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Recife redescobre sua fauna às margens do Rio Capibaribe

Parques urbanos e educação ambiental aproximam moradores do rio, revelando capivaras, jacarés, aves e até jiboias, e reforçando a necessidade de conviver com respeito e segurança com os animais silvestres *Por Rafael Dantas O Rio Capibaribe é das Capivaras, mas não só delas. A população do Recife tem visto com mais frequência também as suas aves, répteis e anfíbios… A recente fotografia de uma jiboia, feita pelo cineasta Kleber Mendonça Filho, rodou o mundo mostrando um pouco desse novo momento da capital pernambucana um pouco mais conectada com seus animais. Esses bichos sempre habitaram o rio, mas passaram a passear mais pelas margens e aos olhos dos outros moradores da cidade. Um fenômeno que aconteceu após o avanço dos parques urbanos que abrem janelas para às águas.  Com a experiência da primeira etapa do Parque Capibaribe, representada pelo Jardim do Baobá, os recifenses passaram a se reconectar com as áreas verdes e a contemplar o rio. O movimento rompe com uma tendência histórica marcada pela modernização urbana, que fez com que casas e prédios voltassem as costas ao curso d’água. Uma mudança que levou a população a contemplar com mais frequência a fauna que vivia nas águas ou embrenhada nos mangues que ninguém observava. O empresário Fernando Carvalho, 43 anos, é um dos recifenses que teve uma grande mudança de rotina e de contato com a fauna local após a inauguração do Parque das Graças. Morador do bairro há 10 anos, ele nunca imaginou ver uma jiboia ou contemplar tantas capivaras. “Antes da existência do parque, nunca tinha conseguido acessar aquela área do rio. Só tínhamos acesso ao mangue na outra margem do Capibaribe. Sempre escutamos pássaros e víamos alguns animais, mas após o surgimento do parque passamos a ver muitos outros, que não conhecíamos".  Sempre víamos alguns animais, mas após o surgimento do parque passamos a ver muitos outros, que não conhecíamos. A relação com a natureza dos moradores e de quem frequenta é muito bacana. Não imaginava que eu teria essa relação com a cidade na minha vida." Fernando Carvalho Ele conta que mais prazeroso é ver as famílias de capivaras circulando na beira do rio ou no gramado do parque. Além desse xodó dos recifenses, Fernando também relata perceber também uma presença muito maior de pássaros fazendo revoada na região. “A relação com a natureza dos moradores e de quem frequenta é muito bacana. Sempre que posso, vou com minha filha adolescente, com uma sensação de segurança. Sempre que posso caminho lá. Não imaginava que teria essa relação com a cidade na minha vida”. Mas, afinal, aumentou a população de animais ao longo do Capibaribe após a inauguração dos parques? Embora não haja uma resposta definitiva, há algumas hipóteses que explicam por que os moradores passaram a visualizar mais cobras, jacarés e capivaras. Segundo o pesquisador Rafael Barboza, pós-doutorando pela Facepe no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), a maior percepção da população em relação aos animais silvestres ao longo do Rio Capibaribe está ligada a vários fatores. O primeiro é justamente pelo fato de que a requalificação urbana aproximou a cidade do rio. Isso levou os recifenses a contemplarem sua área verde. “Nós ficamos de costas para o rio durante muito tempo. Agora, com obras como a da Beira Rio, começamos a olhar de frente para ele e a enxergar o meio ambiente que ainda resta na cidade.” Ficamos de costas para o rio durante muito tempo. Com obras como a da Beira Rio, começamos a olhar de frente para ele e a enxergar o meio ambiente da cidade. [E, na pandemia,] enquanto ficamos em casa, os animais foram reocupando espaços que eram deles." Rafael Barboza Um fator tecnológico que contribui para a percepção popular da vida animal é a popularização dos celulares com câmeras e das redes sociais. Ainda que esses animais fossem contemplados por alguns moradores anos atrás, a capacidade de circulação dessas imagens era muito menor.  Mas as hipóteses não estão apenas na maior percepção. Há alguns motivos que nos induzem a acreditar que há, de fato, uma maior população desses animais. Um deles está relacionado à experiência do isolamento na crise sanitária da Covid-19, quando parte da fauna voltou a ocupar a região do rio, é uma outra hipótese considerada pelo biólogo. “Enquanto ficamos em casa, os animais foram reocupando espaços que eram deles.” Com o avanço da estruturação desses espaços de lazer, especialmente com a abertura do Parque das Graças, algumas intervenções contribuíram para a atração desses bichos aos olhos da população. “As gramíneas e plantas ornamentais do Parque das Graças atraíram as capivaras para perto da população. A contemplação da fauna é maravilhosa e tem um valor educativo enorme.” Segundo Leonardo Melo, analista ambiental da Semas (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) lotado no Parque Estadual de Dois Irmãos, o reencontro do recifense com o Capibaribe tem favorecido a presença de mais animais nas margens do rio. Ele explica que a maior circulação de pessoas gera uma vigilância ampliada dos órgãos ambientais e consequentemente a redução das práticas de violência contra a fauna. “As capivaras, mais avistáveis, sentem mais segurança. No início havia muitos relatos de animais mortos a pauladas. Hoje isso acontece numa frequência muito menor. O visitante se depara e se encanta com as capivaras, organismo animal que tem tudo a ver com o Capibaribe.”  Essa vigilância e encantamento da população permite um ambiente mais seguro, com alimento e abrigo suficientes para que espécies se reproduzam. “O fato de as pessoas estarem avistando mais, significa dizer que os animais estão encontrando alimento, segurança e condição adequada para procriar. Podem aumentar em número, mas ainda é insuficiente para ser taxativo [que de fato aumentou a quantidade de animais]. Seria preciso chegar mais junto para ter diagnóstico e estudos”, explicou Leonardo Melo. AMPLA VIDA ANIMAL JÁ ERA CONHECIDA PELOS PESQUISADORES No início das pesquisas do Parque Capibaribe, uma das etapas foi justamente a realização de um inventário da fauna. Leonardo participava do projeto nessa época

