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RECIFE.PUZZLE

Fragmentação urbana: o maior obstáculo para cidades justas e sustentáveis

*Por Mariana Pontes A urbanização desordenada e excludente se consolidou como um dos principais retratos da desigualdade social nas cidades brasileiras. A ausência de infraestrutura básica, a vulnerabilidade ambiental e o colapso dos sistemas urbanos são consequências da ausência de um planejamento integrado que, além de articular as políticas, deve integrar os desejos e necessidades da população. Segundo o Relatório de Riscos Climáticos da ONU (2022), as cidades que ignoram soluções integradas e a escuta ativa da população tendem a aprofundar suas desigualdades sociais e ambientais. Ainda assim, o Brasil insiste em repetir práticas baseadas em interesses de curto prazo, sem articulação entre setores e com pouca visão de futuro. Essa lógica reducionista, que trata o planejamento urbano como um processo técnico isolado, enfraquece a capacidade transformadora das políticas públicas. No entanto, algumas experiências demonstram que é possível fazer diferente. No Recife, por exemplo, desde 2015 o pensamento do planejamento integrado de longo prazo tem orientado políticas públicas estruturantes da cidade. O Plano Recife 500 Anos se configura como uma bússola que direciona políticas e ações para a construção do futuro desejado. Assim, antecipar esse futuro por meio de processos de criação coletiva é fundamental e urgente nas cidades. Exemplos como a implantação de espaços públicos voltados à primeira infância, que combinam urbanismo, educação e cuidado, só foram possíveis a partir de escutas comunitárias, articulação intersetorial e prototipação de soluções. Da mesma forma, projetos que utilizam infraestrutura verde para tratar águas de esgoto em áreas alagadas, como os jardins filtrantes, revelam o potencial de iniciativas que aliam sustentabilidade, requalificação urbana e educação ambiental. Essas ações, construídas a partir da inteligência coletiva e da colaboração entre diversos atores, mostram que o caminho da inovação urbana exige mais participação e menos verticalidade. Superar o ciclo de intervenções paliativas requer romper com estruturas institucionais rígidas e ineficientes. É necessário instituir processos participativos permanentes, fomentar a escuta como ferramenta de planejamento. Planejar cidades para o futuro significa transformar profundamente a forma de relacionamento dos habitantes com o espaço urbano. Isso implica reconhecer os territórios e as pessoas que os habitam como protagonistas, compreender suas dinâmicas e articular saberes diversos na construção de soluções duradouras. Não basta pensar o urbano a partir de diagnósticos frios, é preciso agir com coragem, testar novas abordagens e aprender com os erros e acertos da prática. Portanto, o Brasil só terá cidades mais justas, resilientes e sustentáveis quando a lógica do planejamento deixar de ser fragmentada e se tornar integradora, coletiva e orientada para o bem comum. É tempo de abandonar as fórmulas prontas e abraçar o desafio de reconstruir nossas cidades com escuta ativa, participação efetiva e inovação real. O futuro urbano que queremos precisa começar agora, e ele deve ser construído por muitas mãos. *Mariana Pontes é diretora-presidente da Áries

