Em meio às complicações que o ‘Zika Vírus’ tem causado, uma tem gerado bastante apreensão na população, devido a sua gravidade de sintomas: Trata-se da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) – doença inflamatória do sistema nervoso central, caracterizada pela desmielinização (perda da bainha de mielina) dos nervos periféricos, que causa fraqueza muscular e paralisia de membros.
Como explica o neurocirurgião funcional Dr. Claudio Fernandes Corrêa, a Síndrome, também denominada Polirradiculoneuropatia aguda já existe há muitos anos, independentemente do Zica Vírus, não tendo até hoje sua origem definida. A doença gera um déficit motor progressivo, comprometendo a atividade motora e funcional do indivíduo. “O quadro começa a se manifestar por formigamento nos pés e pernas, com sensação de caráter ascendente, ou seja, vai subindo para os joelhos, coxas, mãos e braços. Conforme a doença vai evoluindo, a fraqueza pode atingir o tronco, braços, pescoço e afetar os músculos da face, da orofaringe, da respiração e da deglutição”.
O comprometimento dos nervos periféricos pode produzir também sintomas relacionados com o sistema nervoso autônomo, como taquicardia, oscilações na pressão arterial, anormalidades na sudorese, no funcionamento dos intestinos e da bexiga, no controle dos esfíncteres e disfunção pulmonar. Os sintomas regridem no sentido inverso ao que começaram, isto é, de cima para baixo, explica Dr. Claudio.
A relação da doença agora com o Zika Vírus se deu com a identificação do seu acometimento por diversas pessoas que haviam contraído o Zika, a partir do contagio pelo mosquito Aedes Aegypiti, o que leva a hipótese de que o vírus desenvolva o mesmo mecanismo de atingimento do sistema nervoso.
Dr. Claudio esclarece que o prognóstico da Síndrome de Guillian-Barré é variável. “Até os 18 meses pode ocorrer melhora clínica, eletrofisiológica e funcional, sendo que muitos pacientes melhoram nos três primeiros meses da doença. Em outras situações, mais complexas, o paciente pode ser submetido à UTI, necessitando de assistência mecânica ventilatória, podendo ser vítima de complicações e vir a óbito”.
Por isso, o diagnóstico precoce é essencial para ajudar que a doença não evolua rapidamente. O exame do liquor (LCR), eletroneuromiografia dos quatro membros e demais exames neurofisiológicos auxiliam na identificação da doença.
Tratamentos – Nas primeiras semanas da doença, conhecida como fase aguda, o tratamento é a administração endovenosa de imunoglobulinas. “Quando afeta o diafragma, levando a insuficiência respiratória, o que ocorre em 10 a 30 % dos casos, é importante que o paciente permaneça na UTI”. Além disso, é fundamental que haja um tratamento fisioterápico com movimentação passiva das articulações durante o período que precede a recuperação funcional do paciente. Numa fase mais posterior, o reforço muscular é obrigatório.
Por último, Dr. Claudio faz o alerta de que a Síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica, sendo que o doente precisa de atendimento emergencial e internação hospitalar já na fase inicial da enfermidade. “A qualquer sintoma, um médico deve ser procurado o quanto antes”.
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