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Recife lança licitação para ampliar sistema de bicicletas compartilhadas

Investimento de R$ 102 milhões prevê aumento de estações, inclusão de bicicletas elétricas e ações de educação para mobilidade sustentável A Prefeitura do Recife publicou neste sábado (27) o edital de licitação para concessão do sistema de bicicletas compartilhadas à iniciativa privada. O contrato terá duração de dez anos e prevê investimentos da ordem de R$ 101,9 milhões, coordenados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, por meio da Secretaria Executiva de Parcerias Estratégicas. O projeto prevê que a empresa vencedora seja responsável por toda a gestão, operação e manutenção do sistema. Além da ampliação da frota de bicicletas convencionais, o serviço contará pela primeira vez com bicicletas elétricas, totalizando 1.200 unidades monitoradas por GPS. O acesso será realizado por meio de aplicativo e site, permitindo retirada e devolução dos veículos nas estações. Com a concessão, o número de pontos de embarque e devolução terá um salto de 79 para 120, um crescimento de 51,9%. Já a frota passará das atuais 700 bicicletas para 960 convencionais, além da novidade de 240 elétricas. A iniciativa também estabelece como obrigação da concessionária a realização de campanhas educativas para incentivar a mobilidade sustentável e promover a convivência entre diferentes modais, em articulação com a CTTU. O projeto faz parte do programa Recife Parcerias, criado em 2021 para viabilizar investimentos em infraestrutura urbana, social e de sustentabilidade sem sobrecarregar os cofres públicos. Atualmente, a carteira do programa reúne oito projetos, com potencial de gerar R$ 1,8 bilhão em benefícios para o município. Serviço: A sessão pública de licitação será realizada de forma eletrônica em 27 de novembro de 2025, às 10h. O edital está disponível no site: https://parcerias.recife.pe.gov.br/projetos/concessao-bicicletas-compartilhadas

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Recife recebe especialistas internacionais para repensar o futuro urbano diante da crise climática

Central Saint Martins, Unicap e ARIES promovem workshop que conecta Recife a rede global de pesquisas sobre cidades resilientes De 22 a 26 de setembro, o Recife sediará o Workshop de Resiliência Urbana da Borda Histórica Continental, iniciativa da Central Saint Martins (CSM), integrante da University of the Arts London, em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES). O encontro faz parte de uma colaboração internacional de cinco anos, firmada em 2025, que reúne pesquisadores, estudantes e profissionais para pensar cidades mais justas, resilientes e preparadas para as mudanças climáticas. O foco da edição será a Avenida Conde da Boa Vista, corredor viário central por onde circulam mais de 350 mil pessoas diariamente. Alunos do curso de Design Urbano e Espaços da Cidade da Unicap irão aplicar metodologias de mapeamento, análises fotográficas e entrevistas de campo, ampliando a pesquisa já em andamento. A ideia é propor uma visão integrada que fortaleça a centralidade da área e identifique oportunidades de transformação urbana. Além de análises técnicas, o workshop valoriza a experimentação criativa. Segundo Juliana Muniz Westcott, professora e doutoranda da CSM, a proposta é estimular interpretações visuais e subjetivas sobre os dados coletados, orientando os participantes em práticas como documentação das ruas e diálogos com empresas locais. O exercício busca aproximar a ciência urbana da vivência cotidiana e gerar reflexões compartilhadas. A parceria entre CSM e ARIES já tem produzido intercâmbios relevantes, como a presença no fórum Cidades em Transição e a transmissão da Spatial Radio a partir do Recife. Para Mariana Pontes, diretora-presidente da ARIES, a iniciativa reforça o papel do município como laboratório vivo de inovação. “Essa parceria posiciona o Recife no centro de um diálogo global, ao mesmo tempo em que valoriza o conhecimento produzido localmente”, afirma. A cooperação prevê ainda novos workshops, debates e projetos-piloto voltados à adaptação climática da cidade. ServiçoWorkshop Internacional Recife–Londres📅 22 a 26 de setembro de 2025📍 Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) – Recife/PE

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Pedestres invisíveis: o desafio da caminhabilidade urbana