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Luiz Vieira 1

Seminário debate soluções para a habitação popular integrada no Recife

Evento reunirá especialistas, gestores públicos e moradores para discutir qualidade de vida, inclusão urbana e sustentabilidade. Luiz Vieira (foto) será um dos debatedores do encontro. Nos dias 6 e 7 de agosto, o auditório do Apolo 235, no Bairro do Recife, será palco do II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife. O encontro reunirá pesquisadores, gestores públicos e representantes de comunidades em situação de vulnerabilidade para discutir estratégias de habitação popular que integrem moradia, infraestrutura urbana, natureza e acesso a serviços essenciais, como educação, saúde, mobilidade e lazer. A iniciativa é resultado de um convênio entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Prefeitura do Recife, por meio do Projeto de Pesquisa de Desenvolvimento e Inovação Recife Cidade Parque, com apoio das secretarias municipais de Desenvolvimento Urbano e de Habitação. O evento se propõe a ampliar o debate sobre modelos urbanísticos sustentáveis e inclusivos, que enfrentem os riscos ambientais e superem a lógica de guetos urbanos isolados da cidade formal. “Vamos discutir dentro de uma abordagem sistêmica, que vá além de paradigmas dos programas de habitação, nos quais a moradia é concebida sem estar atrelada ao acesso a uma infraestrutura urbana de qualidade. É um modelo em que não se formam cidades, mas guetos urbanos”, afirma o coordenador do projeto, Roberto Montezuma, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE. A programação inclui conferências com nomes como Marcos Boldarini e Nora Libertun de Duren (BID), além de mesas sobre regularização fundiária, emergência climática, racismo ambiental, experiências em ZEIS e projetos internacionais como o Villa 20 de Buenos Aires. O seminário também apresentará propostas e ações em curso, como o Programa Moradia Legal, Periferia Viva e Promorar, promovendo o diálogo entre academia, poder público e sociedade civil. PROGRAMAÇÃO COMPLETA 9h às 12h Abertura Felipe Matos - Secretaria Desenvolvimento Urbano - PCR  Felipe Cury - Secretaria de Habitação - PCR  Vitor Araripe – Ministério das Cidades - Governo Federal Roberto Montezuma - Projeto Recife Cidade Parque - UFPE Palestra: Habitabilidade no Recife Cidade Parque  Lúcia Veras e Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Conferência: Urbanização em áreas ambientalmente sensíveis: experiência na Região Metropolitana de São Paulo Marcos Boldarini - Arquiteto e Urbanista Debate Mediador: Luiz Vieira (UFPE e Recife Cidade Parque) 14h às 18h Panorama - Recife • Perspectiva histórica da habitação de interesse social - Ângela Souza (UFPE) • Participação popular na construção de soluções para a regularização urbanística e fundiária de habitação de interesse social - Danielle Rocha (UFPE) • Estudos de uso e ocupação do solo: pesquisa Recife Cidade Parque - Rosa Cortês (UFPE) • Plano Local de Habitação de Interesse Social - Felipe Cury (Secretário de Habitação - PCR) •  Emergências climáticas, racismo ambiental e direito à moradia - Joice Paixão (GRIS Solidário)  Intervalo (15min) • Urbanização da primeira Zeis do Recife: João de Barros - Ronald Vasconcelos (UFPE) • Urbanização da primeira favela do Recife: Vila Redenção -  Aline Souto (UFPE) • Ilha de Deus uma década depois - Norah Neves (UPE) Debate Mediador: Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Quinta-feira 7/08 9h às 12h Panorama - Políticas Públicas • Minha Casa Minha Vida - Marcelo Maia de Almeida (Caixa Econômica Federal) • Periferia Viva - Vitor Araripe (Ministério das Cidades) • Promorar - Secretaria de Projetos Especiais - PCR • Programa Moradia Legal - Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) • Perspectivas - Habitat para Humanidade - Socorro Leite (ONG Habitat para  Humanidade) Debate Mediadora: Nancy Nery (Secretaria de Habitação – PCR) Intervalo (15min) Conferência: Rumo à Habitabilidade Sustentável na América Latina Nora Libertun de Duren - Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID Debate  Mediador: Fernando Diniz (UFPE) 14h às 18h Panorama - Experiências • Laboratório de projetos na graduação DAU/UFPE - Bruno Lima (UFPE) e Fábio Mosaner (UFPE) • Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social - ATHIS/UFSC - Ricardo Wiese (UFSC) • Projetos de habitação de interesse social - Alexandre Hoddap (Coletivo Peabiru - SP) • Villa 20 - Buenos Aires - Martín Motta e Beatriz Pedro (Universidade de Buenos Aires - UBA) Debate Mediador: Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Intervalo (15min) Mesa redonda: Construindo o Futuro  Felipe Matos, Felipe Cury, Vitor Araripe, Roberto Lins, Marcelo Maia de Almeida e Roberto Montezuma Mediador Francisco Cunha (TGI e ARIES) Serviço📅 II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife📍 6 e 7 de agosto | Apolo 235 – Rua do Apolo, 235, Bairro do Recife🎟 Gratuito | Inscrições: bit.ly/4lrgdf4

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Cecilia Costa UFPE

“A APA Aldeia-Beberibe é um tesouro ameaçado. Precisamos de coerência e coragem para defendê-la”

