Discutir a qualidade de vida das cidades pernambucanas é uma das pautas mais frequentes da Algomais. Urbanismo sustentável, mobilidade e calçadas são alguns dos caminhos nos quais a revista já percorreu, fomentando um debate a partir das suas páginas. Agora a discussão ganhou um novo formato com o CAM – Cidades Algomais, projeto realizado em parceria com a Agência Mova – Live Marketing. A iniciativa consiste numa série de eventos que tem a proposta de debater questões da vida urbana sob a ótica de práticas bem-sucedidas.
A estreia do projeto aconteceu em Caruaru, que está entre os cinco municípios mais produtivos e populosos de Pernambuco. Foram palestrantes o consultor da TGI e militante por cidades caminháveis, Francisco Cunha; o fundador do aplicativo Colab, Gustavo Maia; e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra. Sustentabilidade, tecnologia e gestão pública e do território estiveram entre os temas debatidos. O evento atraiu uma plateia composta por empresários, acadêmicos, universitários, representantes de movimentos sociais, membros da gestão pública e jornalistas de diversos veículos.
Francisco Cunha abordou as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros para caminhar pelas ruas e calçadas do País. “As cidades brasileiras foram planejadas para os carros, mas elas precisam ser caminháveis, pois todos somos pedestres”. A avaliação do consultor traz questões que se relacionam com o impacto que esse modelo tem para qualidade de vida, para a segurança dos cidadãos e para a ocupação dos espaços públicos.
O modelo “carrocrata” da maioria dos municípios brasileiros, segundo Francisco Cunha, é consolidado pelo desconhecimento que o pedestre tem dos seus direitos e pelo fato de que as instâncias públicas para cuidar da mobilidade são, na verdade, apenas órgãos de trânsito. Esse retrato contrasta com as experiências de países com melhor qualidade de vida. “As cidades desenvolvidas no mundo priorizam a caminhabilidade”.
O engajamento da sociedade na construção de espaços urbanos mais saudáveis tem sido observado no mundo inteiro. Uma tendência que estimulou a criação do Colab, um aplicativo por meio do qual o cidadão participa da tomada de decisão do município. A tecnologia hoje está presente em 150 prefeituras e já registrou 85 mil fiscalizações no Brasil. “Nossa proposta é transformar a sociedade de dentro do governo, ajudando-o a fazer um País melhor para o cidadão e com o cidadão”, explica Gustavo Maia, fundador do Colab.
O intuito, segundo Maia, não é denunciar os problemas das cidades, mas gerar uma fiscalização que traga soluções. “Como uma rede social, os cidadãos passam a se relacionar com a prefeitura, como se fosse com seus amigos. E a partir dessa comunicação passam também a participar da tomada de decisão dos temas relevantes para a cidade”, explicou. O aplicativo já faz enquetes sobre a aplicação de investimentos públicos e até mesmo para escolha de bandas em eventos.
Participação popular também está na linha de atuação da prefeita de Caruaru Raquel Lyra. No evento, ela apresentou os fóruns criados para a atuação dos cidadãos, como o projeto Mobiliza Caruaru (que promove escutas comunitárias com diversos segmentos da população rural e urbana). “Não adianta termos apenas uma orientação dos acadêmicos nas nossas decisões.Precisamos ter a legitimidade e o sentimento da nossa gente no nosso trabalho”, afirma.
Um dos destaques do discurso de Raquel foi a sua análise sobre as diferentes regiões que compõem a cidade. “Nosso desafio não é olhar a cidade apenas a partir da Av. Agamenon Magalhães (uma das mais modernas do município), mas observar a realidade e as necessidades da periferia e do meio rural. A partir desse pensamento desenvolvemos uma gestão orientada por territórios”, explica. A prefeita também apresentou instrumentos de gestão para dar eficiência nas suas ações, a exemplo do monitoramento estratégico e do comitê de gestão financeira,
Para o diretor-executivo da Algomais Ricardo de Almeida, a estreia do CAM foi um sucesso. “Mostramos iniciativas bem-sucedidas de gestão urbana, com conteúdos que atraíram um público qualificado”, analisa. Até o final do ano o projeto seguirá por outros municípios. “Buscamos referências de ideias e iniciativas que estão revolucionando a forma como pensamos o mundo. São casos locais e globais que vão estimular nossos gestores e cidadãos a otimizar a experiência urbana”, afirma Lula Pessoa de Mello, sócio da Mova.