A qualidade das calçadas, arborização e iluminação são fundamentais para a mobilidade segura e sustentável, tea reforçado nesta semana no Dia Sem Meu Carro. Mas as políticas públicas do País seguem priorizando o transporte motorizado. *Por Rafael Dantas Caminhabilidade rima com mobilidade e com sustentabilidade. Apesar dos deslocamentos a pé serem considerados positivos para a dinâmica urbana, para a redução de poluentes na atmosfera e, até, mesmo para a saúde da população, esse modal está longe de ser protagonista das políticas públicas no Brasil. Há décadas, as cidades foram planejadas para os carros, gerando uma série de efeitos negativos, como poluição, mortes e engarrafamentos. O papel do transporte público e das bikes, mesmo ainda sendo tratados como coadjuvantes e tendo baixo investimento, são modais que ganharam um pouco mais de atenção do poder público nos últimos anos. Mas o pedestre segue quase como invisível nessa equação. Na Região Metropolitana do Recife, segundo pesquisa publicada pela Unifafire neste ano, 11,72% da população tem como principal meio para se deslocar o andar a pé. No entanto, mesmo quem se desloca prioritariamente em carro ou moto ou faz seu trajeto de ônibus ou metrô em algum momento do seu dia é pedestre: sai de um estacionamento, atravessa um semáforo, anda alguns quarteirões até chegar ao seu destino. Caminhabilidade é a qualidade de um ambiente urbano que facilita, incentiva e torna seguro o deslocamento a pé, considerando fatores como segurança, acessibilidade, conforto, conectividade e proximidade de serviços e destinos. Ambientes com alta caminhabilidade promovem mobilidade sustentável, saúde e interação social. A qualidade das calçadas é a infraestrutura mais básica quando tratamos sobre o que é necessário para o deslocamento seguro dos pedestres. Mas há uma série de outras preocupações que estão igualmente longe de ser atendidas. A iluminação adequada, a arborização que garanta um maior conforto térmico, a segurança contra a violência urbana e contra os acidentes nas travessias das ruas… esses são apenas alguns dos muitos fatores que mexem com a vida de todos os cidadãos. Porém atingem especialmente os mais vulneráveis. A vulnerabilidade nesse caso não é referente à imensa maioria das população que não tem transporte individual motorizado, mas em relação aos grupos com alguma limitação motora, como os idosos ou pessoas com deficiência, que deveriam ser o alvo das políticas públicas de mobilidade urbana. Afinal, uma cidade que é funcional para um morador na terceira idade, para um cadeirante ou para uma mãe que precisa se deslocar com um carrinho de bebê vai atender aos demais cidadãos. Mas, não é por acaso que esses perfis mais vulneráveis não são encontrados com facilidade nas calçadas. CIDADE QUE NÃO É FÁCIL PARA TODOS César Cavalcanti, professor aposentado da UFPE e integrante da  ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos) mora no bairro Espinheiro há 54 anos. Ele contou que hoje dirige pouco, prefere andar a pé e, vivendo em uma “cidade de 15 minutos”, consegue resolver quase tudo no bairro. “Tenho praticamente tudo a minha disposição a 15 ou 20 minutos, no máximo, andando. Bom para minha saúde e poupa meu dinheiro”, afirmou. Mas a experiência cotidiana não é simples. Aos 84 anos, Cavalcanti disse que teme cair nas calçadas da cidade. “O piso é um horror. Quando chove então, é difícil fazer os deslocamentos, tenho medo de levar uma queda ou sofrer um acidente”, comentou. Ele defende que o Recife tenha padronização nos passeios, com pisos antiderrapantes, manutenção regular e sem buracos. O cuidado com as calçadas é um dos grandes dilemas urbanos, já que a responsabilidade por sua construção e manutenção recai sobre os proprietários dos imóveis. Enquanto isso, vultosos recursos públicos são investidos anualmente no pavimento destinado ao transporte motorizado. Essa disparidade se soma à falta de fiscalização para assegurar o cumprimento das normas legais, transformando as calçadas em um mosaico irregular, frequentemente disputado por acessos de garagem, mobiliário urbano e ocupações indevidas. A arquiteta e urbanista Yara Baiardi defende que a caminhabilidade deve ser entendida como um direito coletivo e não apenas como a responsabilidade individual de manter uma calçada. Para ela, o espaço público começa na porta de casa e deveria ser pensado prioritariamente para o pedestre, com qualidade de piso, inclinação adequada, iluminação e continuidade no desenho urbano. Mas ocorre o contrário, argumenta, as ruas recebem um “tapete vermelho” para os automóveis, enquanto as calçadas são fragmentadas, o que gera desigualdade e precariedade no caminhar. Baiardi critica as normas de acessibilidade que, em vez de priorizarem o pedestre, acabaram por distorcer o uso do espaço público, ao permitir rampas de garagem sobre as calçadas. Para ela, a faixa mínima de 1,20 metro é insuficiente, já que não acomoda nem duas pessoas caminhando lado a lado. A urbanista recorda que, até o início do Século 20, as calçadas brasileiras eram planas e funcionais, mas as adaptações trazidas pelo automóvel comprometeram a mobilidade de pedestres, sobretudo idosos e cadeirantes. Na avaliação da arquiteta, o problema vai além da falta de fiscalização: trata-se de um traço cultural marcado pelo individualismo, em que cada proprietário vê a calçada como extensão privada, não como espaço coletivo. Essa lógica se soma à ausência de políticas públicas consistentes de padronização, diferentemente do que ocorre com o asfalto, que foi uniformizado em praticamente todas as ruas do País. “Todos nós somos pedestres em algum momento da vida. Mas enquanto não compreendermos que cidade se constrói coletivamente, do vizinho ao poder público, continuaremos transferindo responsabilidades”, afirmou. ARBORIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO NA EQUAÇÃO Em uma cidade tropical, a arborização é um elemento central para a caminhabilidade. O consultor empresarial e militante da mobilidade a pé, Francisco Cunha, ressalta que nas condições do Recife “sombra é vida”. Sem cobertura vegetal, caminhar a pé torna-se inviável sob o sol forte. Ele lembrou que mesmo os bairros da Zona Norte, como Espinheiro e Graças, que ainda preservam áreas sombreadas, já sofrem com a redução gradual das árvores. Já a Zona Sul, especialmente Boa Viagem, é “inóspita para a caminhada”, pois com calçadas igualmente maltratadas, apresentam também ausência de arborização. Francisco

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Felipe Mattos 2

"Com a LPUOS, miramos num Recife mais humano, mais resiliente, plural e inclusivo."

Secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, Felipe Mattos, explica as mudanças introduzidas pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Recife, que tramita na Câmara Municipal, fala dos seus benefícios e rebate as críticas de que as novas regras eliminariam as conquistas da Lei dos 12 Bairros. O Recife é a capital do Nordeste que possui menos empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. A grande maioria das unidades construídas pelo MCMV na região metropolitana localizam-se em outros municípios, como Camaragibe e Paulista. Sem condições de adquirir um imóvel na capital pernambucana, muitos recifenses têm mudado de endereço para essas localidades. Esse movimento foi registrado pelo Censo de 2022 que detectou uma redução de 3,17% na população do Recife. A nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo tem como um dos objetivos oferecer às pessoas de baixa renda a condição para adquirir a sonhada casa própria na capital. Em entrevista a Algomais, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Recife, Felipe Matos, explica como a LPUOS vai incentivar a moradia de interesse social na a cidade, fala de outros benefícios proporcionados e rebate as críticas de que a normatização contraria a Lei dos 12 Bairros. Essa lei estabelece condições de uso e ocupação do solo dos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira. Para preservar o patrimônio histórico e paisagístico dessa região, suas regras são mais restritivas em comparação ao restante da cidade. Felipe Matos afirma que a LPUOS estendeu para os demais 82 bairros do Recife os padrões da Lei dos 12 Bairros. “Buscamos ampliar vários desses parâmetros para toda a cidade e preservar muito daquilo que já foi conquistado para essa área”, esclarece o secretário. Antes de falarmos sobre a nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Recife, gostaria que o senhor explicasse os motivos que levaram à sua criação. Primeiro, o Plano Diretor, aprovado em 2021, já estabelece que todo o regramento de uso e ocupação do solo deve ser unificado e hoje no Recife temos três leis, já bem antigas: a Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1996; a Lei de Parcelamento, de 1997 e a Lei dos 12 Bairros, de 2001. Portanto, são leis com quase 30 anos, a mais nova tem 24 anos e estão desatualizadas, inclusive, frente a vários conceitos de urbanismo que passaram a estar em voga, além de estarem desalinhadas com o Plano Diretor. Surge daí a necessidade de atualização e unificação. Quais as principais mudanças trazidas pela nova LPUOS? São muitas. É uma lei de 150 páginas, mais de 200 artigos. Mas podemos estruturar os principais ganhos em cinco eixos. O primeiro deles é a Cidade Para Todos. Isso significa incentivar a habitação de interesse social no Recife, permitir que um potencial construtivo em uma determinada área da Zona Sul seja liberado, desde que seja feito retrofit para habitação e com um bônus, se for habitação social, nos sítios históricos do Centro. Dessa forma, vamos oportunizar a cidade para pessoas de várias rendas. No Recife, o Minha Casa Minha Vida não emplacou. É a capital do Nordeste que menos tem unidades do programa. Em contrapartida, a Região Metropolitana possui muitos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida comprados, muitas vezes, por recifenses que não conseguem acessar esse tipo de habitação ou uma habitação a esse preço na capital. Trata-se de um efeito perverso, porque a residência do Minha Casa Minha Vida que a pessoa de baixa renda do Recife consegue comprar, muitas vezes, está em locais como Guabiraba, Passarinho, que deveriam ter um perfil de área de preservação ambiental. São também territórios muito precários, do ponto de vista de acesso viário e de acesso a serviços. Buscamos fazer com que os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, possam se viabilizar para a população vulnerável, senão em área nobre, mas em bairros como Cordeiro, Iputinga, Imbiribeira, Santo Amaro, São José no entorno da Rua Imperial. Ou seja, locais com infraestrutura, próximo a oportunidades de emprego. O segundo eixo é o Cidade Melhor, no qual buscamos inspiração na Lei dos 12 Bairros, que tem vários parâmetros qualificadores de lote que ampliamos para toda a cidade. Isso significa que os novos empreendimentos não vão poder ter muros fechados, terão que apresentar a faixa de amenização – que é uma faixa de ajardinamento frontal – serão obrigados a fazer alargamento de calçada, vão ser estimulados e em alguns casos até obrigados a implantarem a fachada ativa (edifícios cujo pavimento térreo têm usos comerciais e de serviços). Lotes muito grandes, que tenham frente para duas ruas, terão de criar uma faixa de fruição pública. Talvez o mais famoso exemplo disso no Recife seja o Beco do Estudante, que conecta o antigo Colégio Nóbrega com a Av. Conde da Boa Vista. Do contrário, o pedestre teria que dar uma volta, na altura da Igreja da Soledade, para chegar numa parada de ônibus. O terceiro eixo é o Cidade das Águas. Estamos falando de incorporar os preceitos do Parque Capibaribe – do qual surgiu o Parque das Graças – para toda a cidade. Qual foi a grande dificuldade que tivemos ao implantar o Parque das Graças? Tivemos praticamente que pedir ou negociar com aqueles prédios situados na borda d’água para que recuassem os muros para implantar o parque. Com a nova lei, fica estabelecido que toda construção à margem dos rios com mais de 500 m² de área construída ou com mais de 500 m² de área de terreno terá de ceder a faixa não edificável para a cidade do Recife. Então, no futuro, isso tudo vai estar à disposição para que a prefeitura possa instalar um parque linear, e os cidadãos tenham acesso à borda dos rios. O quarto eixo é o Cidade Preservada, que prevê mais do que triplicar as áreas de preservação de sítio histórico. Saímos de uma condição de cerca de 5 km² para 17 km² de área preservada, chegando