Cecília Costa, pesquisadora da UFPE, destaca a importância da Área de Proteção Ambiental, situada na  Região Metropolitana do Recife, e os riscos de projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos. Ela ressalta a necessidade urgente de políticas públicas que valorizem os serviços ambientais para proteger esse patrimônio natural. Cecília Costa, doutora em ecologia e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, acumula mais de uma década de estudos na APA (Área de Proteção Ambiental) Aldeia-Beberibe, situada na Região Metropolitana do Recife. Com trabalhos que vão desde o levantamento de biodiversidade até a percepção ambiental das comunidades locais, ela é uma das vozes acadêmicas na defesa desse território que está sob alvo de muitas tensões. Nesta entrevista, Cecília detalha a riqueza biológica da região, os riscos impostos por projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos, e a urgência de implantar políticas públicas que reconheçam e remunerem os serviços ambientais prestados pela floresta. Ao longo da conversa, a professora compartilha percepções valiosas sobre a defaunação (perda de animais) histórica no Nordeste, a presença de espécies ameaçadas como a jaguatirica, o papel estratégico da vegetação na recarga dos aquíferos e o potencial da APA para se tornar referência em desenvolvimento sustentável. Ela alerta: “Precisamos sair da politicagem e ter coerência. O desenvolvimento precisa ser compatível com os objetivos da APA”. A APA Aldeia-Beberibe pode resistir à pressão da especulação imobiliária já existente e dos grandes empreendimentos anunciados, como o Arco Metropolitano e a Escola de Sargentos do Exército? Já existem várias questões que precisam ser resolvidas, e é muito importante não ampliar ainda mais o problema. Esses empreendimentos promovem mais desmatamento e fragmentação da Mata Atlântica nesse território, trazendo ainda mais gente para o local, o que pode comprometer definitivamente os objetivos da APA. Além da fragmentação e do desmatamento, e do Arco Viário Metropolitano é a maior ameaça à integridade da APA pois causa atropelamentos da fauna, poluição sonora e atmosférica. Essa será uma rodovia que receberá intenso tráfego de caminhões para conectar o Porto de Suape com as empresas que estão mais ao norte da região metropolitana. Além da poluição atmosférica, existem as cargas perigosas que representam um risco para a contaminação das águas superficiais e do lençol freático da região, usados para abastecimento da população.  Os projetos do Arco e da Escola de Sargentos têm uma série de impactos negativos para a conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais da região, mas o principal problema é o adensamento populacional. Infelizmente, o governo nunca conseguiu resolver as consequências disso. Não há fiscalização que dê conta de impedir a constante invasão de áreas para moradias, além do aumento dos empreendimentos imobiliários que ampliam o uso dos recursos naturais, além da produção de lixo, esgoto e impermeabilização do solo.  Existe algum território em Pernambuco em que o poder público conseguiu dar conta da especulação imobiliária? Não tem. O maior exemplo que a gente tem talvez seja a praia mais linda do Brasil, que é Porto de Galinhas. Ela está altamente adensada, com esgoto sem tratamento e já em processo de verticalização, que também já começou a acontecer em Aldeia.  Então, a gente tem que evitar projetos que promovam mais adensamento populacional no território, porque assim a gente consegue manter os serviços ambientais desse território que são tão importantes para a qualidade de vida na Região Metropolitana do Recife.  De quais serviços ambientais a senhora está tratando? Uma coisa importantíssima acerca da Mata Atlântica em avançado processo de regeneração, como é o caso da APA, é que ela remove e armazena o gás carbônico da atmosfera. Esse é o principal causador do aquecimento global, das mudanças climáticas que estamos vendo. Toda vez que a mata aumenta sua biomassa, ou seja, está se tornando mais densa, significa que ela está estocando carbono. E toda vez que ela está se tornando mais rala ou sendo removida, significa que ela está liberando gás carbônico para a atmosfera.  O trecho de floresta no território do Exército aumentou bastante em biomassa nos últimos 40 anos e, desde a criação da APA em 2010, outros trechos também estão se recuperando. Então esse é o cenário ideal para a remoção de carbono da atmosfera, de modo que uma alternativa rentável e sustentável para a região é o pagamento aos moradores por serviços ambientais e a venda de créditos de carbono.  Há também duas áreas de abastecimento público de água dentro da APA Aldeia-Beberibe. Uma delas é a barragem de Botafogo e a outra é o Açude do Prata, que fica dentro do Parque Estadual de Dois Irmãos. Esta última, é uma água de excelente qualidade, por estar dentro de uma unidade de conservação de proteção integral, sendo um ótimo exemplo para compreender como a natureza contribui para produzir água de qualidade, além de reduzir os custos com o tratamentoda da água. Assegura a boa saúde da população que usa dessa água.  As florestas da APA Aldeia-Beberibe também provêm vários outros serviços ambientais que quase ninguém dá valor, pois não se paga por eles e nem se pensa sobre eles. Se eu perguntar quanto você pagou de taxa de polinização este mês, você vai falar: “Não paguei nada”. Apesar disso, você se alimentou de mamão, laranja, milho, café e muitos outros frutos ou grãos, o que significa que os insetos fizeram o serviço de polinização.  Quanto você pagou de taxa de ar puro? Quanto você pagou de taxa de produção de solo fértil? Quanto você pagou de taxa de chuva?  Você certamente vai me responder: “Também não paguei por nada disso”. Mas então quem está fazendo esse serviço? São milhares de espécies que trabalham dia e noite gratuitamente para manter todos esses serviços e assim assegurar nossa qualidade de vida. Mas se não dermos as condições necessárias para que os ecossistemas continuem trabalhando, eles irão colapsar e nossa qualidade de vida também. Já existem lugares onde os polinizadores estão desaparecendo e os agricultores têm que alugar colmeias ou pagar para as pessoas levarem os pólens de

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Pernambuco investe R$ 300 milhões para embutir fiação no Bairro do Recife

Primeira etapa do projeto cobre quase metade da Ilha do Recife e promete impacto positivo no turismo, no setor elétrico e na economia digital. Foto: Hesíodo Góes - Secom O Governo de Pernambuco anunciou um investimento superior a R$ 300 milhões para o embutimento da fiação elétrica no Bairro do Recife, uma das áreas mais emblemáticas da capital. A primeira etapa do projeto, realizada em parceria com a Neoenergia, receberá R$ 185 milhões e contemplará 46% da rede elétrica da ilha, com a instalação subterrânea de 43 quilômetros de cabos, cinco câmaras de manobra e a modernização da infraestrutura que atende cerca de 1.150 unidades consumidoras. Com início no Marco Zero, Cais da Alfândega e Praça do Arsenal, a intervenção busca qualificar o espaço urbano e fortalecer o ambiente de inovação e turismo do centro histórico. "Hoje é um dia histórico para o Recife. Acabamos de anunciar a autorização para que a Neoenergia contrate uma empresa responsável pelo embutimento de toda a fiação do Bairro do Recife. Com essa iniciativa, garantimos mais beleza para o bairro, mais segurança no fornecimento de energia e a melhoria na qualidade dos serviços de internet, algo essencial para o Porto Digital, que está no coração do centro", afirmou a governadora Raquel Lyra. O projeto é considerado estratégico tanto para a preservação do patrimônio histórico quanto para a consolidação do Recife como polo de tecnologia. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, o embutimento trará mais segurança elétrica e estabilidade no fornecimento de energia para as empresas instaladas no Porto Digital, uma das âncoras da nova economia no estado. A execução do plano será coordenada por um grupo de trabalho e envolve a colaboração de diversos atores, como o município do Recife e empresas de telecomunicações. “É um projeto que exige a colaboração de diversos agentes, desde as empresas de telefonia até o poder público. A proposta é embutir toda a fiação que hoje está exposta, utilizando calhas subterrâneas e um projeto de engenharia estruturado”, explicou João Paulo Rodrigues, diretor de Relações Institucionais da Neoenergia. Além da modernização da rede elétrica, o governo estadual tem promovido uma série de investimentos para revitalizar o centro da cidade, com ações que incluem restauração de espaços culturais e expansão da habitação social. O conjunto de iniciativas reforça o compromisso com a recuperação urbana e o desenvolvimento econômico sustentável da capital pernambucana.

