*Por Houldine Nascimento
No posto desde setembro de 2011, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, saiu em defesa de Marco Polo Del Nero, suspenso do comando da CBF e de qualquer atividade relacionada ao futebol por 90 dias graças a uma decisão do Comitê de Ética da Fifa.
Indiciado por corrupção pela Justiça dos EUA em 2015, Del Nero evita desde então viajar para fora do Brasil para evitar uma eventual prisão. Apesar de todas as evidências, a última delas aponta que o presidente afastado da CBF teria recebido 6,5 milhões de dólares em propinas para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos de transmissão de TV, o atual gestor da FPF decidiu defender aquele a quem chama de “amigo”.
Uma nota oficial foi lançada na última sexta-feira (15), no site da FPF, em “solidariedade a Marco Polo Del Nero”. Ainda segundo o texto, “nenhum movimento contrário ao presidente da CBF deve ser realizado, já que essa decisão é injustificável e trata-se de uma manobra política da FIFA com o intuito de interferir no processo eleitoral da CBF”.
Evandro Carvalho conclui ratificando sua fidelidade a Del Nero, que nada faz pelo futebol do Estado. “Pernambuco mantém um alinhamento e sua integral participação junto ao presidente Marco Polo Del Nero”, declara.
Provavelmente, é a única federação de futebol do País que defendeu com veemência o presidente suspenso da CBF. Nem mesmo a Federação Paraense de Futebol, sob a liderança do coronel Nunes, quem hoje substitui Del Nero na CBF, teve essa ousadia.
Neste domingo (17), em entrevista à Rádio Jornal, Carvalho insistiu que não há provas contra Del Nero. “Será que todos os integrantes do FBI, do Poder Judiciário e da Procuradoria de Nova York se transformaram em profissionais incompetentes e não conseguiram localizar, repatriar esses milhões que dizem que o presidente Marco Polo recebeu?”
Não surpreende que o futebol pernambucano esteja agonizando, com dois clubes tradicionais como Náutico e Santa Cruz amargando a Terceira Divisão Nacional e as equipes do interior numa situação ainda pior.
Também não surpreende por que o Campeonato Pernambucano seja pobre tecnicamente, tenha a maioria das partidas esvaziada e consequente média de público ridícula: em 2017, foram 1.645 pagantes por jogo e média de ocupação dos estádios de somente 8%.
Nunca é demais lembrar que o mesmo Evandro Carvalho, poucos meses após assumir a FPF, disse querer que Pernambuco “conquiste o inédito título da Série A”, ignorando o Campeonato Brasileiro de 1987 do Sport. E foi além ao ser perguntado a respeito: “Quero um título brasileiro de verdade e não um por causa de erro de regulamento.”
No mínimo assustador.
*Houldine Nascimento é jornalista.