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Patrimônio ameaçado: desafios e estratégias para preservar o Centro Histórico de Olinda

Degradada e sob pressão urbana, a cidade enfrenta uma tendência de esvaziamento populacional no seu centro histórico e a maior necessidade de fiscalização. Em paralelo, iniciativas de restauração e propostas de gestão federal buscam proteger seu patrimônio arquitetônico e cultural. *Por Rafael Dantas “O Sítio Histórico de Olinda tem passado por um processo de degradação acelerada”, alerta o presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, George Cabral. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1982, a cidade reúne um acervo arquitetônico e paisagístico singular, marcado por igrejas e conventos dos séculos 16 e 17, além do casario colonial. No entanto, ela convive com dinâmicas urbanas e mesmo culturais incompatíveis com a sua identidade e com a necessidade de preservação. Apesar de o Centro Histórico de Olinda reunir 1,2 km² tombados, com paisagens marcantes, rica vegetação e a vantagem de estar próximo ao litoral, o turismo local não alcança a mesma vitalidade observada em outros patrimônios da Unesco, como as cidades mineiras de Ouro Preto e Diamantina. Somam-se a isso problemas de violência urbana e poluição sonora, que não apenas afastam visitantes mas, também, comprometem a permanência dos próprios moradores. “Quando a Unesco tombou a Olinda, uma coisa que ficou bem clara na declaração: havia uma conjunção muito interessante do patrimônio construído, do patrimônio vegetal e da população que residia ali, como fazedora de cultura, como gente que animava aquele centro histórico. Mas esses moradores têm sido sistematicamente afastados, porque hoje é praticamente impossível você viver em sossego na cidade”, observa o historiador. George Cabral ressalta que os moradores estão abandonando Olinda em busca de tranquilidade. Eles se queixam da falta de regulação das atividades dos espaços de show que se instalam nos casarões, das prévias carnavalescas que se estendem ao longo de metade do ano e dos roubos. As queixas são relativas à falta de regulação das atividades dos espaços de show que se instalam nos casarões, das prévias carnavalescas que se estendem ao longo de metade do ano, dos roubos, inclusive de cabos de cobre que se conectam às residências. Situações de controle urbano, combinadas com o relaxamento das normas de preservação. Esse conjunto de problemas e a consequente tendência de esvaziamento de moradores amplia as dificuldades de gerir uma cidade centenária, que naturalmente já teria os desafios de captar financiamento para a manutenção dos principais ícones arquitetônicos ou de induzir a conservação dos imóveis pelos seus proprietários. A chefe do Escritório Técnico de Olinda do Iphan-PE, Ana Paula Lins, alerta que qualquer intervenção em imóveis tombados ou no entorno precisa de anuência do instituto, devido à proteção federal na região. Apesar de não tratar o cenário como alarmante, ela considera que há dificuldades em diversas frentes. Ana Paula lista, por exemplo, a falta de uma educação patrimonial dos moradores, a necessidade de definir regras para proteger ruas, igrejas e casario das grandes festas, a exemplo do Carnaval, bem como do reforço da fiscalização. Especialistas alertam para a falta de uma educação patrimonial por parte dos moradores, e para a necessidade de definir regras para proteger ruas, igrejas e casario das grandes festas, a exemplo, do Carnaval, bem como do reforço da fiscalização. “O número de intervenções irregulares cresce numa perspectiva muito maior do que os próprios órgãos podem dar conta, porque o número de funcionários e de técnicos não é suficiente para fiscalizar tudo o que vem acontecendo no Sítio Histórico”, justifica  Ana Paula. A folia do Carnaval e todo o seu ciclo de prévias fazem parte da identidade da cidade, isso é inegável. Porém, o tamanho que a festa alcançou também tem preocupado tanto em relação à preservação do patrimônio da cidade, como à própria integridade física dos brincantes. O assunto já chegou, inclusive, ao Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda. DESAFIOS NA ÓTICA DO PODER MUNICIPAL A Prefeitura de Olinda explica que os principais desafios da gestão desse Sítio Histórico estão relacionados à alta complexidade técnica e financeira. “Muitas obras exigem recursos humanos especializados, materiais específicos e licitações complexas. Há também situações emergenciais, como no caso da Casa 28, interditada, e do Palácio dos Governadores, que demandam intervenções urgentes de coberta, fachadas e instalações”, relata Marília Banholzer, secretária de Patrimônio e Cultura de Olinda. Além da preservação direta dos imóveis, o poder municipal reconhece a dificuldade de lidar com as pressões urbanas da dinâmica local. Ou seja, equilibrar a necessidade de preservação com as demandas cotidianas da cidade, viva e habitada, e que também recebe atividades de massa, como o maior Carnaval de rua do mundo. “Mas estamos enfrentando esses desafios com planejamento, articulações para o uso do Fundo de Preservação, parcerias e até avaliando possibilidades de PPP (parceria público privada) em equipamentos. Isso nos permite avançar apesar das limitações”, explicou a secretária. A Prefeitura de Olinda explica que os principais desafios da gestão do Sítio Histórico estão relacionados à alta complexidade técnica e financeira. Muitas obras exigem recursos humanos especializados, materiais específicos e licitações complexas. A Prefeitura de Olinda informou que estão em andamento um conjunto de ações que envolvem tanto a zeladoria quanto a restauração de imóveis tombados. Entre as iniciativas, estão a recuperação da Praça Laura Nigro, a manutenção do Observatório do Alto da Sé – em parceria com o Governo do Estado –, a instalação de novas placas de sinalização turística e patrimonial, além das tratativas para a colocação de placas maiores. Também estão em fase de licitação e atualização de orçamentos projetos, como o Mercado da Ribeira e o Cine Olinda. A secretária afirma que o patrimônio e a cultura da cidade seguem sendo um importante motor econômico de Olinda, visto que movimenta as pousadas, os restaurantes, os bares, o transporte, bem como o artesanato e toda cadeia da economia criativa. “Cada restauração concluída não é apenas uma vitória da preservação mas, também, uma oportunidade de gerar novos fluxos turísticos, valorizar o comércio local e fortalecer a imagem da cidade no cenário nacional e internacional”, destacou Marília.  INVESTIMENTOS FEDERAIS NA CIDADE Mesmo com as preocupações, há investimentos externos em