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Bezerros conquista R$ 1,5 milhão para requalificação do Pólo Cultural da Serra Negra

Projeto apoiado por Lucielle Laurentino e Mendonça Filho vai ampliar infraestrutura turística e cultural em área de 5.800 m² A Prefeitura de Bezerros garantiu mais de R$ 1,5 milhão em investimentos para a construção e requalificação do Pólo Cultural da Serra Negra. Os recursos são oriundos do Programa de Apoio a Projetos de Infraestrutura Turística, do Ministério do Turismo em parceria com a Caixa Econômica Federal, e foram viabilizados por articulação da prefeita Lucielle Laurentino e do deputado federal Mendonça Filho. A proposta visa ampliar o acesso, a acessibilidade e a infraestrutura de eventos no espaço, um dos principais cartões-postais do Agreste pernambucano. Com projeto arquitetônico desenvolvido pela Secretaria de Turismo e Cultura de Bezerros, o novo espaço contemplará cerca de 5.850 m² com melhorias estruturais como calçamento, piso intertravado, pista de cooper, banheiros, quiosques, bares, iluminação e áreas de convivência. O processo licitatório para execução da obra já foi aberto, conforme o Diário Oficial do Município Nº 381, de 23 de julho de 2025. “Costumo dizer que tudo que é bom, pode melhorar e sendo assim, estamos imensamente felizes por conquistar mais recursos para investir nesse pedacinho do paraíso”, afirmou a prefeita Lucielle Laurentino. A revitalização prevê ainda a instalação de bancos, pergolados, canteiros e uma área voltada para atividades físicas e de lazer. O objetivo é não apenas qualificar o ambiente para moradores e turistas, mas também fortalecer a realização de eventos tradicionais que já ocorrem na Serra Negra, como o São João, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, o Festival Pernambuco Meu País e a Semana Paixão pela Serra. Localizado a 10 km do centro de Bezerros e cerca de 115 km do Recife, o Pólo Cultural da Serra Negra está situado a 957 metros de altitude, oferecendo clima ameno, paisagens naturais exuberantes e uma rica programação cultural. Com temperaturas entre 15º e 25º C durante a maior parte do ano, o espaço é um dos principais destinos turísticos do interior do estado e recebe milhares de visitantes durante o calendário festivo.

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Evento debate soluções integradas para habitação popular no Recife

II Seminário Recife Cidade Parque propõe olhar sistêmico sobre moradia, urbanização e qualidade de vida nas periferias Discutir moradia popular como parte essencial da cidade e não como solução isolada é a proposta do II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife, que acontece nos dias 6 e 7 de agosto, no auditório do Apolo 235, no Bairro do Recife. Reunindo pesquisadores, gestores públicos e organizações da sociedade civil, o evento defende que habitação de qualidade deve estar integrada a infraestrutura urbana, mobilidade, áreas verdes e serviços essenciais. Com realização do Projeto Recife Cidade Parque — fruto de parceria entre a UFPE e a Prefeitura do Recife —, o seminário abordará temas como urbanização de áreas sensíveis, regularização fundiária, impacto das mudanças climáticas e racismo ambiental. “Vamos discutir dentro de uma abordagem sistêmica, que vá além de paradigmas dos programas de habitação, nos quais a moradia é concebida sem estar atrelada ao acesso a uma infraestrutura urbana de qualidade. É um modelo em que não se formam cidades, mas guetos urbanos”, afirma o professor Roberto Montezuma, coordenador do projeto. Entre os destaques da programação estão as conferências de Marcos Boldarini, sobre urbanização na Região Metropolitana de São Paulo, e de Nora Libertun de Duren, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que abordará os caminhos para a habitabilidade sustentável na América Latina. Também estão previstas mesas sobre políticas públicas como o Minha Casa Minha Vida e o Periferia Viva, além de experiências nacionais e internacionais em habitação social, como a Vila Redenção e a Villa 20, em Buenos Aires. O evento vai além da teoria e apresenta práticas concretas de urbanização em territórios periféricos do Recife, como a Zeis João de Barros, a comunidade da Ilha de Deus e a primeira favela do Recife. Pesquisadores da UFPE, representantes de coletivos de arquitetura e organizações como o Habitat para a Humanidade contribuirão com análises e propostas baseadas na vivência e atuação em campo. A programação inclui ainda uma mesa-redonda com representantes da prefeitura e do governo federal. Serviço:II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife📅 6 e 7 de agosto📍 Apolo 235 (Rua do Apolo, 235, Bairro do Recife)🔗 Inscrições gratuitas: bit.ly/4lrgdf4 PROGRAMAÇÃO COMPLETA 9h às 12h Abertura Felipe Matos - Secretaria Desenvolvimento Urbano - PCR  Felipe Cury - Secretaria de Habitação - PCR  Vitor Araripe – Ministério das Cidades - Governo Federal Roberto Montezuma - Projeto Recife Cidade Parque - UFPE Palestra: Habitabilidade no Recife Cidade Parque  Lúcia Veras e Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Conferência: Urbanização em áreas ambientalmente sensíveis: experiência na Região Metropolitana de São Paulo Marcos Boldarini - Arquiteto e Urbanista Debate Mediador: Luiz Vieira (UFPE e Recife Cidade Parque) 14h às 18h Panorama - Recife • Perspectiva histórica da habitação de interesse social - Ângela Souza (UFPE) • Participação popular na construção de soluções para a regularização urbanística e fundiária de habitação de interesse social - Danielle Rocha (UFPE) • Estudos de uso e ocupação do solo: pesquisa Recife Cidade Parque - Rosa Cortês (UFPE) • Plano Local de Habitação de Interesse Social - Felipe Cury (Secretário de Habitação - PCR) •  Emergências climáticas, racismo ambiental e direito à moradia - Joice Paixão (GRIS Solidário)  Intervalo (15min) • Urbanização da primeira Zeis do Recife: João de Barros - Ronald Vasconcelos (UFPE) • Urbanização da primeira favela do Recife: Vila Redenção -  Aline Souto (UFPE) • Ilha de Deus uma década depois - Norah Neves (PCR) Debate Mediador: Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Quinta-feira 7/08 9h às 12h Panorama - Políticas Públicas • Minha Casa Minha Vida - Marcelo Maia de Almeida (Caixa Econômica Federal) • Periferia Viva - Vitor Araripe (Ministério das Cidades) • Promorar - Secretaria de Projetos Especiais - PCR • Programa Moradia Legal - Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) • Perspectivas - Habitat para Humanidade - Socorro Leite (ONG Habitat para  Humanidade) Debate Mediadora: Nancy Nery (Secretaria de Habitação – PCR) Intervalo (15min) Conferência: Rumo à Habitabilidade Sustentável na América Latina Nora Libertun de Duren - Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID Debate  Mediador: Fernando Diniz (UFPE) 14h às 18h Panorama - Experiências • Laboratório de projetos na graduação DAU/UFPE - Bruno Lima (UFPE) e Fábio Mosaner (UFPE) • Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social - ATHIS/UFSC - Ricardo Wiese (UFSC) • Projetos de habitação de interesse social - Alexandre Hoddap (Coletivo Peabiru - SP) • Villa 20 - Buenos Aires - Martín Motta e Beatriz Pedro (Universidade de Buenos Aires - UBA) Debate Mediador: Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Intervalo (15min) Mesa redonda: Construindo o Futuro  Felipe Matos, Felipe Cury, Vitor Araripe, Roberto Lins, Marcelo Maia de Almeida e Roberto Montezuma Mediador Francisco Cunha (TGI e ARIES)

