Recife até Salgueiro) entre Pombos e Gravatá. Esse percurso, que corta a Serra das Russas, atravessa por impressionantes 14 túneis e 6 viadutos.

“O percurso é fantástico e desde 1986 é tombado pelo Governo Estadual. Por seu potencial paisagístico, por sua história e por vários outros valores é um trecho que podemos colocar como uma das partes mais importantes do patrimônio ferroviário nacional”, afirma André Cardoso, historiador do Museu do Trem e integrante da ONG. A proposta da associação é revitalizar o trecho para operá-lo turísticamente. A ideia é que ao preservar o patrimônio será possível também gerar emprego e renda para as comunidades cortadas pela via férrea.
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Para que esse sonho se torne realidade, os voluntários estão realizando trabalhos de desobstrução da linha, que estão avançando, mesmo sem financiamentos públicos ou privados. “Todas as ações são realizadas com recursos dos próprios voluntários e com um grande apoio de habitantes das áreas cortadas pela via férrea. Já realizamos ações sociais com as comunidades locais, que inclusive abraçaram a causa. Hoje já conseguimos reabrir cerca de 60% desse trecho”, destaca André.

O projeto contempla o trecho de 25 quilômetros. O último trem que passou pelo trajeto foi em 2000, o Trem do Forró. A operação dos trens de carga, no entanto, foram desativados ainda no final da década de 1990, enquanto que os trens regulares de passageiros encerraram suas operações em 1989.

André conta que além desse percurso ter sido tomado pela vegetação, havia vários desmoronamentos de rochas sobre os trilhos que foram removidos por nossos voluntários. “É um valoroso esforço de preservação que parte da própria sociedade civil. Já temos inclusive vagões e veículos para operar o trecho após restauro”, informa o historiador. A própria ONG promete fazer o treinamento e contratação de pessoal para realizar a operação, como já está acontecendo em Minas Gerais.

Em Minas Gerais, por exemplo, projeto é o Trem Rio – Minas, com mais de 160 km. Através de parcerias privadas e apoio do DNIT o grupo já conseguiu recuperas carros de passageiros e locomotivas. Para o projeto em Pernambuco, a ONG recebeu no mês passado cinco carros de passageiros que estão ainda em Teresina, aguardando restauro e transporte. Além desses carros de passageiros, a ONG já recebeu da Transnordestina SA um auto de linha para manutenção e inspeção. O equipamento foi recuperado no Centro de Manutenção de Cavaleiro, com apoio técnico da CBTU e custeio dos materiais pelos membros da associação.

O mapa abaixo é de autoria da Ana Renata Santos, em sua dissertação de mestrado pela UFPE. Nele é possível observar as estações que prestavam serviço nessa região. De acordo com o trabalho, o trecho foi construído entre 1886 e 1894. Os viadutos eram metálicos originalmente, tendo sido substituídos na década de 1940 por estruturas de concreto armado.

Nas imagens antigas abaixo temos túnel, viaduto e as estações de Cascavel e Russinha, hoje infelizmente demolidas, restando apenas a plataforma, de acordo com o historiador André Cardoso.

O projeto ousado de reativar o trem na região vai peça a peça sendo montado pela ONG Amigos do Trem a cada pedra removida dos trilhos, a cada trecho reaberto e a cada nova aquisição ou recuperação das composições. Para obter mais informações, o projeto tem perfil no Facebook e no Instagram com o nome “Projeto Serra das Russas”

 

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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