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Poder da escuta: Um novo olhar sobre a habitação popular no Recife

Em seminário sobre habitabilidade, lideranças comunitárias, pesquisadores e urbanistas apontam que enfrentar enchentes e desigualdade exige ouvir as periferias, valorizar as singularidades e garantir a continuidade de políticas públicas. *Por Rafael Dantas “Ninguém vai morar em área de risco porque acha bonito. A culpa é de uma estrutura racista que fez com que as pessoas pretas e mais vulnerabilizadas fossem para esses locais”, sentenciou a líder comunitária da Vila Arraes e presidente da Associação Gris Espaço Solidário, Joice Paixão, durante a sua apresentação no II Seminário Recife Cidade Parque – Os Desafios da Habitabilidade no Recife. O evento foi realizado pelo projeto de pesquisa Recife Cidade Parque (fruto de convênio entre a Prefeitura do Recife e a Universidade Federal de Pernambuco) e as secretárias municipais de Habitação e de Desenvolvimento Urbano. A comunidade de Joice é banhada pelo Rio Capibaribe e foi uma das regiões do Recife que mais sofreu com as enchentes de 2022. Algumas casas foram cobertas até o telhado em pouco tempo. Um evento climático extremo, que ela descreve com outras palavras. “A gente passou um inferno. A enchente que levou uma casa inteira, um sofá, uma geladeira, destruiu vidas e levou muitas memórias. As perdas não foram só materiais”. Para a ativista, a discussão sobre moradia precisa estar articulada à adaptação climática territorial, considerando as particularidades geográficas do Recife e a vulnerabilidade social de seus moradores. Acima de tudo, ouvir a população negra e periférica. Ela considera que sem uma mudança estrutural – com governança inclusiva entre poder público, academia, sociedade civil e setor privado – as comunidades continuarão a pagar com vidas as falhas do estado. O cenário tratado por Joice e por quem mora nas periferias da cidade expõe uma necessidade histórica, que só foi agravada com as mudanças climáticas. O problema não é só de habitação, é amplo e envolve vários aspectos da moradia. Um conceito que se tornou conhecido como habitabilidade. “Em sua pesquisa sobre habitabilidade urbana para gestão de ocupações irregulares, defendida em 2007, Cláudia Castro resgata o que Simone Cohen, em seu estudo, concluído em 2004, define como cerne da questão da habitabilidade urbana: a inserção da unidade habitacional no espaço urbano, seja pela infraestrutura, serviços e equipamentos, seja pela inclusão como questão social”, ressalta Lúcia Veras, professora da UFPE e pesquisadora do projeto Recife Cidade Parque. A discussão alerta para a urgência do avanço das políticas urbanas, diante da pressão das mudanças climáticas, e para a insuficiência da maioria das ações, que se restringem à produção de novas unidades habitacionais. Sem planejar o transporte, a conexão com as oportunidades de trabalho, o acesso ao lazer e aos serviços básicos, os dramas vividos pelas populações mais vulneráveis por morar nos lugares mais distantes e com menor infraestrutura não serão resolvidos. No momento em que a capital pernambucana faz um esforço de planejamento de longo prazo, mas com execuções no curto e médio prazo, via o projeto Recife Cidade Parque, o olhar das populações marginalizadas é fundamental. O que o seminário deixou evidente é que quando pesquisadores e agentes públicos envolvidos na causa realizam estudos e planos feitos no escritório, sem a intensa participação popular, eles não contribuem para integrar as duas “cidades” – a formal e a informal –  que habitam no mesmo território, mas têm demandas muito distintas. EXPERIÊNCIA DE SÃO PAULO PARA INSPIRAR O RECIFE "É importante que o projeto de [habitação] valorize as singularidades de cada lugar, [e que seja concebido] dentro de uma visão sistêmica, do ponto de vista da integração desses espaços com o sistema de áreas públicas e da integração desse bairro com os bairros vizinhos e a cidade." - Marcos Boldarini Durante o seminário, o arquiteto e urbanista Marcos Boldarini contou duas experiências exitosas da cidade de São Paulo na regeneração de um território. Tanto o projeto de urbanização do Cantinho do Céu (na Zona Sul de São Paulo), como a intervenção em assentamentos de São Bernardo do Campo, tiveram foco na qualificação de moradias mas, também, uma transformação mais ampla do espaço. No Cantinho do Céu, em São Paulo, um projeto de urbanização transformou uma área de 1,5 milhão de metros quadrados às margens da Represa Billings, beneficiando cerca de 10 mil famílias. A intervenção integrou infraestrutura básica, requalificação de ruas, vielas e escadarias, implantação de transporte aquático e criação de parque linear, áreas de lazer e equipamentos públicos. As soluções foram adaptadas ao relevo e às necessidades da população, com participação comunitária. Nos assentamentos de São Bernardo do Campo, uma intervenção em cerca de 500 mil m² beneficiou aproximadamente 3.300 famílias localizadas em áreas próximas à Represa Billings e à Serra do Mar. O projeto buscou integrar os assentamentos ao restante da cidade, superando barreiras como rodovias e relevo acidentado, enquanto respeitava remanescentes de Mata Atlântica e áreas ambientalmente sensíveis. Foram planejadas melhorias em moradias, espaços públicos e infraestrutura, articuladas com o plano diretor municipal, com foco na inclusão social, conexão com empregos e serviços. “Valorizar as singularidades de cada lugar do ponto de vista do projeto como uma reflexão única para esses locais, evita a ideia da mera reprodução do projeto”, afirmou Boldarini. Ao mesmo tempo, a intervenção deve integrar os desejos dessa população atendida diretamente pelas transformações com os demais contextos da cidade. "É importante que o repertório do projeto considere essas condições dentro de uma visão sistêmica, do ponto de vista da integração desses espaços com o sistema de áreas públicas e também da integração desse bairro com os bairros vizinhos e a cidade", orienta o arquiteto. Experiências que dialogam com as expectativas do Recife Cidade Parque, que busca promover uma ampla transformação na capital pernambucana, com um olhar a partir das suas três principais bacias hidrográficas (dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió) e da frente marinha. Além do parque linear ao longo dos rios, o projeto visa também valorizar os corredores que conectam os cursos d’água da cidade com os espaços verdes. DIRETRIZ E AS PRIORIDADES "Ao pensar nos desafios da habitabilidade do Recife hoje e