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Sudene estuda trem de passageiros entre Recife e Caruaru e ferrovia de carga no Sertão

Parceria com a UFPE visa fortalecer mobilidade, logística e desenvolvimento regional em Pernambuco A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) anunciou a realização de dois estudos para implantação ou revitalização de ferrovias estratégicas em Pernambuco. Em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a iniciativa busca ampliar a malha ferroviária do estado, conectando polos produtivos e melhorando a mobilidade. Os projetos fazem parte da estratégia do Governo Federal para tornar a logística regional mais eficiente e competitiva. O primeiro estudo irá avaliar a viabilidade de um trem de passageiros entre Recife e Caruaru, em um trajeto de cerca de 120 km. A proposta analisa o reaproveitamento de estruturas remanescentes e considera a construção de uma nova ferrovia, caso necessário. “É uma ação importante por envolver o polo têxtil, de confecções, além de contribuir significativamente do ponto de vista do turismo e melhorar a mobilidade da BR-232”, afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral. Já o segundo estudo mira a requalificação ou instalação de um trecho ferroviário de cerca de 250 km entre Petrolina e Salgueiro, com foco no escoamento de cargas. A ferrovia ligaria o polo da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco à Transnordestina, facilitando o acesso aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE). Segundo Cabral, essa integração pode reduzir em até 40% os custos logísticos em relação ao transporte rodoviário. As duas iniciativas se somam a outras propostas do Ministério dos Transportes para expandir o transporte ferroviário no Nordeste, como os trechos Salvador–Feira de Santana (BA), Fortaleza–Sobral (CE) e São Luís–Itapecuru Mirim (MA). A expectativa é que os estudos da Sudene, realizados com apoio da UFPE, sejam finalizados no primeiro trimestre de 2026. “O transporte ferroviário é uma política de Estado para impulsionar a economia e requalificar a malha brasileira. Ao conectar os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário, ganhamos em competitividade, atraímos investimentos e abrimos portas para novos mercados internacionais”, reforçou Danilo Cabral.

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Infraestrutura atual não atrai novos ciclistas, alerta Ameciclo