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Visita de Lula ao Recife é marcada por greve dos Metroviários contra privatização

Os metroviários de Pernambuco iniciaram uma greve de 24 horas contra a privatização do Metrô do Recife. A paralisação, aprovada em assembleia na Estação Central e organizada pelo Sindmetro-PE, começou às 22h de ontem (13) e seguirá até o mesmo horário desta quinta-feira (14), coincidindo com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital. O movimento, que atende milhares de usuários da Região Metropolitana, defende investimentos públicos urgentes para a recuperação e modernização do sistema. COBRANÇA DA PROMESSA DE CAMPANHA A categoria lembra que, durante a campanha presidencial de 2022, Lula prometeu manter o metrô como serviço público. Para os metroviários, cumprir esse compromisso é essencial para garantir transporte de qualidade e tarifas acessíveis. “Não se trata apenas de uma pauta corporativa. Privatizar o metrô é aumentar tarifas, precarizar o serviço e excluir quem mais precisa dele”, afirmou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE. Outdoors e painéis de LED espalhados por pontos estratégicos de Recife reforçam o recado: “Lula, cumpra sua promessa. Não privatize o metrô do Recife”. ARTICULACÃO POLÍTICA A mobilização conta com o apoio de entidades sindicais como CUT, CTB e CSP-Conlutas, além de movimentos estudantis e populares. O Sindmetro-PE recebeu o apoio do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) nesta semana. O influenciador Jones Manoel (PCBR), a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) foram outras lideranças que já se manifestaram de forma contrária à privatização do sistema. IMPACTOS ESPERADOS O aumento das tarifas para o metrô é um dos principais alertas feitos na campanha. Os dos principais exemplos mencionados pelas lideranças sindicais são os preços do Metrô BH (R$ 5,80), privatizado no apagar das luzes do Governo Bolsonaro, e a Supervia, no Rio de Janeiro (R$ 7,60), que foi concedida na década de 1990.

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CAROL BOXWELL

Iron House e o futuro das cidades: inovação urbana, sustentabilidade e impacto social