Apesar do aumento na quilometragem das ciclovias, infraestrutura segue precária, com baixo padrão de segregação e integração quase inexistente com outros modais. Mesmo com o crescimento no número de quilômetros de ciclovias na Região Metropolitana do Recife (RMR), a percepção de quem pedala segue marcada por insegurança e frustração. Para a Ameciclo, os avanços ainda não são capazes de atrair novos usuários nem de garantir conforto e proteção aos ciclistas. Em entrevista ao repórter Rafael Dantas, o coordenador da entidade, Daniel Valença, aponta os principais gargalos da mobilidade ativa, critica a ausência de integração entre modais e defende que o poder público precisa, enfim, priorizar investimentos na mobilidade sustentável. Como a Ameciclo avalia o aumento da infraestrutura para a ciclomobilidade na RMR? O que avançamos e o que permanece como ponto crítico? A Ameciclo avalia que houve um avanço no número de quilômetros de infraestrutura cicloviária, principalmente na cidade do Recife. No entanto, é preciso qualificar esse avanço: será que ele está trazendo, de fato, benefícios para quem pedala e para a população em geral? Investir em quem pedala é investir em uma cidade mais segura, menos poluída e com menos engarrafamentos — mas o que temos visto é uma infraestrutura extremamente precária. Grande parte da malha cicloviária é composta por ciclorrotas e ciclofaixas. As ciclorrotas não têm segregação do fluxo de veículos motorizados e muitas vezes estão localizadas em vias de alto fluxo e velocidade, como a Rua do Riachuelo (dividindo espaço com o BRT) e a Avenida Beberibe (em frente ao mercado), onde ciclistas disputam espaço com ônibus e todo o caos da via. Já as ciclofaixas, geralmente em vias secundárias ou terciárias, têm pouca segregação e sofrem com invasões por motos em movimento ou carros estacionados. A pergunta que fazemos é: deixaríamos um filho, uma mãe ou uma pessoa idosa usar essas vias com segurança? A resposta, para quem pedala no Recife, é não. O que os estudos mostram sobre as expectativas dos ciclistas em termos de infraestrutura? Nossa pesquisa Perfil Ciclista mostra que, em 2013, quando havia pouca infraestrutura, os ciclistas apontavam arborização e educação no trânsito como principais demandas. Hoje, com a infraestrutura visível, mesmo que precária, a principal reivindicação é justamente mais estrutura cicloviária. Isso indica que quem já pedala se fideliza ao modal, mas o sistema atual não atrai novos ciclistas. O número de pessoas que pedalam há mais de cinco anos aumentou, enquanto o de iniciantes caiu — ou seja, não estamos conseguindo renovar esse público. A infraestrutura precisa oferecer segurança imediata, com mais segregação e melhor tratamento nos cruzamentos, mas também precisa ser atrativa: mais larga, confortável, permitindo que as pessoas pedalem lado a lado. A Prefeitura até tem um bom Manual de Desenho de Ruas, com padrões adequados de qualidade, mas ele precisa ser efetivamente seguido. A infraestrutura precisa oferecer segurança imediata, com mais segregação e melhor tratamento nos cruzamentos, mas também precisa ser atrativa. Quais os números de violência no trânsito referentes aos ciclistas? O medo de atropelamento é hoje um dos principais entraves para que mais pessoas adotem o modal? Os números são assustadores. Entre 2022 e 2024, a violência no trânsito em geral mais do que dobrou — um aumento de 140%, com crescimento mês a mês. Os dados da CTTU mostram que saímos de 2 mil sinistros para mais de 4.400. E vale lembrar que a CTTU chega em apenas cerca de 40% dos sinistros. Isso significa que, no Recife, mais de dez pessoas por dia são vítimas de sinistros no trânsito. Em relação aos ciclistas, o relatório mais recente de segurança viária da CTTU, lançado em 2023, aponta que dez ciclistas morreram em 2023 em solo recifense. Além disso, quase 500 ciclistas foram vítimas de sinistros com atendimento do SAMU. Esse número é considerado com vítima justamente porque o SAMU foi acionado. É importante destacar que esse dado de 473 ciclistas vítimas é muito maior que o de 2022, mas também porque passaram a incluir os atendimentos do SAMU, o que não era feito anteriormente. Mesmo assim, é alarmante: dá quase um ciclista ferido por dia e um morto por mês. O medo de pedalar, de fato, não está necessariamente associado apenas a morrer atropelado. A sensação de insegurança no trânsito é o que afasta as pessoas da bicicleta e as empurra para outros modos, mesmo que mais perigosos, como as motos, ou menos sustentáveis, como os carros. Como é a integração entre a bike e os demais modais na RMR? Avançamos em algo? Olha, eu vou até citar um fato curioso que eu vi: um terminal integrado, que foi privatizado — acho que em Paulista — recebeu até um bicicletário novo, supermoderno, que tem identificação biométrica para você colocar a sua bicicleta lá dentro. Então, é uma novidade pra gente ter conseguido saber desse bicicletário em terminais de integração. Mas, não há nenhuma integração. O que tinha um pouco era o bike-metrô, mas o metrô está completamente precarizado. E a própria Bike PE, que também tem diminuído a qualidade das bicicletas, não consegue fazer realmente uma integração com Olinda e Paulista. Pela distância entre as estações e pela falta de infraestrutura cicloviária que integre essa região. O que previa o plano diretor era que toda a infraestrutura cicloviária estivesse conectando o Recife e as cidades vizinhas por bicicleta. E isso poderia fazer essa integração modal. Mas não há nenhum avanço, na verdade, de integração entre bicicleta com ônibus ou com metrô. Fala-se muito em mobilidade sustentável atualmente. O deslocamento por bicicletas traz vantagens para a cidade, para a saúde e ainda não polui. As políticas públicas locais e nacionais apontam para uma maior atenção e investimento ao modal? Existe, sim, um arcabouço legal já muito consistente para priorizar os modos sustentáveis — bicicleta, caminhada e transporte coletivo. A Política Municipal de Mobilidade Urbana e o Manual de Desenho de Ruas são avanços. Mas, na prática, falta vontade de mudar a infraestrutura e atacar o problema na raiz. Os investimentos ainda se concentram no

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67% dos usuários do transporte público na Região Metropolitana do Recife estão insatisfeitos