Com foco em planejamento integrado e respeito ao território, a empresa propõe uma transformação na Várzea e outros bairros com projetos que aliam urbanismo qualificado, cultura e inclusão social. Criada em 2011 como braço de desenvolvimento urbano do Grupo Cornélio Brennand, a Iron House se destaca nacionalmente por sua atuação estratégica em estados como Pernambuco e Bahia. Com o propósito de promover experiências urbanas inovadoras e integradas, que aliam qualidade de vida, sustentabilidade e conexão com o território, o próximo horizonte da empresa é o bairro da Várzea. Com um compromisso de longo prazo alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a empresa planeja e executa bairros planejados, a exemplo da Reserva do Paiva, que respeitam o meio ambiente e promovem a convivência comunitária. Planejamento urbano e revitalização cultural na Várzea No Recife, a atuação da Iron House na Várzea tem ampliado o impacto social e ambiental da corporação no Estado. O principal empreendimento em andamento é a restauração do galpão da antiga fábrica da Cinzano, que se transforma em um polo de cultura, empreendedorismo e impacto social. Desde 2024, o entorno do galpão tem abrigado o projeto Nosso Quintal, espaço de convivência e efervescência cultural com programação gratuita de exposições, oficinas, cinema ao ar livre e feiras criativas. Essa iniciativa integra a memória histórica do bairro com o desenvolvimento de novas oportunidades para a comunidade local. “Nosso compromisso é muito grande com esse ambiente, não só com a mata, mas com toda a robustez do território e da comunidade", afirma a CEO Carol Boxwell Conexão histórica com a Várzea A escolha da Várzea como foco estratégico para diversos projetos da Iron House não acontece por acaso. É nesse bairro que teve origem o Grupo Cornélio Brennand, e onde se encontra a emblemática Casa de Ferro, construção do século XIX que simboliza a história da empresa. Com mais de 600 hectares de mata preservada, a Várzea abriga uma rica diversidade cultural e instituições renomadas, como a Oficina Francisco Brennand e o Instituto Ricardo Brennand. Esse território traduz o compromisso da Iron House com o desenvolvimento de cidades mais humanas, sustentáveis e profundamente conectadas à sua identidade. “A gente quer conectar tudo que existe de bom, contribuindo para a melhoria do urbanismo, dos espaços públicos, trazendo praças, parques, calçadas sombreadas, lugares para as pessoas. Nosso compromisso é muito grande com esse ambiente, com a mata, com o território, com a comunidade que já existe", afirma Carol Boxwell Educação, regeneração ambiental e inclusão social A empresa desenvolveu programas sociais e ambientais inovadores, como o Territórios Regenerativos, que apoia projetos de impacto socioambiental, e o Programa Evoluir, em parceria com a edutech Alicerce Educação, oferecendo reforço escolar para 80 crianças e jovens da Várzea. Algumas iniciativas que nasceram desses projetos irão ocupar o galpão que está sendo reformado para oferecer ações educacionais e culturais em benefício da comunidade. Complementando esses esforços, a empresa tem investido na preservação ambiental com ações como a implantação da primeira microfloresta urbana da Heineken no Nordeste, fortalecendo a biodiversidade local e melhorando a qualidade de vida no entorno urbano. "O nosso trabalho é um planejamento urbano que traz infraestrutura e atrativos para as pessoas se encontrarem, se conectarem. A intenção é que elas usem esses espaços públicos, estejam nas praças, nos parques, caminhando, vivendo o Recife. Queremos promover essa vivência, criar sinergia entre os empreendimentos e esses espaços, com responsabilidade e compromisso, sempre revisitando e ajustando o planejamento, porque as cidades são organismos vivos e dinâmicos", explica Carol Boxwell Infraestrutura qualificada e compromisso com o urbanismo Além das ações culturais e sociais, a Iron House assume a responsabilidade de melhorar a infraestrutura local. “Construímos uma nova rotatória na Várzea, que reorganizou o fluxo de caminhões e melhorou a mobilidade local, contribuindo com segurança, fluidez e qualidade para o dia a dia da população”, destacou a executiva. A iniciativa foi doada ao poder público e destaca o compromisso da empresa com práticas urbanísticas que valorizam o espaço público, a sustentabilidade e o bem-estar coletivo. Números e destaques da Iron House

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RECIFE.PUZZLE

Fragmentação urbana: o maior obstáculo para cidades justas e sustentáveis

*Por Mariana Pontes A urbanização desordenada e excludente se consolidou como um dos principais retratos da desigualdade social nas cidades brasileiras. A ausência de infraestrutura básica, a vulnerabilidade ambiental e o colapso dos sistemas urbanos são consequências da ausência de um planejamento integrado que, além de articular as políticas, deve integrar os desejos e necessidades da população. Segundo o Relatório de Riscos Climáticos da ONU (2022), as cidades que ignoram soluções integradas e a escuta ativa da população tendem a aprofundar suas desigualdades sociais e ambientais. Ainda assim, o Brasil insiste em repetir práticas baseadas em interesses de curto prazo, sem articulação entre setores e com pouca visão de futuro. Essa lógica reducionista, que trata o planejamento urbano como um processo técnico isolado, enfraquece a capacidade transformadora das políticas públicas. No entanto, algumas experiências demonstram que é possível fazer diferente. No Recife, por exemplo, desde 2015 o pensamento do planejamento integrado de longo prazo tem orientado políticas públicas estruturantes da cidade. O Plano Recife 500 Anos se configura como uma bússola que direciona políticas e ações para a construção do futuro desejado. Assim, antecipar esse futuro por meio de processos de criação coletiva é fundamental e urgente nas cidades. Exemplos como a implantação de espaços públicos voltados à primeira infância, que combinam urbanismo, educação e cuidado, só foram possíveis a partir de escutas comunitárias, articulação intersetorial e prototipação de soluções. Da mesma forma, projetos que utilizam infraestrutura verde para tratar águas de esgoto em áreas alagadas, como os jardins filtrantes, revelam o potencial de iniciativas que aliam sustentabilidade, requalificação urbana e educação ambiental. Essas ações, construídas a partir da inteligência coletiva e da colaboração entre diversos atores, mostram que o caminho da inovação urbana exige mais participação e menos verticalidade. Superar o ciclo de intervenções paliativas requer romper com estruturas institucionais rígidas e ineficientes. É necessário instituir processos participativos permanentes, fomentar a escuta como ferramenta de planejamento. Planejar cidades para o futuro significa transformar profundamente a forma de relacionamento dos habitantes com o espaço urbano. Isso implica reconhecer os territórios e as pessoas que os habitam como protagonistas, compreender suas dinâmicas e articular saberes diversos na construção de soluções duradouras. Não basta pensar o urbano a partir de diagnósticos frios, é preciso agir com coragem, testar novas abordagens e aprender com os erros e acertos da prática. Portanto, o Brasil só terá cidades mais justas, resilientes e sustentáveis quando a lógica do planejamento deixar de ser fragmentada e se tornar integradora, coletiva e orientada para o bem comum. É tempo de abandonar as fórmulas prontas e abraçar o desafio de reconstruir nossas cidades com escuta ativa, participação efetiva e inovação real. O futuro urbano que queremos precisa começar agora, e ele deve ser construído por muitas mãos. *Mariana Pontes é diretora-presidente da Áries

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