Estudo realizado pela Unifafire revela que um terço dos passageiros da RMR consideram que o serviço piorou nos dois últimos anos. Com envelhecimento da frota de ônibus, colapso do metrô e trânsito engarrafado, especialistas defendem uma política de gestão metropolitana com foco no transporte coletivo, na integração modal e na mobilidade ativa. *Por Rafael Dantas O Recife figura entre as capitais mais engarrafadas do Brasil há bastante tempo. No entanto, uma pesquisa recém-realizada pela Unifafire revelou que a doença crônica que afeta a mobilidade urbana da capital e das cidades que compõem a região Metropolitana (RMR) se agravou para um terço da população. O estudo revelou que 33,69% considera que o transporte público piorou nos dois últimos anos e 67,72% dos usuários estão insatisfeitos com o serviço. O colapso do Metrô, o envelhecimento da frota de ônibus e o número de mortes de ciclistas são alguns sintomas sentidos na pele dos cidadãos. A pesquisa, que ouviu 851 moradores da RMR, tem 95% de margem de confiança. “A maioria não enxerga retrocessos significativos mas, também, não percebe avanços concretos na qualidade do serviço. Esse quadro de "mesmismo" é preocupante, pois indica que as políticas públicas implementadas não foram capazes de reverter os graves problemas crônicos do sistema, mantendo um status quo insatisfatório para a população”, indicou o estudo, que foi liderado por João Paulo Nogueira de Oliveira, coordenador da Unifafire Inteligência de Mercado. A rotina diária de Yuri Lenen, 33 anos, ilustra as dores do sistema de transporte público da RMR. Ele mora em São Lourenço, mas trabalha no Recife, no bairro de Boa Viagem. Contador e professor universitário, ele pega dois ônibus e faz um percurso de metrô tanto para ir quanto para voltar. Da sua cidade, ele vai até o TIP (Terminal Rodoviário do Recife), que é integrado ao Metrô, de onde segue até a Estação Joana Bezerra e aciona um segundo ônibus para a Zona Sul. Ele gasta em torno de duas horas nesse deslocamento, que se fosse feito de carro seria de 28 quilômetros. Além do demasiado tempo desperdiçado, ele considera que mesmo quando consegue fazer o trajeto sentado, “o conforto é péssimo”. A lotação, os poucos assentos e a temperatura estão entre as principais queixas. “Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna!” "Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna! [O transporte] vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber." Yuri Lenen Um dos sintomas mais perceptíveis da crise do transporte, segundo os dados da pesquisa Unifafire, é justamente o desconforto, relatado por 70,3% dos respondentes. A superlotação é considerada ruim ou muito ruim por 71,59% dos passageiros.  Acerca do tempo de espera, uma reclamação tão decisiva para a difícil rotina de Yuri, o estudo indicou que há uma grave insatisfação de 66,08% dos entrevistados. Apenas 11,38% consideram a frequência do serviço satisfatória. A pesquisa indicou também que 50,47% das pessoas não consideram que os ônibus e o metrô são pontuais. As queixas de Yuri não param por aí. Ele reclama da demora para chegada dos ônibus, de até 40 minutos, do tempo que fica preso nos engarrafamentos, das quebras do metrô e da imprevisibilidade da chegada das composições. É um teste de paciência diário, que ele classifica como “desumano”.  Apesar de viver essa rotina há muito tempo, ele percebeu uma piora nos últimos anos. A doença crônica parece ter entrado em estado avançado. “Vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber”, afirmou o passageiro que planeja adquirir um carro ao final do ano para diminuir o sofrimento. A dinâmica diária do contador não é uma exceção na metrópole. O local de moradia e de trabalho, a busca por serviços de saúde ou educação e, mesmo, o tempo de lazer não está separado pelas linhas invisíveis que dividem os municípios. Logo, o desafio de vencer as travas da mobilidade são também coletivas. Da mesma forma, o movimento que ele planeja fazer do sistema público para o transporte privado é quase uma regra na RMR. Mesmo com o trânsito pesado e os preços elevados para compra e manutenção do veículo, quem tem a mínima possibilidade faz a migração.  De acordo com os dados da Urbana-PE, os ônibus perderam 48% dos passageiros nos últimos 12 anos. De acordo com Bernardo Braga, coordenador técnico da instituição, uma parte significativa dessa demanda migrou para outros modais, especialmente para a moto e o mototáxi. Uma transição que traz ainda outras externalidades negativas para as cidades e para a população. “Já é possível perceber os impactos dessa migração no sistema de saúde com os sinistros envolvendo motos, no aumento do conflito no ambiente urbano, entre outros. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza gradativamente a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades”, avalia Bernardo. "Já é possível perceber os impactos dessa migração [para moto e mototáxi] no sistema de saúde. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades". Bernando Braga A crise no sistema de transporte público, alimentada por falhas que vão do planejamento deficiente ao subfinanciamento crônico da operação, desencadeia a fuga dos passageiros – e, em consequência, das receitas – ampliando ainda mais a pressão sobre o trânsito. Para usar uma expressão da saúde, trata-se de uma metástase no tecido urbano: os efeitos se espalham por todos os modais, penalizando a população e agravando a situação das empresas – públicas ou privadas – que operam no setor. O RAIO X PARA A OPERAÇÃO DOS ÔNIBUS O ônibus é o principal meio de transporte da RMR segundo a pesquisa da Unifafire, sendo adotado por 35,15% dos moradores. O segundo lugar já é ocupado pelos carros

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Olinda tem que ser também patrimônio de Pernambuco

*Por Francisco Cunha Depois de uma longa convivência com a Olinda histórica, cheguei à conclusão de que, embora ela seja patrimônio da humanidade, infelizmente não é patrimônio de Pernambuco e só tem salvação se vier a sê-lo, inclusive com uma rubrica permanente no orçamento do Estado. Até me tornar um jovem adulto, não conhecia Olinda direito. Praticamente só ia por lá na época do Carnaval ou como resultado de uma ou outra ida furtiva, sempre dentro de um automóvel. De dia, ao Alto da Sé ou, à noite, ao Cantinho da Sé e ao saudoso bar Relicário onde hoje funciona o Museu de Arte Sacra, antigo Palácio Episcopal, e nada mais. Isso, até que tive que comparecer, quando cursava a faculdade de arquitetura, num dia normal de semana, a uma aula de campo de história, marcada pelo inesquecível professor José Luiz Mota Menezes, a ser dada na igreja de Nossa Senhora da Graça, uma das mais antigas do Brasil, junto ao Seminário, no ponto mais alto da colina histórica. Saí de casa, no Bairro do Espinheiro, de ônibus, depois do almoço, saltei no Varadouro e subi a pé, bem devagar, a ladeira Quinze de Novembro quando a tarde já ia quase pelo meio. Então, de súbito, comecei a ser arrebatado pela beleza da velha Marim dos Caetés. Primeiro, a uniformidade das casas de porta e janela, de um lado e do outro da ladeira, depois a chegada na Rua de São Bento, junto à prefeitura, antigo Palácio dos Governadores. Uma parada para respirar e duas visões arrebatadoras: ao sul, o Recife no fundo, já visto parcialmente do alto; e, a leste, a bela igreja do Convento de São Bento, ambos emoldurados pelo casario histórico. Segui pela rua olhando de ambos os lados os sobrados, alguns com mais de 300 anos, passei pela casa de Ivaldevan e Sônia Calheiros, sede do bloco carnavalesco Eu Acho é Pouco, até chegar no Mercado da Ribeira, na frente do qual um pedaço de muro do antigo Senado de Olinda registra, escrito numa estrela de mármore, o pioneiro “grito da república” dado entre nós por Bernardo Vieira de Melo, em 1710, durante as escaramuças da chamada Guerra dos Mascates, conforme citado no hino de Pernambuco: A República é filha de Olinda Alva estrela que fulge e não finda De esplender com seus raios de luz Liberdade! Um teu filho proclama! Dos escravos o peito se inflama Ante o Sol dessa terra da Cruz! Continuando meu percurso, desço a ladeira, chego aos Quanto Cantos, aquele mesmo citado na famosa música de J. Michilis, imortalizada por Alceu Valença pelos carnavais afora (Me Segura Senão Eu Caio):  Nos quatro cantos cheguei E todo mundo chegou Descendo ladeira Fazendo poeira Atiçando o calor... Embalado pela lembrança dos frevos rasgados que já tinha ouvido por ali, resolvi enfrentar a fatídica Ladeira da Misericórdia. No meio da subida, mesmo com falta de ar, olhando para os lados, me veio à cabeça o belíssimo poema Olinda do grande Joaquim Cardozo que fala de calçadas “cascateado nas ladeiras”: Olinda, Das perspectivas estranhas, Dos imprevistos horizontes, Das ladeiras, dos conventos e do mar. (...) Muros que brincam de esconder nas moitas, Calçadas que descem cascateando nas ladeiras. Chego resfolegante ao topo, do lado da Igreja da Misericórdia e defronte da Academia Santa Gertrudes, no local onde o Capitão Temudo opôs a última resistência olindense aos holandeses na invasão de 1630. Quando me viro, a vista do Recife funciona melhor do que um balão de oxigênio. Refeito do esforço, sigo pela primeira rua de Olinda, no topo da colina, passo pelo Observatório (aquele citado no poema de Cardozo: “Sábio silêncio do Observatório / Quando à noite as estrelas passam sobre Olinda”) e pela caixa d’água de 1936, primeira construção modernista daquela altura no Brasil, até chegar na frente da Catedral da Sé, antiga Igreja do São Salvador do Mundo, construída pelo nosso primeiro capitão hereditário, Duarte Coelho Pereira. No largo, restabelecido da subida da Misericórdia, me deparo com a vista, esta sim de tirar o fôlego, do Recife e não tenho como não lembrar dos versos de Carlos Pena Filho: De limpeza e claridade é a paisagem defronte. Tão limpa que se dissolve a linha do horizonte. As paisagens muito claras não são paisagens, são lentes. São íris, sol, aguaverde ou claridade somente. Olinda é só para os olhos, não se apalpa, é só desejo. Ninguém diz: é lá que eu moro. Diz somente: é lá que eu vejo. Em seguida, enfrento, como obstáculo final, a ladeira do Seminário para chegar a meu destino, a igreja onde seria ministrada a aula de campo. Trata-se de um belo exemplar da arquitetura colonial-maneirista, na época recém-restaurada, com uma singela nave na qual, sentados nos bancos, assistimos a extraordinária aula de José Luiz. Terminadas as obrigações acadêmicas, descemos a ladeira do Seminário e paramos no Cantinho da Sé para brindar com algumas cervejas geladas o final da tarde e a descoberta de uma Olinda paisagística e histórica até então insuspeitada. Terminamos, como no poema de Cardozo, presenciando o momento em que “as estrelas passam sobre Olinda”. Esse episódio que classifico, à moda do poeta Manuel Bandeira, de “meu primeiro alumbramento” olindense se deu antes da elevação de Olinda, em 1982, pela Unesco, a patrimônio da humanidade como resultado de uma iniciativa liderada pelo renomado designer pernambucano Aloísio Magalhães, na época secretário de Cultura do MEC. Depois, passei a ir regularmente à cidade até que resolvi escrever um livro sobre o Recife e entendi que deveria começar por Olinda já que acreditava, como ensinou Gilberto Freyre, ser a velha Marim dos Caetés a “mãe do Recife” (assim como Igarassu pode ser considerada a “avó”). Na verdade, atirei no que vi e acertei no que não tinha visto. Inicialmente pensei em dedicar um fim de semana para percorrer o sítio histórico mas fiquei, junto com o amigo de infância Plínio Santos, quase um ano frequentando a área todos os domingos e, no final, terminamos por escrever um guia (Um

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